quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Albert Nobbs - 2011

Título original: Albert Nobbs
País: Inglaterra / Irlanda
Lançamento: 2011
Diretor: Rodrigo García
Atores: Glenn Close, Janet McTeer, Mia Wasikowska e Aaron Johnson
Gênero: Drama


Glenn Close como Albert Nobbs

Depois de um longo período sem se envolver em projetos de destaque no cinema, Glenn Close volta com tudo em 2011, pronta para dar o que falar na temporada de premiações. A atriz de Atração Fatal foi uma estrelas de maior prestígio nos anos 80, chegando a concorrer 5 vezes ao Oscar (1983, 1984, 1985, 1988 e 1989). A partir dos anos 90, ela teve dificuldade em encontrar trabalhos interessantes. Os bons papéis dificilmente batem na porta de uma atriz de mais de 40 anos em Hollywood (exceto se ela for Meryl Streep). O maior sucesso de Close, desde Ligações Perigosas, foi 101 Dálmatas - O Filme (1996). Mesmo emendando elogiados trabalhos na televisão americana, em The Shield (2005) e Damages (2007-2011), muitos defendiam que a atriz merecia uma nova chance de brilhar no cinema. Outros já apostavam que ela entraria para a lista dos atores que mais concorreram ao Oscar sem ganhar, mais uma injustiçada. Mas eis que, este ano, Close ressurge das cinzas com um projeto pelo qual ela lutou por anos para levar aos cinemas e que poderá revitalizar sua carreira, assim como a levar rumo à estatueta dourada, 22 anos após sua última indicação. A única coisa que pode atrapalhar a atriz é a qualidade do filme, que não faz jus à qualidade de sua performance.

Estamos falando de Albert Nobbs. O filme, dirigido por Rodrigo Gargía, conta a história do personagem-título (Glenn Close), valet de uma pensão na Irlanda do século XIX. Ninguém sabe que o sério e respeitável senhor é na verdade uma mulher. Quando Hubert (Janet McTeer), que passa pela mesma situação de Albert, aparece na pensão, o criado começa a ver outras possibilidades para sua vida. A história de Hubert dá esperanças a Albert. Hubert é casado com outra mulher e Albert, que é secretamente apaixonado pela jovem empregada Helen Dawes (Mia Wasikovska), começa a acreditar que é possível conquistá-la, casar-se com ela e iniciar uma nova vida. Helen, no entanto, se envolve com o aproveitador Joe Macken (Aaron Johnson), novo empregado da pensão; o que instaura um triângulo amoroso insólito.

A premissa do filme revela-se extremamente interessante, uma vez que uma mulher no século XIX, não poderia exercer certas funções de acordo com as normas sociais da época. Para sobreviver, é verossímil acreditar que muitas se sentissem obrigadas a se travestir a fim de obter determinados trabalhos. A questão da orientação sexual é também intrigante. Afinal, como manifestar a homossexualidade no século XIX? Ainda mais sendo mulher e pobre? Levando todas essas questões em consideração, podemos nos identificar com o drama vivido pela personagem principal. O roteiro do filme é baseado no conto de George Moore e foi escrito por Glenn e John Banville. Se o trabalho de Close como roteirista fosse tão interessante quanto sua composição como atriz, teríamos um filme mais bem-sucedido.

O principal problema do roteiro é que, mesmo se aproximando eventualmente do melodrama, raramente consegue emocionar. O filme é tão frio quanto a paisagem invernal irlandesa. E se a premissa nos faz pensar em uma história lacrimejante ou emocionante, o arco dramático do longa revela-se, sobretudo, insosso. Mesmo acertando ao mostrar a realidade dos criados e a dos senhores à la Assassinato em Gosford Park (2001), o roteiro não permite que nos identifiquemos com Albert ou Helen (que é uma figura quase antipática, o que não funciona para se contar uma história de amor). O final do filme é tão insatisfatório que faz com que esqueçamos os acertos do mesmo. Saímos do filme com a sensação: “ok, é uma história triste e daí?”. Mas o problema do roteiro é agravado pela direção fria e burocrática de Rodrigo García (filho do fantástico escritor colombiano Gabriel García Marquez).

O filme, no entanto, não é desprovido de qualidades. São belíssimos a fotografia, a direção de arte e o figurino do filme, que reconstituem brilhantemente a Irlanda do século XIX. O espectador realmente se sente imerso em outro universo. A atuação de Glenn Close é o absoluto oposto do que ela faz em Atração Fatal, por exemplo. Sua composição é minuciosa e extremamente contida. A atriz não precisa mais do que um olhar para comunicar uma emoção. E, por mais que o roteiro seja falho, ele cria momentos em que a atriz pode brilhar, como aquele em que Albert se veste como mulher e experimenta a sensação de liberdade. Já Janet McTeer, igualmente excelente, encarna o personagem mais simpático do filme e suas cenas estão entre as melhores do longa-metragem. As duas atrizes seriam fortes candidatas ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, mesmo que seja ainda um pouco cedo para garantir as indicações de ambas. O resto do elenco também não deixa a desejar com destaque para Pauline Collins (ótima), Brendan Gleeson, Mia Wasikovska e Aaron Johnson.

Albert Nobbs não corresponde, infelizmente, às expectativas que poderíamos colocar no projeto. A memorável performance de Close é, sem dúvida, um motivo mais que suficiente para conferir o longa. No entanto, é inevitável pensar o que poderia ter sido o filme, se ele fosse escrito e dirigido por outrem.




6 comentários:

  1. Eu, particularmente, torço por Close nesse Oscar. Já ouvi algumas críticas de Albert Nobbs que abaixaram minhas expectativas, mas minha esperança de Glenn Close ganhar de Meryl Streep em A Dama de Ferro não morre, hehe.
    Abração

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  2. Estou na expectativa para ver esse filme, adoro Glenn Close.

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  3. Nossa, concordo plenamente com tudo que você disse. Chega a ser um desapontamento, pois como fã da atriz e por vê-la lutar tanto pelo projeto ao ver o material final só consigo pensar que o motivo da luta tão grande dela é pelo material original ser igualmente ruim. Gosto muito da sua atuação comedida e minuciosa, mas esperava um dramalhão e o filme é frio e calmo demais. Não insita nenhum interesse.

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  4. Quem espera uma Glenn Close grandiosa, vai se decepcionar. Ela está mais feia do que nunca (sem maquiagem). rsrsrs Não é tanto pela interpretação mas pq ela tem um físico muito feminino. Só com muito boa vontade a gente acredita que ela seja homem ou q os outros acreditem q ela seja homem. Tipo o Clark Kent q qdo tira os óculos e vira Super-Homem. O roteiro é pobre, previsível e cheio de clichês. Uma boa premissa desperdiçada. É daqueles filmes q a gente termina de assistir e pergunta: "E daí? Quem dá a mínima? Pq perdi meu tempo assistindo isso?" E mais: "Pq investiram milhões de dólares pra fazer isso?"

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  5. O gosto muito da Glen Close e considero seu desempenho na série "Damages" formidável, o que me deixa ainda mais curioso para ver este filme. Já estou com ele e pretendo vê-lo em breve!

    http://sublimeirrealidade.blogspot.com/

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