segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Marnie - Confissões de uma ladra (1964)

Mais um Hitchcock! Explico: tenho que fazer o "sacrifício" de ver uma parte da filmografia do diretor inglês para uma disciplina da faculdade.

Muitos viram a cara, torcem o nariz para este filme. Tive a curiosidade de buscar a opinião de algumas pessoas que o viram e, enquanto uma minoria o descreve como genial, brilhante o melhor de Hitch, a maioria não gosta mesmo e alguns detestam! Marnie faz parte do final da carreira do diretor e não teve um orçamento considerável como "Os pássaros", por exemplo. Para variar, Hitchcock teve dificuldade para encontrar atores para os papéis do filme. Por exemplo, ele queria Rock Hudson e ganhou Sean Connery para o papel principal. Já Tippi Hedren (a mesma do já mencionado Os pássaros) não deveria ser nunca a primeira opção do diretor, se ele tinha algum juízo. 

Marnie é um filme que definitivamente não tem nada do humor delicioso de Hitchcock. A sinopse nos leva a crer que será um filme leve e engraçadinho como Ladrão de casaca, observe: uma ladra em série se vê como alvo da paixão da sua próxima vítima (detalhe: ele sabe que ela é uma ladra). Mas o filme não tem nada de comédia, ao contrário, é pesado e incômodo, um verdadeiro drama psicológico. E chamá-lo de drama psicológico é extremamente adequado, já que é, provavelmente, o filme mais freudiano do diretor. "Sexo" é uma palavra que aparece em filigrana durante todo o filme, o que não poderia ser mais freudiano.

Tippi Hedren dá vida a uma ladra de vários nomes e um grande trauma de infância. O esforço dela é comovente no papel; a personagem é interessante e ela dá o máximo que o modesto talento dela permite. Ela está melhor e mais bonita em Marnie, mas sua voz fina e infantil me incomodou muito mais desta vez. O drama, inclusive, permite que ela tenha boas cenas (mas é inevitável não imaginá-las com uma atriz melhor). Quanto a Sean Connery... dois anos antes, ele tinha feito a sua estreia como James Bond. Em Marnie, ele desempenha eficientemente o papel do apaixonado que deseja salvar sua amada de sua vida de crime e de seu trauma infantil. Para mim, Louise Lathan, a atriz que interpreta a mãe de Hedren, é a que mais se destaca e ela só tem duas cenas. Ao final, Marnie é um filme que tem grandes momentos dramáticos e pouco suspense. Acredito que, nos dias de hoje, o tema abordado possa parecer um pouco démodé e sua força dramática empalidecer. 

Ao que parece, pertenço à rara categoria daqueles que nem amaram e nem odiaram o filme. De qualquer maneira, vale a pena conferir este Hitchcock mais dark

Trailer (sem legendas):

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