sexta-feira, 20 de maio de 2011

Melhores cenas de despedida do cinema - Parte 1

Talvez esse post pudesse ser chamado de Melhores cenas de partidas ou de separação, uma vez que a palavra "despedida" traz um sentimento de aceitação do adeus que nem sempre é verdadeira. O adeus, muitas vezes, é forçado pelas circunstâncias e incompreendido pelas partes que se separam e, muitas vezes, não é verbalizado formalmente: ele pode estar no olhar ou na simples partida. O cinema já nos presenteou com diversas cenas de separação e, como não poderia deixar de ser, resolvi fazer uma das minhas infamadas listas com algumas das cenas que eu amo. 

Gosto de um poema de Elizabeth Bishop (que conheci coincidentemente em um filme, "Em seu Lugar") que fala da arte de perder, e que, para mim, revela um pouco o que é se separar de alguém. A tristeza e melancolia se encontram revestidas pela aceitação da perda, leia: 

Uma Arte

A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. 

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério. 

Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério. 

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério. 

Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. 

Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério. 

Do mais atual para o mais antigo, temos:


1 - Toy Story 3 - 2010

A despedida de Andy e de seus brinquedos
Toy Story 3 tem pelo menos duas cenas que são extremamente marcantes para mim. A primeira é a aquela em que os brinquedos enfrentam a morte/destruição face a uma incineradora. A outra é esta maravilhosa cena final, em que Andy deve se despedir de seus brinquedos, doando-os a uma menininha, em um lindo ato de solidariedade. É uma cena que representa também a despedida da infância, o fim de uma fase e o início de uma outra etapa na vida do personagem.


2 - Encontros e desenconcontros (Lost in translation) - 2003

O que Bill Murray falou a Scarlett Johansson na hora da despedida?

Encontros e desencontros fala de duas "solidões" que se encontram no Japão. Deste encontro, nasce um sentimento muito forte. Sofia Coppola, em um lance de mestre, nos priva das últimas palavras que Bob (Murray) cochicha no ouvido de Charlotte (Johansson). Daí a ambiguidade da despedida, nunca saberemos se do cochicho saiu uma promessa de reencontro. A música "Just like Honey" ainda deixa a cena mais mais bonita.



3 - Central do Brasil - 1998

Isadora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius de Oliveira)

A cena da separação de Isadora e Josué, neste belo filme de Walter Salles, é um dos momentos mais tocantes do nosso cinema. Ao longo deste road movie, vemos a construção da relação dos dois personagens. A separação deles é emocionante para o espectador que se deixa apaixonar pela história de dois indivíduos unidos pelo acaso. 



4 - As pontes de Madison (The Bridges of Madison Count) - 1995 

Meryl Streep e sua dúvida: "Vou com Clint Eastwood ou fico com meu marido?"
Uma das maiores cenas de dúvida do cinema. Francesca (Streep) deve tomar em poucos minutos uma decisão que vai mudar o resto da sua vida: ou ela permanece em sua cidadezinha com seu marido, ou ela parte com o fotógrafo Robert (Clint Eastwood) com quem teve um breve e intenso caso de amor. A cena é magistralmente escrita e se passa em um carro, enquanto chove. A dramaticidade deste momento encontra-se na urgência da decisão e no medo do arrenpendimento. A atuação de Streep contribui para que essa seja uma cena de despedida inesquecível.




5 - E.T. - O extraterrestre (E.T.: The Extra-Terrestria) - 1982 

O abraço de despedida entre o E.T. e Elliott






Após sua experiência na Terra com Elliott e sua irmãzinha, E.T. deve voltar a seu planeta. Ao som da maravilhosa trilha sonora de John Williams, acompanhamos a despedida desses melhores amigos. Enfim, esta clássica cena  dispensa comentários! 


 6 - Pollyanna - 1960


A estrela-mirim Hayley Mills
A versão cinematográfica de 1960, do livro homônimo de grande sucesso, não é  lembrada hoje em dia. A história açucarada da menina alegre, que sempre procurava ver o lado bom das coisas, foi transposto neste filme fofo da Disney.  Ao final da história, Pollyanna sofre um acidente e perde a capacidade de andar. Toda a cidade vem, então, a sua casa para mostrar solidariedade e se despedir da menina que será levada para um hospital, para o seu tratamento. Uma cena emocionante, digna de boas lágrimas. 


7 - Casablanca - 1942



Bogart e Bergmam
Talvez esta seja a cena mais romântica do cinema e uma das mais belas despedidas. Rick Blaine (Humphrey Bogart), abnegado, pede para Ilsa (Ingrid Bergman) partir com seu marido, grande herói da resistência nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, para quem ela pode dar o apoio necessário na luta contra o nazismo. E para completar a magia da cena (neste filme recheado de grandes frases), Rick diz: "Sempre teremos Paris". 


8 -  As vinhas da ira (The grapes of wrath) - 1940


Jane Darwell e Henry Fonda - despedida de mãe e filho

Baseado na clássica obra homônima do escritor americano John Steinbeck, este filme de John Ford é um poderoso retrato dos Estados Unidos na época da grande depressão.  Ao final do filme, Tom Joad (Fonda), o protagonista, decide se engajar na luta pelos direitos sociais. Ele, que já é um ex-condenado, deve então viver como um fora-da-lei e, para a segurança da sua família, deve abandoná-la. A cena em que ele se despede da sua mãe, interpretada por Jane Darwell, é maravilhosa e o pequeno monólogo do personagem é belíssimo. 




9 - E o vento levou... (Gone with the wind) - 1939


Scarlett e Rett: uma despedida com gosto de "pé na bunda"
O filme mais famoso de todos os tempos, também tem uma das melhores cenas de despedida. Rett Butler (Clark Gable) cansado da temperamental Scarlett (Vivien Leigh), resolve pôr um fim no relacionamento dos dois, justo no momento em que ela descobre que o ama. Toda a cena é fantástica, pois Scarlett acostumada a conseguir tudo o que quer, implora para ele ficar de todas as maneiras possíveis, até ouvir a frase: "Frankly my dear, I d'ont give a damn!". Alguns ficam com pena da grande (anti)heroína, outros acham que Rett aguentou até demais. Por fim, algo é certo: esta é a maior separação do cinema, apesar de Scarlett jurar que vai reconquistá-lo. 





Veja as outras listas do Clube do Filme:


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http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/03/os-melhores-beijos-do-cinema-parte-1.html


2 comentários:

  1. Excelente esse post! Encontros e desencontros e As vinhas da ira são meus próximos filmes para ver com urgência! Parabéns e continue mandando mais coisas interessantes....

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  2. As despedidas de "Casablanca" e de "E O Vento Levou" não poderiam faltar.

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