sábado, 28 de janeiro de 2012

Os Descendentes - 2011

Título original: The Descendants
Lançamento: 2012 
País: Estados Unidos
Direção: Alexander Payne
Atores: George Clooney, Shailene Woodley, Amara Miller, Nick Krause.
Duração: 115 min
Gênero: Comédia Dramática

Matt King (George Clooney)Alexandra (Shailene Woodley) e Scottie (Amara Miller) 

Alexander Payne parece ser um daqueles diretores de quem sempre podemos esperar algo muito bom. O cineasta americano de 50 anos tem apenas seis longas-metragens no currículo em 27 anos de carreira. Sem dúvida, Payne dá muito mais valor à qualidade do que à quantidade. Seus maiores sucessos são os excelentes Eleição (1999), As Confissões de Shmidt (2002), Sideways - Entre Umas e Outras (2004) e o seu mais novo projeto Os descendentes (2011). Grande parte da filmografia do diretor se caracteriza pela sua habilidade em contar histórias simples sobre pessoas comuns que se vêem obrigadas pelas circunstâncias a encarar um acontecimento que mudará as suas vidas. Uma das grandes qualidades do diretor é que ele sabe dosar como poucos a comédia e o drama, o trágico e o cômico. E por mais que seus filmes sejam, por vezes, extremamente tristes, eles são também reconfortantes e otimistas. Payne que, além de dirigir, se incumbe dos roteiros de seus filmes, é um cineasta que veicula uma visão bastante afetiva do ser humano e a sensibilidade com a qual ele constrói cada personagem é uma prova disso. 

Os descendentes conta a história de Matt King (George Clooney), bem-sucedido advogado residente no Hawaii que deve lidar com o fato de que sua mulher não acordará mais de um coma provocado por um grave acidente de barco e com a iminência de uma eutanásia. O acidente faz com que Matt se aproxime de suas filhas, Alexandra (Shailene Woodley) de dezessete anos e Scottie (Amara Miller) de dez. Não bastasse o sofrimento advindo da inevitável morte de sua mulher, o protagonista descobre que ela estava mantendo um caso extraconjugal e que planejava se divorciar. Paralelamente a esses problemas pessoais, Matt deve decidir o destino das terras que pertenciam a sua família e que se encontram numa paradisíaca ilha do Hawaii.  Não é a primeira vez que o cinema retrata uma família cujo pai é ausente, completamente absorto pelo trabalho. Em Os descendentes, o espectador pode apenas imaginar como era a dinâmica da família King antes do acidente. Pelos depoimentos dos outros personagens, podemos constatar que Matt não foi o melhor dos maridos ou o melhor dos pais e, após a tragédia, ele deve lidar com a dilacerante culpa. 

O título do filme é cheio de significados. Ele faz referência àqueles que permanecem após a morte da mãe e à família de King, que faz parte de uma linhagem nobre do Hawaii. O título pode ser entendido também como "aqueles que descem", uma vez que Matt e sua família chegam ao fundo do poço e devem, a partir de lá, se reerguerem juntos. O belíssimo roteiro de Payne, baseado no romance de Kaui Hart Hemmings, acompanha com sensibilidade a jornada de Matt, o processo de aceitação da perda e de reconstrução familiar. Payne confere a cada acontecimento o seu tempo, construindo uma narrativa que dá muito mais importância aos  personagens e às suas emoções do que aos eventos da trama propriamente ditos. 

Além do excelente roteiro, o filme conta com atuações inspiradas. George Clooney oferece a melhor performance de sua carreira: contida, sincera e sem maneirismos. Ele deixa de lado sua persona de galã e constrói um personagem frágil e humano. A naturalidade e simplicidade de sua interpretação caem como uma luva ao papel. Destacando-se como uma das grandes revelações do ano, a ótima e jovem Shailene Woodley forma uma dupla perfeita com Clooney e o filme muito se beneficia da excelente química entre os atores. O filme ainda conta com participações inspiradas de Robert Foster, Judy Greer e da garotinha Amara Miller. 

A bela trilha sonora, recheada de canções havaianas, a fotografia e a montagem do filme contribuem para o tom melancólico do longa-metragem. Os descendentes foi indicado a cinco Oscar's (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Montagem). Alexander Payne prova mais uma vez que é um mestre em contar histórias simples e emocionantes, fazendo com que nos identifiquemos com seus personagens falhos, humanos e apaixonantes. 




7 comentários:

  1. Os Descendentes é um filme muito sincero, com um elenco afiado. Alexander Payne acertou novamente.

    http://peliculacriativa.blogspot.com/2012/01/critica-descendants-os-descendentes.html

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  2. Realmente, mas um passo inteligente e sensível de Payne.

    O Falcão Maltês

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  3. Parece ser um bom filme, gostei. Um abraço!

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  4. realmente a história do filme parece ser bem triste, mas emocionante.

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  5. Gostei da sua crítica Leonardo. Não posso deixar passar este filme, até porque Clooney quando bem direcionado se mostra um ator no ponto.
    Não duvido da competência de Payne que já tem filmes ótimos em sua filmografia.

    Grande abs!

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  6. Gostei mais da sua crítica do que do filme em si, que achei bom com boas atuações e singelo e sutil no trabalho com os sentimentos, entretanto, não está entre os meus melhores da lista dos indicados ao melhor filme no oscar deste ano.

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  7. O Clooney precisava de um filme assim.
    Já me cansei daquele arquetipo dele, de ator galã sem emoção, com frases feitas.
    Não vi "Os Descendentes", mas pela crítica parece ser do tipo que eu gosto... Vou conferir.

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