terça-feira, 31 de maio de 2011

Os 15 jovens atores mais promissores do cinema atual

Quais são os jovens atores nos quais devemos ficar de olho? 

Eis uma lista de 15 atores jovens e promissores do nosso cinema atual. Confira!


1 - Elle Fanning 

Nasceu em: 09/04/1998

Irmã mais nova de Dakota, Elle Fanning tem apenas 13 anos e quase 20 filmes no currículo. Quatro deles estão em produção ou pós-produção atualmente, o que quer dizer que, em 2011/2012, teremos várias oportunidades de conferir o talento da jovem atriz. 

Elle Fanning teve um papel de destaque no último filme de Sofia Coppola, Um lugar qualquer (2010), pelo qual recebeu muitos elogios. 

Próximos projetos:

Super 8  (2011) de J.J. Abrams

Twixt Now and Sunrise (2011) de Francis Ford Coppola

We Bought a Zoo  (2011) de Cameron Crowe

Vivaldi  (2011) de Boris Damast


2 - Hailee Steinfeld 

Nasceu em:11/12/1996


Hailee Steinfield fez apenas um longa-metragem, Bravura Indômita (2010), pelo qual foi revelada no ano passado. A menina de 15 anos foi indicada, em sua estreia, ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, além de ter sido premiada por diversas outras associações. Sua performance no filme dos irmãos Coen impressionou a crítica e ela foi a principal concorrente de Melissa Leo no Oscar deste ano. 

A atriz integra o elenco do filme Romeu e Julieta que será dirigido por Carlo Carlei e que se encontra em pré-produção. 

Próximo projeto: 

Romeo and Juliet (2012) de Carlo Carlei

3 - Abigail Breslin 

Nasceu em:14/04/1996


Quem não se lembra da menina barrigudinha de Pequena Miss Sunshine (2006)? Abigail Breslin conquistou o coração dos americanos por este papel e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2007. Depois disso, a atriz já fez diversos filmes (a maioria deles inexpressivos) que não renderam a mesma atenção da crítica, mas que confirmaram seu carisma.  Este ano, ela dublou Priscilla no ótimo desenho Rango (2010)

Próximos projetos:

New Year's Eve (2011) de Garry Marshall

Innocence (2012) de Hilary Brougher

4 - Saoirse Ronan 

Nasceu em:12/04/1994


Sem dúvida, essa atriz de nome quase impronunciável, é uma das maiores revelações do cinema nos últimos anos. Ela se tornou conhecida por Desejo e reparação (2007) de Joe Wright, seu terceiro filme, pelo qual foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.  

Dona de um talento único, Ronan foi uma das poucas salvas pela crítica do desastre Um olhar do Paraíso (2009), filme de Peter Jackson. 

Este ano ela já protagonizou outro filme de Joe Wright, Hanna (2011), que estreou nos Estados Unidos no início de maio.
 
Próximos projetos: 

Hanna (2011) de Joe Wright

Violet & Daisy (2011) de Geoffrey Fletcher

Bizantium (2012) de Neil Jordan 

The Host (2012) de Andrew Niccol

5 – Dakota Fanning 

Nasceu em: 23/02/1994

Dakota Fanning foi a atriz-mirim mais famosa e celebrada da última década, mas, ironicamente, não conseguiu sua indicação ao Oscar como suas três colegas citadas anteriormente. A atriz tem mais de 20 trabalhos no cinema. Ela foi destaque em Uma lição de amor (2001), com Sean Penn, depois em Guerra dos Mundos (2005) de Steven Spielberg, e em O amigo oculto (2006), com Robert de Niro. Fez, recentemente, The runaways (2010) e a saga Crepúsculo, ambos os trabalhos com Kirsten Stewart. 

A atriz parece estar sendo bem sucedida na transição da carreira infantil para a carreira adulta. Com 17 anos, ela não para de trabalhar e tem cinco filmes em produção. 

Próximos projetos:

Amanhecer – Parte 1 (2011) de Bill Condon 

Amanhecer – Pate 2 (2012) de Bill Condon 

The motel life (2012) de Alan Polsky, Gabe Polsky

Mississipi Wild (2012) de Jesse Baget

Very good girls (2012) de Naomi Foner

6 - Jennifer Lawrence 

Nasceu em:15/08/1990 


Jennifer Lawrence começou no cinema em 2008, mas só alcançou a fama no ano passado. Ela foi revelada pelo filme independente, Inverno da Alma (2010), pelo qual concorreu ao Oscar de Melhor Atriz. Lawrence está, atualmente, envolvida em seis produções que devem estrear em 2011 e 2012. 

Próximos projetos:

Like Crazy (2011) de Drake Doremus

Um novo despertar (2011) de Jodie Foster

X-man: primeira classe (2011) de Matthew Vaughn

House at the end of the street (2012) de Mark Tonderai

The Hunger games (2012) de Gary Ross 

Truckstop (2012) de Rotimi Rainwater

7 - Emma Watson 

Nasceu em:15/04/1990


A Hermione, da saga de Harry Potter, vem evoluindo bastante e mostrando ser uma atriz cada vez mais interessante. Por enquanto, a única personagem que ela encarnou no cinema foi a famosa amiga de Harry Potter. Cheia de estilo, a atriz foi eleita a celebridade mais elegante do último ano. Com o fim da série Harry Potter, ela promete se dedicar a papéis mais desafiadores. 

Próximos projetos:

Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2 (2011) de David Yates

My week with Marilyn (2011) de Simon Curtis

The perks of  being a Wallflower (2012) de  Stephen Chbosky

8 - Kristen Stewart

Nasceu em: 09/04/1990 




O primeiro grande papel de Kirsten Stewart foi em O quarto do pânico (2002) de David Fincher. Ela se  tornou um ídolo teen, em 2008, com a sua personagem Bella Swan, na saga Crepúsculo. Apesar de não mostrar muito do seu talento na saga, Stewart é uma atriz bem interessante. Ela estará no filme do brasileiro Walter Salles, On the road  (2011). A grande atriz e diretora Jodie Foster já disse que é fã da jovem atriz. 

Próximos projetos: 

Amanhecer – Parte 1 (2011) de Bill Condon 

Amanhecer – Pate 2 (2012) de Bill Condon 

On the road (2011) de Walter Salles

Snow white and the huntsman (2012) de Rupert Sanders

9 - Daniel Radcliffe 

Nasceu em: 23/07/1989 


O ator inglês de 21 anos se consagrou no cinema na pele do bruxo Harry Potter. Seu primeiro longa-metragem, no entanto, foi O Alfaiate do Panamá (2001). Radcliffe provavelmente vai ter dificuldade de se distanciar do papel que o deixou mundialmente famoso, mas ele já mostrou ter talento suficiente para encarar projetos diferentes e mais audaciosos (principalmente no teatro; ele fez Equus nos palcos londrinos e estreou recentemente um musical na Broadway) .  

Próximos projetos:

Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2 (2011) de David Yates

The Woman in Black (2012) de James Watkins

10 - Rupert Grint 

Nasceu em: 24/08/1988 


O simpático ator inglês de 22 anos, também revelado pela série Harry Potter, tem mais filmes em produção que seus dois colegas de saga e de lista. 

Próximos projetos:

Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2 (2011) de David Yates

Cross Country (2011) de Paul Fielding, Timothy Fielding

Comrade (2012) de Petter Naess

Eddie the eagle (2012) de Declan Lowney 

11 - Haley Joel Osment 

Nasceu em:10/04/1988



Grande estrela-mirim, Haley Joel Osment, é lembrado pelo seu trabalho em O sexto sentido (1999, pelo qual foi indicado ao Oscar), em A corrente do bem (2000) e em A.I. – Inteligência artificial (2001). O ator teve uma carreira consistente, até desaparecer dos holofotes na primeira metade dos anos 2000. A partir de 2007, ele se voltou para a dublagem de games. No entanto, o ator parece ter voltado à ativa e tem dois filmes em pós-produção que serão lançados, provavelmente, ainda em 2011.

Próximos projetos:

Montana amazon (2011) de D.G. Brock

Sassy Pants (2011) de Coley Sohn

12 - Evan Rachel Wood 

Nasceu em: 07/09/1987


Evan Rachel Wood é quase uma veterana no cinema. Ela estreou na telona em 1998, em O poder da emoção, ao lado de Kevin Bacon. Ela ganhou notoriedade, no entanto, ao interpretar uma adolescente rebelde em Aos treze (2003), papel pelo qual foi extremamente elogiada, tendo sido indicada ao Globo de Ouro daquele ano. Depois disso, ela fez outros bons trabalhos em Desaparecidas (2003), Across the universe (2007) e O lutador (2008).  Ela estará no próximo filme dirigido por George Clooney, que conta com grandes atores como Ryan Gosling, Paul Giamatti, Philip Seymor Hoffman e Marisa Tomei. Material extremamente “oscarizável”.

Próximo projeto:

The Ides of March (2011) de George Clooney

13 - Ellen Page 

Nasceu em: 21/02/1987



A atriz canadense de 24 anos estreou no cinema em 2002, mas foi em 2005 que ela se fez notar pelo público e pela crítica. Ela deu um show em Meninamá.com (2005) e logo depois foi indicada ao Oscar por Juno (2007). No seu currículo ainda constam o ótimo A origem (2010). Ela está no elenco da próxima comédia de Woody Allen.

Próximo projeto:

Bop Decameron (2012) de Woody Allen 

14 - Robert Pattinson 

Nasceu em: 13/04/1986

Robert Pattinson surgiu no cinema no filme Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005). De uma saga teen, ele foi para outra. Lançado à condição de star em 2008, com o filme Crepúsculo, ele ainda não mostrou um talento particularmente marcante, mas ainda tem tempo... Ele lançará cinco filmes em 2011/2012. 

Próximos projetos:

Amanhecer – Parte 1 (2011) de Bill Condon 

Amanhecer – Pate 2 (2012) de Bill Condon 

Água para elefantes (2011) de Francis Lawrence

Bel Ami (2011) de Declan Donnellan, Nick Ormerod

Cosmopolis (2012) David Cronenberg

15 - Carey Mulligan 

Nasceu em: 28/05/1985


Carey Mulligan é a atriz mais velha de nossa lista. De todos, ela também foi a que estreou no cinema mais tarde, com 20 anos. Seu primeiro trabalho foi no ótimo Orgulho e Preconceito (2005). No entanto, ela alcançou fama mundial apenas em 2009, com Educação, filme pelo qual recebeu a indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Mulligan é considerada uma das melhores atrizes de sua geração e acumula bons trabalhos em Wall Street – O dinheiro nunca dorme (2010) e Não me abandone jamais (2010). Seus próximos projetos são bem promissores.

Próximos projetos:

Drive (2011) de Nicolas Winding Refn

Shame (2011) de Steve McQueen

The great Gatsby (2012) de Baz Luhrmann



quinta-feira, 26 de maio de 2011

Os filmes mais aguardados do ano (após Cannes)

O Festival de Cannes, o de maior prestígio do mundo cinematográfico, acabou neste último domingo com a premiação de A Árvore da Vida com a Palma de Ouro. Muitos filmes, que serão lançados nos próximos meses, foram apresentados nas mostras competitivas do festival. Segue a lista daqueles cujas estreias devemos aguardar ansiosamente.

1 - A árvore da Vida, de Terrence Mallick

Belo pôster do filme ganhador da Palma de Ouro.

O filme não foi unanimidade em sua apresentação em Cannes, o que não é nenhuma surpresa por se tratar de uma obra de Mallick. Ao que parece, o cineasta fez um filme visualmente espetacular e muito poético. O filme conseguiu conquistar a maior parte do júri e levou o maior prêmio do festival. Em seu elenco estão Brad Pitt e Sean Penn.




2 - Drive, de Nicolas Winding Refn


Gosling parabeniza o diretor por sua vitória em Cannes


O jovem cineasta Nicolas Winding Refn levou o prêmio de melhor direção em Cannes. O filme empolgou o público do festival francês e conta a história de Driver (Ryan Gosling) dublê de filmes durante o dia e motorista de fugas durante a noite. O filme conta com um dos melhores atores jovens de Hollywood, Ryan Gosling, e com a atriz indicada ao Oscar em 2009, Carey Mulligan. 



3 - Melancolia, de Lars von Trier

Kirsten Dunst, premiada por Melancolia


Lars von Trier causou uma polêmica extratosférica por causa de seus comentários referentes ao nazismo durante uma entrevista coletiva em Cannes. Ironicamente, apesar de ter sido expulso do festival, seu filme foi muito bem recebido pela crítica, que tinha torcido nariz para o seu filme anterior, o ótimo Anticristo (2009). Como grande fã do cinema de Lars von Trier, estou super ansioso por essa nova produção. O diretor tem a habilidade de tirar performances absurdas de suas atrizes (vide Bjork, Emily Watson, Nicole Kidman e Charlotte Gainsbourg). Neste ano, Kirsten Dunst confirmou a tradição, levando o prêmio de melhor atriz de Cannes. 




4 - La Piel Que Habito, de Pedro Almodóvar

Antonio Bandeiras de volta a um filme de Almodóvar

O filme do grande diretor espanhol era considerado o favorito pela imprensa, mas acabou saindo de mãos abanando do festival. De qualquer forma, o filme foi bastante elogiado e a crítica louvou o fato de Almodóvar ter trabalhado muito bem com elementos de diversos gêneros. O filme também marca a retomada  parceria do diretor com uma de suas grandes estrelas: Antonio Bandeiras.  




5 - O garoto de bicicletade Jean-Pierre e Luc Dardenne

Pôster do filme

Os irmãos Dardenne são extremamente queridos pelo Festival de Cannes e, neste ano, foram premiados com o segundo prêmio mais importante do festival: o Grande Prêmio. Os cineastas já realizaram grandes pérolas do cinema como Rosetta (1999) O filho (2002) e A criança (2005).  Seu novo filme, O garoto de bicicleta, volta a retratar o universo infantil e parecer ser mais um belo filme.




6 - This must be the place, de Paolo Sorrentino 


Se Sean Penn já não tivesse 2 Oscars, arriscaria falar em um terceiro por este filme.


Este filme do diretor italiano Paolo Sorrentino foi extremamente elogiado em Cannes e conta com dois atores que eu adoro: Sean Penn e Frances McDormand. Sean Penn parece estar fantástico no filme, era o favorito para o prêmio de melhor ator, mas acabou perdendo para o francês Jean Dujardin. Ele interpreta uma estrela aposentada do rock que procura se vingar do homem que executou seu pai. Pelas fotos, dá para ter uma idéia da  transformação do ator para o filme. 





7 -  O abismo prateado, de Karim Ainouz


Alessandra Negrini em Abismo prateado

O filme brasileiro entrou na mostra Quinzena dos realizadores do Festival de Cannes. Não ganhou nenhum prêmio, mas foi muito elogiado, assim como a performance de Alessandra Negrini. A história é baseada na canção "Olhos nos olhos"de Chico Buarque. O diretor que já provou seu talento no fantástico Madame Satã (2002),  parece ter feito outro ótimo trabalho. 



domingo, 22 de maio de 2011

Incêndios - 2010

"A infância é como uma faca cravada na garganta."

"Às vezes, é melhor não saber [a verdade]."

"A morte nunca é o fim de uma história. Ainda existem os vestígios."

Nawal Marwan, interpretada por Lubna Azabal


Incêndios é uma produção canadense indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010. Ele é a adaptação da peça homônima do dramaturgo (e também diretor) libanês Wadji Mouawad, que escreve, no entanto, em francês e vive no Canadá. Antes de conhecer o filme, tive a oportunidade de fazer um estudo sobre uma das cenas da peça em um trabalho universitário (curiosamente a cena estudada, não foi transposta para o filme). Infelizmente, não tive ainda a oportunidade de ler a peça por completo. Não poderei falar, portanto, do trabalho de adaptação da obra, algo que me sinto imensamente impelido a fazer no futuro. Posso dizer, no entanto, que Mouawad é um dos melhores autores francófonos contemporâneos e sua linguagem é extremamente rica, com uma grande influência da linguagem cinematográfica. Um querido professor francês, afirmou que o texto da peça é um dos melhores textos teatrais que ele já leu.

Incêndios, o filme, parece fazer jus ao grande texto que adapta. Ele é tão rico e existe tanto o que falar desta obra, que é dificil saber por onde começar. Sem dúvida, devido à poderosa obra original, temos um dos filmes mais emocionantes dos últimos anos. Incêndios conta história de uma mulher, Nawal Marwan, de 60 anos, que morre e deixa a seus filhos (um casal de gêmeos), junto com seu testamento, duas cartas para serem entregues para o pai e o irmão do casal. Simon, o filho, deve entregar a carta a seu irmão e Jeanne, a filha, deve entregar a carta a o seu pai. Apenas após o cumprimento dessa tarefa, Nawal poderá ter um sepultamento normal. A missão se revela absurda e quase impossível uma vez que Simon e Jeanne acreditavam que seu pai estava morto e desconheciam completamente a existência de um terceiro irmão. Nawal, cristã e originária do Oriente Médio, faz, através dessa missão, com que seus filhos descubram sua própria origem.

Incêndios conta a história de uma escavação do passado, um processo doloroso de descoberta de uma origem. Tanto a peça, como o filme carregam uma aura mítica, própria das tragédias gregas. A intolerância religiosa é o que produz a trama e a guerra civil entre cristãos e muçulmanos no Oriente Médio é mais do que pano de fundo para história, é, junto com o destino, uma das forças motrizes da história. Incêndios, no entanto, dificilmente possa ser rotulado como um filme panfletário antiguerra. A crítica, que existe, é construída de maneira bem orgânica ao enredo e o espectador não pode deixar de sentir o horror de uma guerra em nome da religião.

O filme mostra uma viagem que parece ser essencial para a maturidade e para o autoconhecimento de Simon e Jeanne. O rapaz tem um comportamento que o aproxima a um adolescente imaturo e, desde o primeiro instante, recusa sua tarefa; só o vemos reaparecer no último terço do filme. Jeanne, no entanto, abraça sua missão e viaja ao Oriente Médio em busca da verdade. Acompanhamos durante mais da metade do filme a duas buscas paralelas: a busca de Jeanne por seu pai e por seu irmão e, em outro tempo, a busca de Nawal por seu primeiro filho dado para adoção por ser fruto de sua relação com um refugiado mulçumano. Duas mulheres, atravessando os mesmos lugares, em busca de um parente perdido. O jogo passado/presente, também presente na peça, é extremamente bem realizado por evocar a relação íntima dessas duas jornadas: como se uma fosse a "revivência" da outra. Temos, durante todo o filme, a sensação de estarmos diante de um trauma, algo enterrado na memória e que vai ser trazido a tona. 

Uma das qualidades da produção está na força de seu elenco: os atores estão excelentes desde os protagonistas até as participações-relâmpago. Lubna Azabal (intérprete de Nawal), no entanto, é o  grande destaque do filme. Sua performance é tão forte quanto sua personagem. A atriz consegue exprimir, através do olhar, uma dor que não pode ser expressa por palavras. A personagem fala pouco e, quando fala, podemos sentir sua voz entrecortada pelo sofrimento. Nawal, poeticamente chamada como "a mulher que canta", é uma heroína trágica inesquecível. 

Incêndios é apenas o quarto longa-metragem de Denis Villeneuve, diretor que já é, no entanto, bastante premiado. Ele conduz muito bem a experiência cinematográfica que é este filme de 2010. Não me sai da cabeça, por exemplo, a primeira cena em que Nihad, uma criança, olha diretamente para a câmera e, para nós espectadores, com uma raiva que, ao mesmo tempo, parece ser um pedido de socorro. Através de lindos planos gerais, Villeneuve também nos mostra as paisagens do Oriente Médio, revelando o contraste que existe entre a bela natureza árida e o horror que se reproduz naquele lugar. Villeneuve também escolhe sabiamente o momento em que a violência deve ser explicitada e o momento em que ela deve ser apenas sugerida. 

A única coisa que me incomodou foi a presença de títulos que dividem o filme, mais ou menos, em capítulos. Esse recurso distancia o espectador da história, uma vez que interfere no fluxo visual. A meu ver a titulação deve ter uma função bem definida na narrativa, senão é completamente desnecessária. Em Incêndios, ela soa mais como um didatismo desnecessário.

Deve-se elogiar a bela fotografia de André Turpin e a trilha sonora de Grégoire Hetzel que conta ainda com duas ótimas músicas do Radiohead.



O texto a seguir vai revelar detalhes importantes da trama do filme, se preferir, não leia antes de assisti-lo. 




Incêndios é uma reatualização do mito de Édipo, contado pela tragédia grega de Sófocles, Édipo Rei. Na história, Édipo mata o seu pai e casa-se com sua mãe, Jocasta. Em Incêndios, a revelação da identidade do pai e do irmão ocorre em dois momentos. No primeiro momento, temos uma bela cena em que, já sabendo da verdade, Simon pergunta para Jeanne: "Um mais um é sempre dois. Certo?". Ele reitera a pergunta por diversas vezes, até que Jeanne compreende o significado. As duas pessoas que eles estavam procurando são de fato a mesma: o irmão e o pai são um só indivíduo. Simon e Jeanne devem enfrentar o fato de serem fruto de um incesto. A reação da personagem é fantástica (numa ótima interpretação de Mélissa Désormeaux-Poulin). Apenas em um segundo momento a verdade pode ser verbalizada, um processo essencial para a superação da dor.

O filme levanta a questão se vale a pena saber a verdade, mesmo ela sendo terrível. Ao final, ele parece responder que sim.




Assista ao trailer:




sexta-feira, 20 de maio de 2011

Melhores cenas de despedida do cinema - Parte 1

Talvez esse post pudesse ser chamado de Melhores cenas de partidas ou de separação, uma vez que a palavra "despedida" traz um sentimento de aceitação do adeus que nem sempre é verdadeira. O adeus, muitas vezes, é forçado pelas circunstâncias e incompreendido pelas partes que se separam e, muitas vezes, não é verbalizado formalmente: ele pode estar no olhar ou na simples partida. O cinema já nos presenteou com diversas cenas de separação e, como não poderia deixar de ser, resolvi fazer uma das minhas infamadas listas com algumas das cenas que eu amo. 

Gosto de um poema de Elizabeth Bishop (que conheci coincidentemente em um filme, "Em seu Lugar") que fala da arte de perder, e que, para mim, revela um pouco o que é se separar de alguém. A tristeza e melancolia se encontram revestidas pela aceitação da perda, leia: 

Uma Arte

A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. 

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério. 

Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério. 

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério. 

Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. 

Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério. 

Do mais atual para o mais antigo, temos:


1 - Toy Story 3 - 2010

A despedida de Andy e de seus brinquedos
Toy Story 3 tem pelo menos duas cenas que são extremamente marcantes para mim. A primeira é a aquela em que os brinquedos enfrentam a morte/destruição face a uma incineradora. A outra é esta maravilhosa cena final, em que Andy deve se despedir de seus brinquedos, doando-os a uma menininha, em um lindo ato de solidariedade. É uma cena que representa também a despedida da infância, o fim de uma fase e o início de uma outra etapa na vida do personagem.


2 - Encontros e desenconcontros (Lost in translation) - 2003

O que Bill Murray falou a Scarlett Johansson na hora da despedida?

Encontros e desencontros fala de duas "solidões" que se encontram no Japão. Deste encontro, nasce um sentimento muito forte. Sofia Coppola, em um lance de mestre, nos priva das últimas palavras que Bob (Murray) cochicha no ouvido de Charlotte (Johansson). Daí a ambiguidade da despedida, nunca saberemos se do cochicho saiu uma promessa de reencontro. A música "Just like Honey" ainda deixa a cena mais mais bonita.



3 - Central do Brasil - 1998

Isadora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius de Oliveira)

A cena da separação de Isadora e Josué, neste belo filme de Walter Salles, é um dos momentos mais tocantes do nosso cinema. Ao longo deste road movie, vemos a construção da relação dos dois personagens. A separação deles é emocionante para o espectador que se deixa apaixonar pela história de dois indivíduos unidos pelo acaso. 



4 - As pontes de Madison (The Bridges of Madison Count) - 1995 

Meryl Streep e sua dúvida: "Vou com Clint Eastwood ou fico com meu marido?"
Uma das maiores cenas de dúvida do cinema. Francesca (Streep) deve tomar em poucos minutos uma decisão que vai mudar o resto da sua vida: ou ela permanece em sua cidadezinha com seu marido, ou ela parte com o fotógrafo Robert (Clint Eastwood) com quem teve um breve e intenso caso de amor. A cena é magistralmente escrita e se passa em um carro, enquanto chove. A dramaticidade deste momento encontra-se na urgência da decisão e no medo do arrenpendimento. A atuação de Streep contribui para que essa seja uma cena de despedida inesquecível.




5 - E.T. - O extraterrestre (E.T.: The Extra-Terrestria) - 1982 

O abraço de despedida entre o E.T. e Elliott






Após sua experiência na Terra com Elliott e sua irmãzinha, E.T. deve voltar a seu planeta. Ao som da maravilhosa trilha sonora de John Williams, acompanhamos a despedida desses melhores amigos. Enfim, esta clássica cena  dispensa comentários! 


 6 - Pollyanna - 1960


A estrela-mirim Hayley Mills
A versão cinematográfica de 1960, do livro homônimo de grande sucesso, não é  lembrada hoje em dia. A história açucarada da menina alegre, que sempre procurava ver o lado bom das coisas, foi transposto neste filme fofo da Disney.  Ao final da história, Pollyanna sofre um acidente e perde a capacidade de andar. Toda a cidade vem, então, a sua casa para mostrar solidariedade e se despedir da menina que será levada para um hospital, para o seu tratamento. Uma cena emocionante, digna de boas lágrimas. 


7 - Casablanca - 1942



Bogart e Bergmam
Talvez esta seja a cena mais romântica do cinema e uma das mais belas despedidas. Rick Blaine (Humphrey Bogart), abnegado, pede para Ilsa (Ingrid Bergman) partir com seu marido, grande herói da resistência nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, para quem ela pode dar o apoio necessário na luta contra o nazismo. E para completar a magia da cena (neste filme recheado de grandes frases), Rick diz: "Sempre teremos Paris". 


8 -  As vinhas da ira (The grapes of wrath) - 1940


Jane Darwell e Henry Fonda - despedida de mãe e filho

Baseado na clássica obra homônima do escritor americano John Steinbeck, este filme de John Ford é um poderoso retrato dos Estados Unidos na época da grande depressão.  Ao final do filme, Tom Joad (Fonda), o protagonista, decide se engajar na luta pelos direitos sociais. Ele, que já é um ex-condenado, deve então viver como um fora-da-lei e, para a segurança da sua família, deve abandoná-la. A cena em que ele se despede da sua mãe, interpretada por Jane Darwell, é maravilhosa e o pequeno monólogo do personagem é belíssimo. 




9 - E o vento levou... (Gone with the wind) - 1939


Scarlett e Rett: uma despedida com gosto de "pé na bunda"
O filme mais famoso de todos os tempos, também tem uma das melhores cenas de despedida. Rett Butler (Clark Gable) cansado da temperamental Scarlett (Vivien Leigh), resolve pôr um fim no relacionamento dos dois, justo no momento em que ela descobre que o ama. Toda a cena é fantástica, pois Scarlett acostumada a conseguir tudo o que quer, implora para ele ficar de todas as maneiras possíveis, até ouvir a frase: "Frankly my dear, I d'ont give a damn!". Alguns ficam com pena da grande (anti)heroína, outros acham que Rett aguentou até demais. Por fim, algo é certo: esta é a maior separação do cinema, apesar de Scarlett jurar que vai reconquistá-lo. 





Veja as outras listas do Clube do Filme:


 http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/03/declaracoes-de-amor-no-cinema-2.html

 http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/03/cenas-que-eu-amo-melhores-choros-do.html

 http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/02/cenas-que-eu-amo-dancas-no-cinema-1.html

 http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/02/frases-do-cinema-declaracoes-de-amor.html

 http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/02/os-melhores-insultos-do-cinema-1.html

 http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/01/cenas-que-eu-amo-musicas-em-filmes-1.html

 http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/01/cenas-que-eu-amo-musicas-em-filmes-2.html

http://clubedofilmeleleo.blogspot.com/2011/03/os-melhores-beijos-do-cinema-parte-1.html