quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo - 2011

Título original: Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo
Lançamento: 2011 
País: Brasil
Direção: Hugo Carvana
Atores: Tarcísio Meira, Gregório Duvivier, Flávia Alessandra, Mariana Rios.
Duração: 99 min
Gênero: Comédia

Tarcísio Meira, Gregório Duvivier em cena do filme.

É raro se deparar com um filme que desperta sentimentos tão variados quanto sono, vergonha alheia, raiva e tristeza. Foi este o poder que teve sobre mim o lançamento nacional Não se preocupe, nada vai dar certo. Ao título, faltou acrescentar obviamente o parênteses “inclusive o filme”, já que a produção é um acúmulo de erros do início ao fim. Trocadilhos a parte, dói-me ver o veterano e respeitado ator Hugo Carvana ter em seu currículo essa bomba homérica. Carvana, que assina a direção do longa, dá a impressão de ser completamente iniciante no cinema. 

O filme conta a história de Lalau (Gregório Duvivier), um comediante de stand up (muito sem graça por sinal), filho de um golpista de marca maior, Ramon Velasco (Tarcísio Meira), que se faz passar por um famoso guru em troca de uma grande soma em dinheiro. Se o argumento promete uma boa comédia, a execução é uma verdadeira tragédia. Carvana teve a idéia até interessante de mesclar a ação com o show de stand up de Duvivier, como uma forma de pontuar e narrar a história. Mas o show do rapaz é tão sem graça e a montagem é tão mal feita, que o recurso acaba mais atrapalhando que ajudando. Talvez por isso o diretor tenha resolvido abandoná-lo logo após a metade do filme.  

O roteiro de Paulo Halm está entre as coisas mais bisonhas que já pude conferir no cinema nacional. Além da fragilidade da história, muito mal amarrada e cheia de furos, e da inverossimilhança da trama, o roteiro falha por não conseguir criar uma única fala engraçada. Em uma sala de cinema bem vazia (será que as pessoas já sabiam da qualidade do filme e não me avisaram?) o silêncio era sepulcral nas várias tentativas fracassadas do longa de fazer rir. Mas não é só o roteiro que deixa a desejar, a falta de energia da direção é tamanha que nos primeiros 30 minutos da enfadonha introdução, temos o ímpeto de abandonar a projeção. Mas, se você insistir e ficar na sala, verá que a falta de energia e a montagem inexplicável continuam até o fim. (O que dizer dos cortes abruptos que insistem em mostrar os personagens tendo a mesma conversa em locais diferentes, ou que ligam uma cena a outra sem a mínima coerência?). Outro detalhe que vale ser comentado é a insistência do roteiro em colocar os atores recitando poemas consagrados, sem a mínima justificativa ou motivação para isso. Os dois momentos musicais do filme também desafiam qualquer lógica, o último mais parecendo o final de um episódio do humorístico Sai de Baixo.

Chegamos agora à parte da vergonha alheia. Tarcísio Meira encarna um golpista que alterna momentos de pura senilidade e outros em que parece ser o único personagem inteligente da trama. Já outros famosos globais que compõe o elenco, como Flávia Alessandra, Herson Capri e Guilherme Piva não têm o que fazer com personagens tão unidimensionais e nem um pouco interessantes. As personagens de Lu Grimaldi e Ângela Vieira deixam as atrizes em situações muito constrangedoras e embaraçosas. Quem se dá menos mal é a jovem Mariana Rios que, por ter uma participação relâmpago (e injustificável), sai incólume ao filme. Já o protagonista Gregório Duvivier exibe aqui e ali um verdadeiro talento que poderia ter sido muito melhor aproveitado se não fosse boicotado pelo roteiro.

Não se preocupe, nada vai dar certo é, infelizmente, um filme que deixa a desejar em praticamente todos os aspectos, sendo difícil imaginá-lo, inclusive, como um especial da Globo. O longa, no entanto, contém em seu germe uma ideia que poderia gerar uma boa comédia. É triste ver um investimento tão mal utilizado, sendo que tantos bons cineastas brasileiros encontram dificuldade para realizarem seus projetos e tão pouco espaço na mídia e dinheiro para fazerem o marketing de suas produções. 

Assista ao trailer:


Um comentário:

  1. Esse filme é um lixo. Não acredito que perdi 1h30 da minha vida com isso.

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