quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Sangue Frio - 1967

Título original: In Cold Blood
Lançamento: 1967 
País: EUA
Direção: Richard Brooks
Atores: Robert Blake, Scott Wilson, John Forsythe, Paul Stewart.
Duração: 134 min 
Gênero: Policial

"Achei o Sr. Clutter un sujeito muito bacana. Achei isso até o momento em que cortei a garganta dele." 

Perry (Robert Blake) e Dick (Scott Wilson)


Perry Smith. Assassino. Nascido em 1928. Morto por enforcamento em 1965, aos 36 anos. Metade irlandês, metade índio. Três irmãos. Dois deles cometeram suicídio. A mãe, alcoólatra, morreu quando ele tinha 13 anos. Sofreu violência doméstica enquanto viveu com o pai. Passou por mais de um orfanato. Serviu na Guerra da Coréia. Desde um grave acidente até o fim da vida, sofreu severas dores nas pernas. Manco. Viciado em aspirina. Apesar de ter cursado apenas até a terceira série, tinha um grande interesse por arte. Escrevia poemas e desenhava. Assumiu ter matado os quatro membros da família Clutter: a mãe, o pai, o filho e a filha. Motivo: roubo. Quantia obtida: 40 dólares. Seu parceiro de crime: Dick Hickock (também enforcado em 1965). Fortes indícios revelam que Perry manteve um relacionamento amoroso com o escritor Truman Capote, após a prisão do assassino. Perry Smith: uma tragédia anunciada; uma vida cinematográfica. 

O brutal assassinato da família Clutter despertou o interesse do escritor Truman Capote que, a partir de dados da investigação da polícia, de sua própria investigação e de entrevistas com os assassinos, escreveu o romance A Sangue Frio, publicado em 1966. A obra de Capote é pioneira do romance de não-ficção. Um ano após a publicação do livro, foi lançado o filme, de mesmo nome, dirigido por Richard Brooks, adaptação fiel do romance. Dois outros filmes sobre o assunto foram produzidos, assim como uma minissérie. 

O diretor e roteirista Richard Brooks tem no currículo os clássicos Gata em Teto de Zinco Quente (1958) e Entre Deus e o Pecado (1960). Sua adaptação para o romance de Capote é sua obra-prima, seu maior legado para o cinema. Brooks se apropria de uma obra revolucionária da literatura americana, que relata um assassinato que chocou os Estados Unidos, uma ferida ainda não cicatrizada na época, e realiza um filme que desafia a categorização em gêneros. A Sangue Frio é um drama psicológico, um thriller angustiante, um filme policial, um road movie, um filme de terror, um drama de tribunal, que ainda conta com ares de filme noir.

O longa-metragem acompanha a dupla de assassinos desde o planejamento do crime até a execução dos mesmos em 1965. O trajeto de fuga dos protagonistas é intercalado com a investigação da polícia, liderada pelo detetive Alvin Dewey (John Forsythe) e com alguns flashbacks, sendo o mais importante aquele que revela os detalhes do crime. Assim como ocorre no livro, existe um interesse mais acentuado por Perry Smith (Robert Blake) do que pelo seu parceiro Dick Hicock (Scott Wilson). 

Brooks acerta ao dar a Smith, um caráter complexo. O diretor/roteirista pinta o personagem como um homem perturbado pelo passado, atormentado pelos traumas de infância. Em alguns momentos, o personagem se aproxima da figura do louco, em outros, ele se comporta como uma criança ingênua. No entanto, não são criadas justificativas para os atos de Perry. Ele pode ser fruto de uma infância problemática, mas é plenamente consciente de seus atos, sendo capaz de refletir sobre sua própria história e sobre o crime. Não há como negar o instinto assassino do personagem, capaz, no entanto, de ações nobres como a de evitar que Dick estupre a filha Clutter, pouco antes de assassiná-la ele mesmo. Ambíguo, Perry Smith pode ser definido como um doce monstro. Não é de se espantar que o público crie uma empatia com o personagem. E, chocado, o espectador pode perceber que torce por ele.

Cena do filme: a captura dos assassinos

A afetividade encontrada na caracterização de Perry, não é vista em Dick, que não deixa de ser um personagem extremamente interessante. Charmoso, falso, irresponsável, insensível e ambicioso, Dick é um sujeito que, aparentemente, não é dotado de culpa e que tem grande facilidade em mentir. Ao contrário de Perry, não existe nenhum trauma que explique o comportamento do personagem e suas motivações são reduzidas ao desejo de enriquecimento fácil. É interessante notar a maneira com a qual a relação de Perry e Dick é retratada. Existe uma homoafetividade explícita na maneira com a qual os dois se relacionam. A questão da sexualidade é, por sinal, algo que é mostrado de maneira muito sutil pelo filme, mas que não deixa de ser um elemento importante na construção dos personagens. Dick é um homem extremamente sexualizado, que tem um interesse particular por adolescentes. Já para Perry, o sexo parece ser uma questão muito mais complicada, algo muito mal resolvido em sua vida. 

O brilhantismo do filme não se concentra, no entanto, apenas na construção dos personagens. Com o auxílio de uma belíssima fotografia em preto-e-branco, Richard Brooks cria uma aura de suspense e de tensão que muito se aproxima do cinema noir. A fantástica utilização do contraste entre luz e sombra, parece representar a própria dualidade do protagonista, como nos planos em que o rosto do personagem encontra-se metade iluminado e metade na escuridão. A própria maneira com a qual o Perry Smith nos é apresentada (através de suas botas), nos remete àquelas dos vilões dos clássicos O terceiro homem (1949) e O mensageiro do Diabo (1955). Além disso, Brooks nos presenteia com cenas de um lirismo e sensibilidade únicos, como aquela em que o reflexo da chuva na janela parece formar lágrimas no rosto de Perry. A escolha de filmar nos locais onde a história efetivamente se passou, como na casa onde o crime foi cometido, confere à produção um realismo mórbido.

Somando-se à elegância e ao lirismo da direção Brooks, temos as ótimas performances da dupla de atores principal, assim como a de todos os atores secundários. Destaque deve ser feito a Robert Blake que, em seu maior momento no cinema, nos oferece uma atuação inesquecível. Detalhe curioso é que o ator, popularizado pelo seu trabalho na televisão americana, na série Baretta, foi acusado de assassinar sua mulher em 2005. Após um julgamento polêmico, ele foi absolvido. 

A Sangue Frio discute até onde existe uma justificativa para os atos violentos cometidos pelo ser humano. Será que a maldade precisa de uma razão para ser liberada? Como é possível que pessoas sãs possam cometer atos insanos? A Sangue Frio é uma obra-prima do cinema que faz jus ao magnífico romance de Truman Capote e que merece ser relembrada.


Perry Smith (Robert Blake) na bela cena final do filme




quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Natal no Clube do Filme

O Clube do Filme faz a seleção dos 10 filmes que mais expressam o espírito natalino. 

Confira a lista e participe da nossa Promoção de Natal pelo twitter. 

Siga o @clubedofilmeleo e RT a mensagem: "Natal no Clube do Filme - Siga o @clubedofilmeleo, RT esta msg e concorra ao dvd do clássico 'A Doce Vida'. Resultado no dia 24/12 às 12h."

1 – A felicidade não se compra (It's A Wonderful Life) – 1946  / Dir. Frank Capra


2 – De ilusão também se vive (Miracle On 34th Street) – 1947 / Dir. George Seaton


3 – Natal Branco (White Christmas) – 1954 / Dir. Michael Curtiz


4 – Agora seremos felizes (Meet Me in St. Louis) – 1944 / Dir. Vincente Minnelli


5 – Uma história de Natal (A Christmas Story) – 1983 / Dir. Bob Clark


6 – Simplesmente amor (Love Actually) – 2003 / Dir. Richard Curtis


7 – Esqueceram de mim (Home Alone) – 1990 / Dir. Chris Columbus


8 –  O Grinch (How the Grinch Stole Christmas ) – 2000 / Dir. Ron Howard


9 – Um Herói de Brinquedo (Jingle All the Way) – 1996 / Dir. Brian Levant


10 – Papai Noel às avessas (Bad Santa) – 2003 / Dir. Terry Zwigoff



FELIZ NATAL!!!


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Precisamos falar sobre Kevin - 2011

Título original: We need to talk about Kevin
Lançamento: 2011
País: Inglaterra, Estados Unidos
Diretor: Lynne Ramsay
Atores: Tilda SwintonJohn C. Reilly, Ezra Miller e Jasper Newell
Gênero: Drama

Tilda Swinton protagoniza Precisamos falar sobre Kevin


Precisamos falar sobre Kevin é o terceiro longa-metragem de Lynne Ramsay. Assim como Andrea Arnold, de  Fish Tank (2009), Ramsay é uma diretora inglesa, com uma filmografia ainda curta, mas bastante respeitável. Seus dois filmes anteriores, Ratcatcher (1999) e Movern Callar (2002) receberam diversos elogios da crítica e foram lembrados em algumas premiações importantes, como o BAFTA. Neste ano, a diretora voltou com tudo, após um hiato de 9 anos desde o seu último projeto no cinema. Seu filme, Precisamos falar sobre Kevin é a adaptação do romance de mesmo nome da escritora americana Lionel Shriver, publicado em 2003. O filme é protagonizado por Tilda Swinton, recentemente indicada, por este trabalho, ao Globo de Ouro e ao SAG de Melhor Atriz. A já oscarizada atriz inglesa é uma das favoritas ao Oscar 2012. 

O filme conta a história ficcional de um massacre realizado numa escola americana sob a perspectiva da mãe do adolescente assassino. O longa-metragem se inicia com um travelling em direção a uma janela, culminando em uma impactante tomada em plongée, que revela uma multidão de pessoas se atracando, imersas em um líquido vermelho. A janela, com seu balançar de cortina fantasmagórico, é o portal para uma outra temporalidade. A imagem dos corpos se assemelha a uma pintura apocalíptica. Trata-se, na verdade, da Tomatina, popular festa espanhola, que consiste no arremesso de tomate entre as pessoas. A alegria das mesmas contrasta com a aura de pesadelo da cena. No meio da multidão, aparece Eve (Tilda Swinton) que, em certo momento, se encontra mergulhada no suco vermelho do tomate. 
Nesta impressionante primeira sequência, Ramsay já estabelece alguns dos artifícios que utilizará ao longo do filme, a começar pela passagem fluida entre diferentes temporalidades. O longa-metragem é construído em uma alternância constante entre passado e presente, que visa reconstituir a relação de Eve e seu filho Kevin, desde a gestação, assim como mostrar a realidade da mãe após a tragédia. O uso dos flashbacks não é, no entanto, regular. Se no início da trama, temos um equilíbrio entre passado e presente, já a partir da metade do filme, temos uma clara predominância do passado. Outra estratégia do longa, lançada nesta primeira sequência, é a utilização do vermelho. O filme faz um uso magistral desta cor, que é carregada de uma força simbólica impressionante. A óbvia relação entre o vermelho e o sangue, revela a culpa da Eve pelos atos do filho. O vermelho/sangue é uma mancha perene na vida da personagem. 
Caracterizar a relação de Eve e Kevin como complexa é, ao mesmo tempo, um eufemismo e uma redundância. Durante a gestação vemos o desconforto de Eve e sua infelicidade com a gravidez. Após o nascimento do garoto, percebemos o semblante mortificado de Eve, como se a criança fosse indesejada, o que contrasta com a felicidade do pai. Desde bebê, Kevin parece ser dotado de um talento único para atormentar sua mãe (vingança por não ter sido desejado?). Eve é uma mulher do mundo, o que é mostrado, por exemplo, pelo fato dela fazer um quarto decorado apenas com mapas. O casamento e o nascimento do filho a obrigaram a se fixar em um só lugar. Talvez sua frustração tenha atingido de alguma forma a criança. Esta seria uma forma de explicar o instinto maligno de Kevin. O filme, no entanto, nos permite também acreditar que o menino seja, simplesmente, um ser cuja maldade carece de motivos. Um tipo de personagem de filme de terror, uma criança maldita. 

Ramsay também insiste na identificação entre Eve e Kevin. A diretora explora brilhantemente a semelhança física entre eles. Existe, no entanto, algo que une esses dois personagens e que ultrapassa a aparência. Eve é a única pessoa capaz de enxergar em Kevin o monstro que ele efetivamente é. Mas será que existe algo de monstruoso nela também? Ela se mostra capaz de suas pequenas doses de maldade, como nos é mostrado no filme. E não é completamente absurdo afirmar que, provavelmente, a única pessoa que Kevin ame de verdade seja a mãe e que tudo o que ele fez e faz seja para chamar a atenção dela. 
Tilda Swinton é, sem dúvida, uma das atrizes mais interessantes do cinema atual. Ela se destaca tanto por sua aparência incomum, quanto pelo seu imenso talento e mesmo pelos projetos que escolhe. Em mais uma atuação brilhante, Swinton nos comunica toda a culpa, a inadaptação, a incompreensão e o sofrimento de sua personagem. Não é uma performance explosiva, pelo contrário, trata-se de uma atuação contida, silenciosa, que, no entanto, faz ecoar a humanidade de Eve. A força do olhar e expressão de vazio da atriz é algo impressionante. Merecem destaque também os atores que interpretam Kevin. Jasper Newell está excelente  ao interpretá-lo em sua fase criança, dos 6 aos 8 anos. Já Ezra Miller, que se incumbe da fase adolescente, pode ser considerado uma das grandes revelações do ano. Sua performance é soberba e assustadora. A fotografia é essencial para a construção do universo inquietante do longa e a montagem é igualmente bem-sucedida.

Precisamos falar sobre Kevin não é apenas a história de um psicopata ou de um massacre. É a história do mistério que envolve a criação de um monstro. É a participação de uma mãe numa tragédia anunciada desde o nascimento do filho. É a história do amor e da culpa maternal. Em suma, um grande filme.


O jovem Ezra Miller interpreta Kevin e é uma das grandes revelações do ano


A expressão de desolação (ou mau pressentimento) da mãe e a alegria do pai pelo nascimento de Kevin


Clique aqui e assista ao trailer



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

As maiores atuações do cinema - Parte 3

Finalmente, os primeiros colocados da nossa lista! 
Confira, comente e aponte seus favoritos e aqueles que faltaram. 


30 - Marlon Brando como Terry Malloy em Sindicato de Ladrões (1954) - Uma aula de atuação do mestre. "You don't understand. I coulda had class. I coulda been a contender. I coulda been somebody, instead of a bum, which is what I am, let's face itPrincipais prêmios: Oscar, Globo de Ouro e BAFTA de Melhor Ator, prêmio do New York Film Critics Circle Awards. 

29 - Humphrey Bogart como Dobbs em O Tesouro de Sierra Madre (1948) - Uma atuação icônica de Bogart, como o ganancioso Dobbs, no clássico de John Huston. Inesquecível. Principais prêmios: nenhum. 

28 - Jack Nicholson como R.P. McMurphy em Um Estranho no Ninho (1975) - Um dos grandes momentos de Nicholson no cinema. Ele cria um herói/marginal irresistível; sua atuação é antológica. Principais prêmios: Oscar, BAFTA e Globo de Ouro de Melhor Ator. 

27 - Gena Rowlands como Mabel Uma mulher sob influência (1974) - A loucura jamais foi representada no cinema como o faz a magnífica Gena Rowlands no filme de John Cassavetes. Uma atuação a ser reverenciada e redescoberta. Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz, prêmio de Melhor Atriz (Drama) no Globo de Ouro, prêmio do National Board of Review.  

26 - John Wayne como Ethan Edwards em Rastros de Ódio (1956) - A melhor performance de John Wayne, neste que é um dos grandes westerns de todos os tempos. Sua interpretação é uma das grandes jóias do cinema. Principais prêmios: por incrível que pareça, nenhum. 

25 - Malcon McDowell como Alex DeLarge  em Laranja Mecânica (1971) - Não precisa ser um grande cinéfilo, para constatar que esta é uma das performances mais extraordinárias do cinema. Uma atuação hiperbólica, num dos filmes mais escandalosos de todos os tempos. "Singing in the rain" nunca mais foi a mesma. Principais prêmios: ele só foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator. 

24 - Judy Garland como Vicki Lester/Esther Blodgett em Nasce uma Estrela (1954) - Judy Garland se supera em todos os quesitos e dá um verdadeiro show de canto e interpretação neste fantástico musical de George Cukor. Principais prêmios: Indicada ao Oscar e prêmio de Melhor Atriz (Musical) no Globo de Ouro. 

23 - James Stewart como George Bailey em A felicidade não se compra (1946) - James Stewart sempre interpretou o homem comum. Neste clássico de Frank Capra, ele constrói um dos personagens mais queridos do cinema, em uma interpretação em que o ator esbanja carisma e talento. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator. 

22 - Anthony Hopkins como Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes (1991) - A nossa lista tem alguns psicopatas, mas apenas um pratica canibalismo. "A census taker once tried to test me. I ate his liver with some fava beans and a nice chianti." Uma atuação que dispensa comentários. Principais prêmios: Oscar, BAFTA,  de Melhor Ator, prêmio de Melhor Ator coadjuvante pelo National Board of Review e prêmio de Melhor Ator pelo New York Film Critics Circle Awards.

21 - Charles Chaplin como Hynkel - Ditador de Tomania/barbeiro judeu em O Grande Ditador (1940) - Atrevo-me a dizer que esta é  a melhor performance de Chaplin,  numa fantástica sátira sobre o nazismo. Uma aula de como fazer um humor crítico e emocionar. Simplesmente genial. Principais prêmios: Indicado ao Oscar, prêmio de Melhor Ator do New York Film Critics Circle Awards. 


20 - Marion Cotillard como Edith Piaf em Piaf - Um Hino ao Amor (2007) - Uma transformação radical, uma entrega absurda e uma atuação arrasadora. Cotillard como Piaf é a grande atuação da última década. Principais prêmios: Oscar, BAFTA, Globo de Ouro, César de Melhor Atriz. 

19 - Jack Nicholson como Jack Torrance em O Iluminado (1980) - "Heeere's Johnny!" Jack Nicholson usa e abusa do seu talento e de sua cara de louco, para construir um dos personagens mais assustadores (e divertidos) do cinema. Principais prêmios: nenhum. 

18 - Al Pacino como Michael em O Poderoso Chefão I e II (1974) - Ele é um dos maiores atores hollywoodianos de todos os tempos. E esta é uma das suas melhores performances. Principais prêmios: Indicado duas vezes ao Oscar, prêmio BAFTA de Melhor Ator (1974). 

17 - Emily Watson como Bess em Ondas do Destino (1996) - Nenhuma outra atuação me fez chorar tanto. Emily Watson cria uma das personagens mais apaixonantes, trágicas e inocentes do cinema. Sua performance é magnética, arrasadora e de cortar o coração. Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz, prêmios do Los Angeles Film Critics Association Awards, National Society of Film Critics Awards, New York Film Critics Circle Awards.

16 - Vivien Leigh como Scarlett O'Hara em E o Vento Levou... (1939) - 1.400 atrizes se candidataram ao papel de Scarlett, mais de 400 testes foram feitos durante meses. Uma busca pelo Estados Unidos foi realizada para encontrar a atriz ideal. Finalmente, uma atriz inglesa, desconhecida em território americano, surgiu na disputa e conseguiu o papel quase imediatamente. Hoje é impossível imaginar outra atriz no lugar de Vivien Leigh. Ela construiu a maior (anti)heroína de todos os tempos. Sua Scarlett é mimada, manipuladora, egoísta, antipática, determinada, passional e apaixonante. Principais prêmios: Oscar de Melhor Atriz, prêmio do New York Film Critics Circle Awards. 

15 - Al Pacino como Sonny Wortzik em Um Dia de Cão (1875) - Sonny tenta roubar um banco a fim de obter dinheiro para pagar a cirurgia de mudança de sexo de seu companheiro. Al Pacino em uma performance indescritível e antológica. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator, prêmio BAFTA de Melhor Ator.

14 - Liv Ullmann como Eva em Sonata de Outono (1978) - Poucos citam esta atuação espetacular da igualmente espetacular Liv Ullmann. Na época do lançamento do filme, a atenção foi toda para Ingrid Bergman, que interpreta a mãe de Eva. No entanto, Liv Ullmann nos oferece uma das atuações mais emocionantes do cinema. Ela exprime de uma maneira única o rancor e o amor de uma filha por sua mãe. Principais prêmios: nenhum. 

13 - Marlon Brando como Don Vito Corleone em O Poderoso Chefão (1972) - Marlon Brando é provavelmente o melhor ator que o cinema já viu. Como o patriarca mafioso, ele nos oferece mais uma performance icônica. Principais prêmios: Oscar e Globo de Ouro de Melhor Ator. 

12 - Katharine Hepburn como Eleanor of Aquitaine em O Leão no Inverno (1968) - Dentre todas as memoráveis atuações de Katharine Hepburn, esta é a minha favorita. A atriz está magistral ao interpretar a mulher rejeitada de Henri II. Ela constrói uma personagem complexa, altiva e fascinante. Uma performance a ser redescoberta nos dias de hoje. Principais prêmios: Oscar e BAFTA  de Melhor Atriz. 



11 - James Dean como Cal Trask em Vidas Amargas (1955) - James Dean passou como um meteoro pelo cinema e nos deixou três grandes performances. Sua atuação em Vidas Amargas é inesquecível. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator.

10 - Elizabeth Taylor como Martha em Quem tem medo de Virginia Woolf? (1956) - "What a dump!" A performance da vida de Elizabeth Taylor, que é uma bomba atômica em cena. Uma atuação extrema, visceral e arrasadora. A maioria das palavras que saem da boca da atriz são carregadas de um ódio e de uma raiva assustadores. Principais prêmios: Oscar e BAFTA de Melhor Atriz, prêmio do National Board of Review e do New York Film Critics Circle Awards. 

09 - Gloria Swanson como Norma Desmond em Crepúsculo dos Deuses (1950) - Gloria Swanson, grande atriz do cinema mudo, interpreta uma ex-diva do cinema mudo. Sua interpretação é inesquecível, grandiosa e genial. Adjetivos hiperbólicos é que não faltam para caracterizá-la. "I AM big. It's the PICTURES that got small." Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz, prêmio de Melhor Atriz (Drama) no Globo de Ouro, prêmio do National Board of Review. 

08 - Bette Davis como Margo Channing em A Malvada (1950) - Ela não é a malvada do filme, mas não mexa com ela! Davis é uma força da natureza, ao incarnar uma diva do teatro, numa atuação afiada e exuberante. "Fasten your seatbelts, it's going to be a bumpy night!" Principais prêmios: Indicada ao Oscar, prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, prêmio do New York Film Critics Circle Awards. 

07 - Marlon Brando como Stanley Kowalski em Uma Rua Chamada Pecado (1951) - "Stellaaaaaaaa" Foi como Stanley Kowalski, que Marlon Brando revolucionou a forma de se atuar no cinema. Ele está animalesco e sexy no filme de Elia Kazan. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator. 

06 - Robert de Niro como Travis Bickle  em Taxi Driver (1976) - "You talkin' to me?" Robert de Niro na grande performance de sua carreira como o taxista, mentalmente instável, ex-combatente da Guerra do Vietnam.  Brickle é assustador, violento e inajustado. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator, prêmio do New York Film Critics Circle Awards. 

05 - Vivien Leigh como Blanche Dubois em Uma Rua Chamada Pecado (1951)  - Blanche Dubois pode ser vista como uma Scarlett O'Hara decadente. Vivien Leigh faz um trabalho excepcional ao retratar a fragilidade emocional de sua personagem, que vai se desprendendo pouco a pouco da realidade em direção a loucura. Uma atuação que vai do extremo teatral ao realismo cortante. Vivien Leigh faz de Blanche Dubois uma das grandes personagens trágicas do cinema. Principais prêmios: Oscar de Melhor Atriz, Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza, prêmio do New York Film Critics Circle Awards. 

04 - Daniel Day Lewis como Christy Brown em Meu Pé Esquerdo (1989) - A performance de Daniel Day Lewis não poderia estar fora dos primeiros lugares de nossa lista. Em uma atuação sobrenatural, ele dá vida ao escritor-pintor com paralisia cerebral. Principais prêmios: Oscar e BAFTA de Melhor Ator, prêmios do Los Angeles Film Critics Association Awards, do New York Film Critics Circle Awards e do National Society of Film Critics Awards. 

03 - Meryl Streep como Sophie em A Escolha de Sofia (1982) - A medalha de bronze vai para a belíssima atuação de Meryl Streep no filme de Alan J. Pakula. Uma composição meticulosa, sensível e uma performance de cortar o coração da pessoa mais fria do mundo. E ela ainda fala um monte de línguas... Um espetáculo! Principais prêmios: Oscar e Globo de Ouro de Melhor Atriz, prêmios do National Board of Review, Los Angeles Film Critics Association Awards, National Society of Film Critics Awards e New York Film Critics Circle Awards. 

02 - Peter O'Toole como T.E. Lawrence em Lawrence da Arábia (1962) - Peter O'Toole nos oferece uma atuação tão grandiosa quanto o épico de David Lean, ou mais,  tão grandiosa quanto o deserto árabe. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator, prêmio BAFTA de Melhor Ator. 


1 - Maria Falconetti como Joana D'Arc em A Paixão de Joana D'Arc (1928) - Maria Falconetti, ou Renée Jeanne Falconetti, foi uma atriz de teatro francesa que apareceu em apenas dois filmes. A paixão de Joana D'Arc foi seu último trabalho no cinema e, provavelmente, seu último trabalho como atriz. Sua vida, após a filmagem do filme, resta uma incógnita. Sabe-se que ela morou na Suíça e na Argentina. Diz-se que, durante as filmagens de A Paixão de Joana D'Arc, o diretor Carl Theodor Dreyer a fazia repetir as cenas inúmeras vezes até a completa exaustão. Falconetti é a pura expressão da dor, da resignação e do sofrimento, neste clássico do cinema. A atriz comunica com o olhar todo o martírio de Joana D'Arc. Uma atuação atemporal, que continua soberana como a maior de todos os tempos. Principais prêmios: nenhum. 

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Reveja os outros colocados:






quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

As maiores atuações do cinema - Parte 2

Confira a segunda parte da nossa lista:



60 - Felicity Huffman como Bree em Transamérica (2005) - Felicity Huffman está incrível ao interpretar um transexual. É um prazer observar os detalhes da composição da atriz: da voz ao jeito de andar. Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz, prêmio de Melhor Atriz (Drama) no Globo de Ouro, prêmio do National Board of Review. 

59 - Selton Mello como André em Lavoura Arcaica (2001) - A força da atuação de Selton Mello encontra eco no maravilhoso texto de Raduan Nassar e no lirismo da direção de Luiz Fernando Carvalho. Um grande momento do cinema nacional! Principais prêmios: Prêmio de Melhor Ator no Festival de Brasília e no Festival de Havana. 

58 - Charles Chaplin como o operário da fábrica em Tempos Modernos (1986) - A performance de Chaplin é atemporal. É impressionante como ele consegue fazer rir até mesmo os jovens de hoje. Principais prêmios: nenhum.

57 - Holly Hunter como Ada McGrath em O Piano (1993) - A beleza de atuação de Holly Hunter dispensa qualquer comentário. É pura poesia. Principais prêmios: Oscar de Melhor Atriz, prêmio de Melhor Atriz em Cannes, BAFTA de Melhor Atriz e Globo de Ouro de Melhor Atriz (Drama).  

56 - Mo'nique como Mary em Preciosa (2009) - O que Mo'nique faz em Preciosa é quase sobrenatural. Sua atuação é monstruosa. Ela interpreta a pior mãe do mundo, mas consegue humanizá-la em seu último monólogo. Detalhe: a atriz se tornou conhecida como comediante. Principais prêmios: Oscar,  BAFTA, Independent Spirit Awards e Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante.

55 - Max Von Sydow como Lassefar em Pelle, O Conquistador (1987) - Max von Sydow é um ator sensacional. Sua performance no belo filme dinamarquês é uma das coisas mais emocionantes do cinema. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator. 

54 - Greta Garbo como Ninotchka em Ninotchka (1939) - Quem poderia imaginar que a melancólica Greta Garbo seria tão boa fazendo comédia? Pois bem... Greta Garbo ri e nos faz rir! Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz. 

53 - Heath Ledger como Coringa em O Cavaleiro das Travas (2008) - "Why so serious?" Uma atuação antológica, o maior legado de Ledger para o cinema. Principais prêmios: Oscar, BAFTA e Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante. 

52 - Hilary Swank como Brandon Teena em Meninos não Choram (1999) - Hilary Swank constrói um dos grandes personagens trágicos dos últimos tempos. Principais prêmios: Oscar, Globo de Ouro e Independent Spirit Awards de Melhor Atriz. 



51 - Katharine Hepburn como Susan Vance em Levada da Breca (1938) - Katharine Hepburn, considerada uma das maiores atrizes do cinema, nunca esteve tão engraçada! Sua performance é um show de screwball comedy. Detalhe: a atriz nunca havia feito comédia antes. Principais prêmios: Hepburn que foi tão premiada, não recebeu nenhum prêmio por este que é um de seus melhores trabalhos, o que pode ser explicado pelo fato de o filme ter sido um grande fracasso de bilheteria na época de seu lançamento. Hoje é considerado um clássico absoluto. 

50 - Audrey Hepburn como Holly Golightly em Bonequinha de Luxo (1961) - Ela é doce, atrevida, sonhadora, elegante. Audrey Hepburn cria uma princesa moderna de conto de fadas . Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz. 

49 - Isabelle Hupert como Erika Kohut em A Professora de Piano (2001) - A atriz francesa está soberba como a autodestrutiva e obsessiva pianista. Uma atuação genial. Principais prêmios: Prêmio de Melhor Atriz em Cannes (votação unânime). 

48 - Cate Blanchett como Elizabeth I em Elizabeth (1998) - Assistir a atuação de Cate Blanchett é como testemunhar a metamorfose de uma garota inocente em uma poderosa e impiedosa rainha. Uma atuação magistral. Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz, prêmio de Melhor Atriz (Drama) no Globo de Ouro, BAFTA de Melhor Atriz. 

47 - Geoffrey Rush como David Helfgott em Shine - Brilhante (1996) - Uma atuação brilhante! Principais prêmios: Oscar, BAFTA, Globo de Ouro e SAG de Melhor Ator.

46 - Faye Dunaway como Joan Crawford em Mamãezinha Querida (1981) - O filme pode ser péssimo, mas a interpretação de Faye Dunaway é fenomenal e assustadora. A atriz parece a própria encarnação do diabo ao dizer: "No wire hangers, ever!". Principais prêmios: Ela ganhou o prêmio Razzie de pior atriz do ano. A crítica da época não aprovou a atuação over.

45 - Bruno Ganz como Adolf Hitler em A Queda! As últimas horas de Hitler (2004) - Sensacional! Obra-prima de atuação. Principais prêmios: Prêmio de Melhor Ator da Associação de Crítica de Londres. 

44 - Jessica Lange como Frances Farmer em Frances (1982) - A melhor performance da carreira de Jessica Lange. Uma interpretação extraordinária. Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz, prêmio de Melhor Atriz no Festival de Moscou. 

43 - Peter Sellers como Chance em Muito além do jardim (1979) - Peter Sellers era um gênio. Em seu penúltimo filme, ele nos oferece, provavelmente, sua melhor interpretação: ao mesmo tempo engraçada e emocionante. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator, prêmio de Melhor Ator no Globo de Ouro, prêmio do National Board of Review. 


42 - Dustin Hoffman como Ratso em Perdidos na Noite (1969) - O camaleão Dustin Hoffman dá uma aula de interpretação em Perdidos na Noite. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator, prêmio BAFTA de Melhor Ator. 

41 - Ingrid Bergman como Charlotte Andergast em Sonata de Outono (1978) - Um dos grandes momentos da carreira da maravilhosa Ingrid Bergman. Ela brilha no belo filme de Ingmar Bergman. Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz, prêmio do National Board of Review, do New York Film Critics Circle Awards e do National Society of Film Critics Awards. 

40 - Denzel Washington como Malcon X em Malcon X (1992) - Incrível e icônica interpretação de Denzel Washington. Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator, prêmio de Melhor Ator no Festival de Berlim, prêmio do New York Film Critics Circle Awards. 

39 - Kathy Bates como Annie Wilkes em Louca Obsessão (1990) - Em Louca obsessão, Kathy Bates é tão divertida, quanto assustadora. A atriz criou uma das vilãs mais memoráveis do cinema. Principais prêmios: Oscar e Globo de Ouro de Melhor Atriz. 

38 - Naomi Watts como Cristina Peck em 21 gramas (2003) - A atuação de Naomi Watts é visceral, de arrepiar, em uma entregue sublime à personagem. Poucas vezes uma atriz conseguiu retratar a dor da perda de uma forma tão intensa. Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz e ao Globo de Ouro, prêmio do Los Angeles Film Critics Association Awards. 

37 - Samuel L. Jackson como Jules Winnfield em Pulp Fiction (1994) - Performance antológica! Principais prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, prêmio BAFTA de Melhor Ator Coadjuvante, prêmio de Melhor Ator no Independent Spirit Awards.

36 - Charlize Theron como Aileen em Monster - Desejo Assassino (2003) - Quem poderia imaginar que a bela Charlize Theron fosse capaz de um desempenho desses! Uma das maiores atuações da última década. A atriz se transforma completamente e confere complexidade e humanidade à serial killer. Principais prêmios: Oscar de Melhor Atriz, prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim, prêmio de Melhor Atriz (Drama) no Globo de Ouro, prêmio SAG.

35 - Robert de Niro como Jake La Motta em O Touro Indomável (1980) - Robert de Niro interpreta um personagem auto-destrutivo e emocionalmente instável. Um prato cheio para o talento do ator! Principais prêmios: Oscar e Globo de Ouro de Melhor Ator e prêmio do National Board of Review.  

34 - Bette Davis como Baby Jane Hudson em O que terá acontecido com Baby Jane? (1962) - Bette Davis em sua atuação mais over, só podia ser fenomenal. Ela cria uma personagem assustadora, bizarra, mas também digna de compaixão. Principais prêmios: Indicada ao Oscar de Melhor Atriz. 

32 - Susanne Lothar como Anna em Violência gratuita (1997) - A atriz alemã em uma atuação terrivelmente realista e angustiante. Sua expressão é o puro reflexo da dor, neste genial filme de Michael Haneke. Principais prêmios: nenhum. 

31 - Laurence Olivier como Hamlet em Hamlet (1948) - Um dos maiores atores ingleses de todos os tempos, interpretando o maior personagem masculino de todos os tempos. A combinação tinha que ser extraordinária. Principais prêmios: Oscar de Melhor Ator, Prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza e no Globo de Ouro. 

Não perca os primeiros colocados, amanhã!