quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cena do Dia - Kill Bill vol. 1

Quentin Tarantino se inspirou em filmes de artes marciais chineses e japoneses dos anos 60 e 70 e no western spaghetti, que tem como maior representante o cineasta Sergio Leone, para realizar Kill Bill vol.1. O filme é recheado de ação e de cenas de luta muito bem coreografadas e extremamente sangrentas. O filme conta a história de uma mulher, a Noiva (Uma Thurman), que foi atacada por um bando de assassinos no dia do seu casamento e que fica por anos em coma. Ela finalmente acorda e planeja a vingança de cada um dos ex-membros do grupo assassino. A Cena do Dia mostra o confronto entre a Noiva e a jovem Gogo Yubari. A direção de Tarantino revela-se extremamente elegante e ágil.

Assista à cena:

http://www.youtube.com/watch?v=VKQNkcSGFes


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Rio - 2011

Título original: Rio
Lançamento: 2011 
País: EUA
Direção: Carlos Saldanha
Atores: Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Rodrigo Santoro, Jamie Foxx.
Duração: 96 min
Gênero: Animação

Um espetáculo visual a serviço do clichê

Carlos Saldanha foi co-diretor do filme A Era do Gelo e diretor dos dois filmes seguintes da série. Neste ano, o brasileiro lançou Rio, um sucesso de bilheteria. O filme conta a história de um filhote de arara azul, chamado Blu, que é contrabandeado para os Estados Unidos e lá encontra uma adorável menina, Linda, que se torna sua dona. 15 anos depois, um ornitólogo brasileiro o encontra e sugere que Linda o leve ao Brasil para que Blu possa se acasalar com Jade, uma fêmea da mesma espécie. Esse acasalamento se faz necessário já que a ave está em extinção. Completamente domesticado, Blu não sabe voar e terá certa dificuldade em conquistar sua pretendente.

Apesar de ser carioca, Carlos Saldanha parece enxergar a cidade maravilhosa como um turista estrangeiro que não consegue ver muito além dos estereótipos. Com o argumento do próprio Saldanha e escrito a quatro mãos (Don Rhymer, Joshua Sternin, Jeffrey Ventimilia e Sam Harper), o roteiro é, sem dúvida, o maior problema do filme. Tal problema torna-se previsível quando verificamos o currículo nada impressionante dos roteiristas (responsáveis pela série Vovó Zona e os longas Sobrevivendo ao Natal, O Agente Teen 2, além de outras bombas). 


O roteiro incrivelmente bobo cria figuras como um guarda que é travesti, um cão babão que se fantasia de Carmen Miranda, um ornitólogo completamente idiotizado e macacos que roubam turistas. Além desses, temos como vilão uma cacatua malévola chamada Nigel, cujas motivações nunca são efetivamente exploradas. O filme raramente consegue soar engraçado e quando o consegue, isso se deve muito mais a gags visuais do que a uma piada bem elaborada. Além disso, a construção da narrativa não é particularmente empolgante para um filme de aventura, já que o filme cai sempre no lugar-comum.

Os protagonistas Blu e Jade, assim como os passarinhos coadjuvantes Nico e Pedro, são as figuras mais interessantes da animação. Tais personagens são beneficiados pelas dublagens inspiradas de Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Will i Am  e Jamie Foxx. Deve-se destacar também que, visualmente, o filme é um espetáculo, contando com um belo design de produção e uma fotografia que abusa de cores fortes. É interessante observar o calor exalado pelo filme em contraste à estética glacial dos filmes anteriores de Saldanha. Outro destaque é a trilha sonora animada de John Powell que contou com o auxílio dos brasileiros Sérgio Mendes e Carlinhos Brown. Os números musicais do longa também não deixam a desejar, apesar de não serem particularmente marcantes.

Rio apresenta alguns momentos interessantes. Vale destacar aquele em que o menino Fernando senta no alto de um barracão, no morro, com vista para a baía da Guanabara. Outra cena interessante é aquela em que Blu e Jade andam de bondinho, enquanto Nico e Pedro tentam criar um clima romântico para que finalmente ocorra o primeiro beijo entre o casal. Também merece elogios a mensagem ecológica que o filme veicula, denunciando a venda animais silvestres. O filme, no entanto, não deixa de ser um acúmulo de estereótipos e clichês sobre o Rio de Janeiro, se assemelhando a um material publicitário para turistas. Por fim, o filme não tem o humor delicioso presente na série A Era do Gelo, assim como personagens tão encantadores e divertidos como Manny, Sid, Diego e o esquilo Scratte. 


 Assista ao trailer:




Cena do Dia - Uma linda mulher (1990)

O romântico Uma linda mulher ocupa um lugar especial no coração de muita gente. O filme dirigido por Garry Marshall fez de Julia Roberts uma estrela de primeira grandeza em Hollywood. Detalhe: ela não era, nem de longe, a primeira opção para o papel.  Uma linda mulher é um conto de fadas moderno sobre o envolvimento de uma prostituta, Vivian, com um executivo bem-sucedido, Edward. A Cena do Dia mostra a ida do casal para a ópera. Eles irão assistir justamente La traviata que conta o caso de amor entre uma cortesã e um jovem rico. Não é por acaso que Vivian se emociona tanto. Logo no início da cena, Richard Gere oferece um colar para que Roberts use e, quando ela vai pegá-lo, ele fecha a caixa. O gesto foi improvisado pelo ator e a reação de susto de Julia foi tão espontânea e engraçadinha que o diretor resolveu manter a cena. 
 
Assista à cena:





segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Cena do Dia - Dogville (2003)

Inspirado pelo meu post anterior, continuarei falando de Dogville (2003). A Cena do Dia é o final catártico do filme (contém spoilers). Após Grace (Nicole Kidman) comer o pão que o diabo amassou, ela tem, finalmente, a oportunidade de experimentar o agridoce sabor da vingança. Grace, filha na verdade de um poderoso gângster, acaba por compreender que a crueldade de Dogville só pode ser contida com a dizimação de todos os habitantes daquele lugar. Após o reencontro e a reconciliação com o pai, ela ordena então o massacre. Este acerto de contas é uma das cenas mais fortes do filme, já recheado de outras tantas. Após uma experência emocional muito forte, o espectador, que sofre com Grace, não pode deixar de sentir certo prazer com a morte dos algozes da protagonista. Será esta a pegadinha de Lars Von Trier: fazer com que desejemos a violência, nos igualando aos monstruosos moradores de Dogville? É justo responder à violência com mais violência? Grace teria outra opção? A humanidade é fatalmente corrompida? Não há maneira de salvá-la? O final do filme nos deixa com essas e muitas outras interrogações. Dirigida magistralmente por Trier e com um desempenho maravilhoso de Kidman, esta cena é uma das mais interessantes e polêmicas do cinema contemporâneo.

Esta fala de Grace ao matador é impressionante:

"Existe uma família com crianças. Matem as crianças antes e faça a mãe olhar. Diga que vai parar se ela conseguir segurar as lágrimas. Eu devo isso a ela. [o matador sai] Temo que ela chore muito facilmente (irônica)."

Assista à cena:



http://www.youtube.com/watch?v=gLu-m0tohKs&feature=related



Minha primeira crítica - Dogville (2003)

Em uma daquelas arrumações radicais, que de vez em quando a gente se propõe a fazer, encontrei um caderno que continha o que pode ser considerada a minha primeira crítica cinematográfica. Tinha quase 16 anos quando a escrevi. Ela foi inspirada pelo impacto que o filme Dogville (2003), de Lars Von Trier, teve sobre mim. A descoberta deste texto me foi muito grata e mesmo emocionante. Na época, apesar de já ser um cinéfilo convicto, não tinha a pretensão de ser crítico. Compartilho esse texto com vocês:

Há filmes que vemos e logo esquecemos e outros que nos marcam para a vida inteira. Isto é o que se pode dizer de Dogville que conta com a direção poderosa e ousada de Lars Von Trier. O filme, já à primeira vista, apresenta uma inovação estética, pois todo cenário é composto apenas por riscos no chão e alguns objetos e móveis. Esse "detalhe" gera um grande estranhamento, além de tornar a obra muito mais teatral. Os diálogos e atuações ganham, assim, mais importância e a "ausência" de cenário deixa muita coisa por conta da nossa imaginação.

Nicole Kidman interpreta Grace, bela moça, que, fugindo de gângsteres, acaba parando em um Dogville, pequeno lugarejo. Para ser aceita e não ser denunciada, Grace deve prestar inúmeros favores aos moradores, que logo passam a explorá-la. A narração é feita por John Hurt, que consegue, com uma pitada de ironia, desvendar a alma dos moradores, nos confidenciando suas fraquezas e seus segredos.

O elenco é primoroso, mas o maior destaque é mesmo Kidman que com todo seu talento e carisma, faz com que nos importemos com o destino de Grace e soframos com ela. E por falar em sofrer, Lars Von Trier está se tornando mestre em "torturar" o espectador. Depois de nos fazer derramar rios de lágrimas no belo Dançando no escuro, dessa vez ele nos aterroriza com a crueldade humana, representada pelos atos dos moradores de Dogville.

Dogville é um retrato pessimista, mas talvez realista da natureza humana. Intenso, assustador e comovente, o filme é uma das obras mais interessantes que o cinema nos proporcionou nos últimos anos.

Texto escrito em 2004.

sábado, 27 de agosto de 2011

Novo endereço - Clube do Filme agora no Portal Uai

Clube do Filme agora também no Portal Uai

Caros leitores,

É com alegria que anuncio que o Clube do Filme será veiculado também em outro endereço:


O blog de cinema para cinéfilos agora também faz parte do Portal Uai

Criado em janeiro de 2011, o Clube do Filme foi idealizado para ser um espaço de crítica cinematográfica, informação e entretenimento. Ele não deixa de ser, no entanto, o diário apaixonado de um cinéfilo. Em quase oito meses, foram mais de 100 posts e mais de 21.000 visitas. Abordando produções atuais, assim como filmes de outras épocas e múltiplas nacionalidades, o Clube do Filme procura desempenhar o papel de uma enciclopédia viva da sétima arte, um clube virtual sempre em construção. 

Atenção: o endereço no blogspot continua existindo normalmente. 

Grande abraço, 

Leonardo Alexander
Cinéfilo, Blogueiro e Crítico de Cinema



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Piaf – Um hino ao amor (2007)



Piaf – Um hino ao amor é a cinebiografia de uma das cantoras francesas mais famosas e amadas em todo o mundo, Edith Piaf. Sua história foi transposta para o cinema no bem-sucedido filme francês de 2007, dirigido por Olivier Dahan.  A produção ganhou dois Oscar’s: de Melhor Atriz (para a sensacional Marion Cotillard) e de Melhor Maquiagem. A Cena do Dia é uma das melhores, senão a melhor do longa, e mostra Piaf descobrindo a morte do amante, Marcel. Como se fosse um aviso ou uma despedida, ele vem visitá-la no quarto e ela o recebe animadamente. No entanto, quando ela sai do quarto para buscar um presente, ela começa a perceber que existe alguma coisa errada, principalmente pela fisionomia das pessoas que estão nos cômodos da casa. Muito bem construída, a cena é filmada em um plano sequência que atravessa as partes do imóvel, seguindo o movimento de Piaf. Angustiante, sombria e triste, a cena é abrilhantada pelo talento de Cotillard. Ao final da sequência, a transição da casa para o palco é uma metáfora belíssima da superação`da dor através da arte.

Assista à cena:



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A árvore da vida - 2011

Título original: The Tree of Life
Lançamento: 2011 
País: EUA
Direção: Terrence Malick
Atores: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Fiona Shaw.
Duração: 138 min
Gênero: Drama

Pôster do filme
 
Um dos exercícios que mais gosto de pôr em prática quando vou ao cinema é a observação da reação das pessoas após a projeção do filme. Tal prática me mostra invariavelmente que  uma obra de arte pode provocar reações e sentimentos bem distintos nas pessoas. Em filmes pouco convencionais como A árvore da vida esta discrepância se torna ainda mais visível. Após a exibição do novo filme de Terrence Malick, quando as luzes se acenderam, ao meu lado, vi uma senhora visivelmente emocionada, com os olhos encharcados de lágrimas. Na saída do cinema, uma outra senhora reclamava que este era o filme mais chato que já havia visto. 

Terrence Malick provavelmente tem consciência de que seu último trabalho está longe de ser uma unanimidade. Existe uma aura mítica em torno do diretor americano que, em mais de 40 anos de carreira, tem apenas 5 longas-metragens no currículo. Terra de Ninguém (1973), Days of Heaven (1978) e Além da linha vermelha (1998) são filmes aclamados do diretor. O Novo Mundo (2005), seu penúltimo projeto, não teve a mesma recepção de seus filmes anteriores, mas, mesmo assim, encontra defensores ferrenhos e fãs incondicionais. Reservado e avesso à publicidade, Malick é uma figura quase lendária na indústria cinematográfica. Não é por acaso que jornalistas perguntaram, uma vez, em tom de brincadeira, a Brad Pitt, se o cineasta realmente existe. O diretor confirmou sua fama de avesso aos holofotes  ao não comparecer, este ano, a Cannes, até mesmo no dia de premiação, quando A árvore da Vida levou a Palma de Ouro, maior prêmio do festival. 

A árvore da vida  é provavelmente o filme mais metafísico do diretor, um trabalho de recortes, um mosaico de representações e de símbolos. O filme ilustra a infância de Jack (Hunter McCracken), sua relação com o pai autoritário (Brad Pitt) e a mãe amorosa (Jessica Chastain), assim como sua convivência com os dois irmãos mais novos (Laramie Eppler e Tye Sheridan). O filme também mostra Jack adulto (Sean Penn), carregando o resultado das mágoas, das perdas e das lembranças. Em meio à exibição desses dois momentos da vida do protagonista, Malick reconstitui o nascimento do universo e as diversas formas de vida da natureza. 

O filme se inicia com a morte de um dos filhos. Esta e outras perdas suscitam questionamentos sobre os mistérios de Deus, sobre o significado da vida e sobre a justiça divina. Malick cria uma ponte entre o micro (a história de uma família americana dos anos 50) e o macro (o universo). A voz off dos personagens são pontuações filosóficas sobre a existência. O fluxo de imagens da formação do mundo e da evolução dos seres na terra busca mostrar que a história de um indivíduo está intimamente ligada à história de todo o universo. 

Esteticamente exuberante, A árvore da vida parece tentar, através de suas belíssimas imagens, abarcar todos os sentimentos do mundo. Contando com uma fotografia linda de Emmanuel Lubezki e com fantásticos efeitos visuais de Douglas Trumbull, o filme poderia ser chamado de "O espetáculo da vida". Apesar de algumas imagens carregarem muitas representações e serem capazes de emocionar e provocar diversas sensações no espectador, o exagero parece prejudicar a experiência proposta por Malick. Explico: a sequência que ilustra as forças da natureza e a constituição do universo é belíssima, mas extremamente longa, o que de certa forma cria um distanciamento no espectador. Outro problema é que a sequência acaba por se aproximar muito mais de um documentário do Discovery Channel, do que de uma obra de arte com profundidade e significado. Devo confessar que durante a “masturbação visual” de Malick, me veio o pensamento de que adoraria ter as tais imagens como screensaver do meu computador, o que indica que por um momento me distanciei completamente do filme. 

Considero mais interessantes as sequências que retratam a vida familiar, as descobertas eróticas de Jack, os ciúmes do irmão, o embate interno entre o bem e o mal, os conflitos familiares e os momentos de brincadeira entre as crianças. Tais momentos da narrativa, que abordam o mundo famíliar, não deixam de ser cinematograficamente interessantes, uma vez que Malick aposta em enquadramentos não usuais, cortes inesperados e o mais interessante, ele adota a perspectiva da criança, mantendo a câmera baixa. 

A árvore da vida não é um filme de diálogos. A mãe, interpretada com uma sensibilidade maravilhosa por Jessica Chastain, é uma figura silenciosa. Pura representação do amor, ela tem uma relação íntima com a natureza, estando sempre em contato com ela.  O pai, interpretado de maneira correta pelo sem-muita-expressão Brad Pitt, é a figura da ordem e da autoridade. O multipremiado Sean Penn não tem muito o que fazer com seu personagem, que parece apenas vaguear buscando o sentido da vida. Por fim, as crianças são excelentes, com destaque para o talentoso Hunter McCracken, que interpreta o jovem Jack.

A árvore da vida é um filme bastante ambicioso. Poderia afirmar que ele é do tipo “ame-o ou o odeie”, mas estaria mentindo, já que não me encontro em nenhum desses extremos. Apesar de suas qualidades técnicas inegáveis e de sua sensibilidade ao tratar de várias questões humanas, A árvore da vida, tal qual o ser humano, é imperfeito, mas muito interessante.

A ótima Jessica Chastain em cena do filme

A revelação Hunter McCracken




Assista ao trailer:



Cena do Dia - Kill Bill vol. 1

Kill Bill vol. 1 é recheado de grandes cenas e com certeza aparecerá muitas vezes na Cena do Dia. Dirigido por Quentin Tarantino, o filme conta a história de uma mulher que, após ter ficado anos em coma devido ao ataque de um bando de assassinos, volta para se vingar de cada um dos ex-membros do grupo. A Cena do Dia é genial e mostra a luta entre a Noiva (Uma Thurman) e Vernita Green (Vivica A. Fox). A sequência é tensa e de tirar o fôlego, a coreografia da luta é sensacional e a performance das atrizes é fantástica. Observe o interessante contraste entre o ambiente familiar, pacífico, colorido, cheio de brinquedos e a violência da luta. A interrupção da filha de Vernita e o diálogo que se segue entre as três acrescentam uma tensão ainda maior. A conversa entre a Noiva e Vernita na cozinha é um dos grandes momentos do filme e o desfecho da cena não é menos genial. 

Assista à cena (a qualidade deste vídeo é ótima, mas tem dublagem em espanhol): 


Em inglês, mas com uma qualidade pior: 



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cena do Dia - Gilda (1946)


Dirigido por Charles Vidor e protagonizado pela sex-symbol Rita Hayworth, Gilda é um drama noir de 1946. Clássico inesquecível, o filme conta a história de um dos triângulos amorosos mais instigantes do cinema. Tal triângulo amoroso é formado por um poderoso dono de um cassino na Argentina, Ballin Mundson (interpretado por George Macready), seu criado e braço-direito Johnny (Glenn Ford) e a esposa de Mundson, Gilda (Rita Hayworth). Nunca houve uma mulher como Gilda (diziam os anúncios publicitários da época), mas muitos afirmam até hoje que Johnny tinha ciúmes mesmo era do patrão. A leitura de uma relação homoafetiva entre os dois protagonistas masculinos não é de todo absurda, já que a relação de Johnny e Mundson é extremamente ambígua. A Cena do Dia é a mais conhecida do longa e mostra a performance sensual de Hayworth, dançando e cantando Put The Blame On Mame. Sem dúvida, o ponto alto da carreira da atriz (ninguém nunca tirou uma luva como ela!). 

Assista à cena:



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cena do Dia - Alien - o 8º passageiro (1979)


Alien, o 8º passageiro é o filme que inaugura a bem-sucedida quatrilogia formada também por Aliens – O Resgate (1986), Alien 3 (1992) e Alien – A Ressurreição (1997). O filme de 1979 é o melhor da franquia e parte do seu sucesso deve-se a direção fantástica de Ridley Scott. O filme foi o vencedor do Oscar de Melhor Efeitos Visuais. A Cena do Dia mostra a morte de Kane, um dos tripulantes da nave Nostromo. A cena começa com um tom descontraído. Os tripulantes estão conversando e rindo à mesa, quando Kane começa a engasgar.  Os longos planos dão lugar a planos rápidos e a cena fica gradualmente mais tensa (observe leve o som das batidas do coração que dão ritmo a cena e que dão lugar a uma trilha sonora tradicional). A cena tem um final trágico, em que o grande antagonista da trama é apresentado.

Assista à cena: 






segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cena do Dia - A Bela e a Fera (1991)

A Bela e a Fera é o primeiro longa-metragem de animação a concorrer ao Oscar de Melhor Filme, além de ter sido indicado a outros 5 Oscar's, levando o de Melhor Trilha Sonora e o de Melhor Canção (Beauty and the Beast). O filme também foi a primeira animação a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Filme Musical. Por isso e por muito mais, A Bela e a Fera é uma das animações mais bem sucedidas do cinema, sendo também uma das histórias de amor mais amadas de todos os tempos. A Cena do Dia é um momento mágico do filme, em que os criados (que foram transformados pela maldição de uma feiticeira em Candelabro, Relógio e Chaleira) entretêm Bela com um show digno da Broadway ao som da canção indicada ao Oscar e ao Globo de Ouro, "Be our Guest". 

 Assista à Cena: 

 

domingo, 21 de agosto de 2011

Lady Vingança - 2005

Título original: Chinjeolhan Geumjasshi
Lançamento: 2005 
País: Coréia do Sul
Direção: Park Chan-Wook
Atores: Yeong-ae Lee, Choi Min-Sik, Go Su-Hee, Kim Bu-Seon, Kim Byeong-Ok.
Duração: 112 min
Gênero: Drama

Uma das melhores cenas do filme: o sonho de Geum-ja

Lady Vingança fecha a "trilogia da vingança" idealizada pelo cineasta sul-coreano Chan-wook Park. Oldboy (2003), filme que antecede Lady, foi um grande sucesso de público e crítica. O multipremiado thriller conta a história de um homem que, raptado e aprisionado por 15 anos, deve encontrar o seu sequestrador para se vingar. Se em Oldboy temos a perspectiva masculina, no filme de 2005 a vingança é um sentimento puramente feminino (vide o título "Senhora Vingança"). No longa, uma jovem mulher chamada Geum-ja Lee vê-se obrigada a assumir, no lugar do amante, a culpa do sequestro e assassinato de uma criança de seis anos. Ela permanece presa por 13 anos, durante os quais planeja a sua vingança com a ajuda das outras detentas.

Apesar de ser tão intenso quanto o filme anterior, Lady Vingança aborda a questão da vingança de uma maneira bem diferente. Chan-wook Park abre mão da ação e de grande parte da violência física presente em Oldboy, para criar um filme muito mais experimental, lírico e complexo. O diretor investe durante toda a primeira metade da projeção em uma narrativa que alterna ações do passado e do presente para reconstituir o drama de Geum-ja. A escolha de uma estrutura não linear obriga o espectador a participar da construção da história. No entanto, este não é um filme de ligar pontos e buscar a lógica, Park nos convida a uma viagem emocional e até mesmo sensorial. Assim, ele brinca com as cores (fortes, avermelhadas), com os ângulos e com a música.

Criando composições belíssimas, buscando enquadramentos diferentes, apostando na sobreposição de imagens e em closes dramáticos, Park faz um filme esteticamente impecável. Auxiliado por uma direção de arte fantástica e uma bela fotografia, o filme é o sucesso da forma. O conteúdo, por sua vez, não sai prejudicado. Park lida com questões como a culpa, a morte e o ódio de uma maneira extremamente rica, fazendo o uso de alegorias e de símbolos. Tais questões são personificadas maravilhosamente bem  pela protagonista e é com uma sutileza fenomenal que a atriz Yeong-ae Lee mostra a transformação da personagem, suas angústias e seu sofrimento. Carregando em si a ambiguidade do bem e do mal, a vingadora Geum-ja tem tanto a alcunha de bruxa, como a de anjo e seu olhar diz muito mais do que suas palavras. 

Lady Vingança talvez seja um filme menos acessível e menos empolgante que seu irmão mais famoso, Oldboy, mas talvez ele aborde de forma mais sensível sentimentos como  o vazio da vingança, a necessidade da redenção, a dificuldade de recomeçar e a dor da perda e da culpa. Chan-wook Park mostrou ser um verdadeiro mestre ao usar brilhantemente tudo o que a linguagem cinematográfica tem a oferecer para traduzir sentimentos que são a priori intraduzíveis.

Assista ao trailer:


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Cena do Dia - Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento (2000)

Erin Brokovich conta a história de uma mãe solteira que consegue um emprego em uma firma de advocacia e acaba por descobrir que uma grande companhia está poluindo a água de uma região na Califórnia, causando o desenvolvemento de doenças em muitos dos seus habitantes. A história verídica de Erin foi transposta com muita competência pelo diretor Steven Soderbergh. Uma das grandes forças do filme é a atuação intensa e verborrágica de Julia Roberts, que levou pelo filme o Oscar de Melhor Atriz. Com uma grande inteligência prática, agressividade e sensualidade, a protagonista é praticamente uma heroína moderna. Na Cena do Dia, temos o momento em que Erin cala a boca de todos os advogados da companhia, em um monólogo sensacional. 

Leia o trecho:

"Pense bem o quanto vale a sua coluna, Sr. Walker...
ou quanto gostaria que pagassem pelo seu útero, Srta. Sanchez.
Peguem suas calculadoras e multipliquem isso por 100.
Qualquer coisa abaixo disso é desperdício do nosso tempo.
[A advogada pega o copo de água para beber]
A propósito, mandamos trazer essa água especialmente para vocês.
Veio de um poço de Hinkley. "


Asssista à cena: 




quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Super 8

Título original: Super 8
Lançamento: 2011
País: EUA
Direção: J.J. Abrams
Atores: Joel Courtney, Riley Griffiths, Elle Fanning, Ryan Lee.
Duração: 112 min
Gênero: Ficção Científica

Elle Fanning e Joel Courtney em cena do filme
 
J.J. Abrams dirigiu e roteirizou Super 8. O diretor ganhou notoriedade nos anos 2000 após dirigir episódios do famoso seriado Lost (do qual também é co-criador). Sempre na ativa e com muitos trabalhos na televisão americana, como diretor e produtor de séries, Abrams encontrou um tempinho nos últimos anos para se dedicar também ao cinema e dirigiu três longas-metragens: Missão: Impossível III (2006), Star Trek (2009) e este Super 8 (2011). Apesar de contar com a produção de Steven Spielberg, o filme de 2011 é o menos interessante da sua ainda curta filmografia. 

Super 8 se passa no verão de 1979 e conta a história de um grupo de amigos formado por Joe (Joel Courtney), Charles (Riley Griffiths), Cary (Ryan Lee), Martin (Gabriel Basso) e Preston (Zach Mills). Eles estão gravando um filme amador em 8mm (daí o título em referência à câmera Super 8) e convidam Alice (Elle Fanning) para ser a protagonista. No meio da gravação de uma das cenas, os adolescentes testemunham o descarrilamento de um trem. Por causa do acidente, um monstro alienígena é libertado e passa a aterrorizar a cidade em que vivem os meninos. 

A maioria dos críticos apontam o quanto Super 8 bebe na fonte de clássicos como E.T. - O extraterrestre (1982), Os Gonnies (1985), Contatos imediatos do Terceiro Grau (1977) e até mesmo do recente Cloverfield (2008), entre outros. Abrams parece fazer uma homenagem não só a um gênero (ou subgênero), a aventura/fantasia sci-fi, mas, sobretudo, ao seu cineasta ícone, Steven Spielberg. No filme, estão presentes alguns elementos temáticos recorrentes no cinema de Spielberg, como a passagem da infância para a adolescência, o crescimento, a relação pai e filho e a presença humanizada do extraterrestre. Também vemos inspirações técnicas, como o uso de certos movimentos de câmera, como o travelling se aproximando do rosto dos atores. Outro artifício spielbergiano utilizado por Abrams é adiar ao máximo a exibição do monstro, como foi feito em Tubarão (1975). Até mesmo detalhes, como a presença de bicicletas nos remete à filmografia de Spielberg.

Se o filme provoca uma deliciosa nostalgia, ao mesmo tempo, ele não consegue, nem de longe, se equiparar aos longas que homenageia. Os trinta minutos iniciais do filme são excelentes, com destaque para a cena do descarrilamento do trem, que é de tirar o fôlego, mas, a partir deste momento, o filme perde completamente a sua força, tornando-se previsível e sendo dominado por clichês. O problema maior, no entanto, não é sentirmos que já vimos este filme antes, é sabermos que já o vimos mais bem contado,  já que o longa de Abrams apresenta vários furos em sua narrativa. A relação problemática de Alice com seu pai nunca se torna clara, já o que não sabemos o que o personagem faz para ser considerado um mau elemento. O mesmo ocorre com a relação de Joe e seu pai, que jamais é bem explorada pelo roteiro. O acidente inicial que provocou a morte da mãe de Joe, também fica na obscuridade. O que o monstro faz com suas vítimas e sua motivação ao capturar algumas pessoas também acabam sendo incógnitas no filme. 

Abrams acerta, inicialmente, ao mostrar a relação dos adolescentes e ao construir sua história sob o ponto de vista deles. Infelizmente, o diretor não investe nesta relação, preocupando-se muito mais em realizar impactantes cenas de suspense, que apesar de bem realizadas, não contribuem para o sucesso da narrativa. Isto é uma pena, principalmente, porque as melhores cenas do filme são aquelas em que os garotos se interagem, como na ótima sequência que antecede o desastre do trem e que mostra o ensaio dos meninos. Dos seis adolescentes, apenas três ganham efetivo destaque: Joe, Alice e Charles. Merece elogios a maneira sensível com a qual o diretor retrata a descoberta amorosa de Joe e Alice. Deve-se destacar ainda o carisma do jovem ator Joel Courtney e o talento e beleza de Elle Fanning. 

A produção técnica do filme merece elogios por reconstituir muito bem o final da década de 70, prestando devida atenção aos detalhes, como as músicas, a tecnologia, as roupas e os carros da época. A trilha sonora de Michael Giacchino pontua muito bem a história, carregando um tom saudosista, já que parece ser inspirada nas trilhas dos filmes de aventura dos anos 80. 

Super 8 está longe de ser um fiasco ou mesmo um filme ruim, mas o seu maior mérito é o de reconstituir, mesmo que parcialmente, uma aura de inocência e diversão, presente nos filmes de aventura e fantasia dos anos 80. Quanto a mim, vou correndo assistir Os Gonnies!

Assista ao trailer:



Cena do Dia - O Rei Leão (1994)

O Rei Leão é uma das produções Disney mais amadas de todos os tempos. Ganhadora de dois Oscar's (Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção), o filme conta a história quase shakespeana de Simba, um principe leão que, após o assassinato do pai, deve retomar o seu lugar no trono, confrontando o malvado e ambicioso tio. A Cena do Dia mostra o assassinato de Mufasa, pai de Simba. Observe a maravilhosa trilha sonora de Hans Zimmer. Após a queda do Rei, a trilha desaparece, causando uma sensação de extrema tristeza para depois ser retomada gradualmente, com acordes ainda mais melancólicos.  

Assista ao trailer:


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Cena do Dia - A Malvada (1950)

A Malvada é um dos melhores filmes a retratar os bastidores do teatro: a guerra de egos, a vaidade, a inveja, a ambição de se tornar uma estrela, o talento genuíno e a falsidade. O filme não se reduz, no entanto, ao mundo teatral e pode ser compreendido como uma crítica ou uma alegoria de todo o show business. Contando com um dos melhores roteiros e diálogos já escritos na história do cinema, A Malvada foi indicado a 14 Oscar's, tendo levado seis, entre eles os de Melhor Filme e Melhor Diretor. A malvada conta a história de Eve (Anne Baxter), uma aspirante a atriz, que faz de tudo para roubar o lugar da grande estrela Margo Channing (Bette Davis). A Cena do Dia pode ser descrita como um verdadeiro "barraco". Explico: a temperamental Margo fica furiosa ao saber que Eve tornou-se sua atriz-substituta na peça e que todos (o diretor, o crítico e até o próprio namorado) estavam maravilhados com a performance desta em um teste com outra atriz. Sentindo-se traída, ela explode em uma cena maravilhosa em que podemos nos deliciar com todo o talento de Bette Davis.


Assista à cena e veja o motivo de muita gente achar que a malvada do título é Bette Davis e não Anne Baxter: http://www.youtube.com/watch?v=fA0f5ulhZ_Y&feature=related