Título original: Super 8
Lançamento: 2011
País: EUA
Direção: J.J. Abrams
Atores: Joel Courtney, Riley Griffiths, Elle Fanning, Ryan Lee.
Duração: 112 min
Gênero: Ficção Científica
Elle Fanning e Joel Courtney em cena do filme |
J.J. Abrams dirigiu e roteirizou Super 8. O diretor ganhou notoriedade nos anos 2000 após dirigir episódios do famoso seriado Lost (do qual também é co-criador). Sempre na ativa e com muitos trabalhos na televisão americana, como diretor e produtor de séries, Abrams encontrou um tempinho nos últimos anos para se dedicar também ao cinema e dirigiu três longas-metragens: Missão: Impossível III (2006), Star Trek (2009) e este Super 8 (2011). Apesar de contar com a produção de Steven Spielberg, o filme de 2011 é o menos interessante da sua ainda curta filmografia.
Super 8 se passa no verão de 1979 e conta a história de um grupo de amigos formado por Joe (Joel Courtney), Charles (Riley Griffiths), Cary (Ryan Lee), Martin (Gabriel Basso) e Preston (Zach Mills). Eles estão gravando um filme amador em 8mm (daí o título em referência à câmera Super 8) e convidam Alice (Elle Fanning) para ser a protagonista. No meio da gravação de uma das cenas, os adolescentes testemunham o descarrilamento de um trem. Por causa do acidente, um monstro alienígena é libertado e passa a aterrorizar a cidade em que vivem os meninos.
A maioria dos críticos apontam o quanto Super 8 bebe na fonte de clássicos como E.T. - O extraterrestre (1982), Os Gonnies (1985), Contatos imediatos do Terceiro Grau (1977) e até mesmo do recente Cloverfield (2008), entre outros. Abrams parece fazer uma homenagem não só a um gênero (ou subgênero), a aventura/fantasia sci-fi, mas, sobretudo, ao seu cineasta ícone, Steven Spielberg. No filme, estão presentes alguns elementos temáticos recorrentes no cinema de Spielberg, como a passagem da infância para a adolescência, o crescimento, a relação pai e filho e a presença humanizada do extraterrestre. Também vemos inspirações técnicas, como o uso de certos movimentos de câmera, como o travelling se aproximando do rosto dos atores. Outro artifício spielbergiano utilizado por Abrams é adiar ao máximo a exibição do monstro, como foi feito em Tubarão (1975). Até mesmo detalhes, como a presença de bicicletas nos remete à filmografia de Spielberg.
Se o filme provoca uma deliciosa nostalgia, ao mesmo tempo, ele não consegue, nem de longe, se equiparar aos longas que homenageia. Os trinta minutos iniciais do filme são excelentes, com destaque para a cena do descarrilamento do trem, que é de tirar o fôlego, mas, a partir deste momento, o filme perde completamente a sua força, tornando-se previsível e sendo dominado por clichês. O problema maior, no entanto, não é sentirmos que já vimos este filme antes, é sabermos que já o vimos mais bem contado, já que o longa de Abrams apresenta vários furos em sua narrativa. A relação problemática de Alice com seu pai nunca se torna clara, já o que não sabemos o que o personagem faz para ser considerado um mau elemento. O mesmo ocorre com a relação de Joe e seu pai, que jamais é bem explorada pelo roteiro. O acidente inicial que provocou a morte da mãe de Joe, também fica na obscuridade. O que o monstro faz com suas vítimas e sua motivação ao capturar algumas pessoas também acabam sendo incógnitas no filme.
Abrams acerta, inicialmente, ao mostrar a relação dos adolescentes e ao construir sua história sob o ponto de vista deles. Infelizmente, o diretor não investe nesta relação, preocupando-se muito mais em realizar impactantes cenas de suspense, que apesar de bem realizadas, não contribuem para o sucesso da narrativa. Isto é uma pena, principalmente, porque as melhores cenas do filme são aquelas em que os garotos se interagem, como na ótima sequência que antecede o desastre do trem e que mostra o ensaio dos meninos. Dos seis adolescentes, apenas três ganham efetivo destaque: Joe, Alice e Charles. Merece elogios a maneira sensível com a qual o diretor retrata a descoberta amorosa de Joe e Alice. Deve-se destacar ainda o carisma do jovem ator Joel Courtney e o talento e beleza de Elle Fanning.
A produção técnica do filme merece elogios por reconstituir muito bem o final da década de 70, prestando devida atenção aos detalhes, como as músicas, a tecnologia, as roupas e os carros da época. A trilha sonora de Michael Giacchino pontua muito bem a história, carregando um tom saudosista, já que parece ser inspirada nas trilhas dos filmes de aventura dos anos 80.
Super 8 está longe de ser um fiasco ou mesmo um filme ruim, mas o seu maior mérito é o de reconstituir, mesmo que parcialmente, uma aura de inocência e diversão, presente nos filmes de aventura e fantasia dos anos 80. Quanto a mim, vou correndo assistir Os Gonnies!
Assista ao trailer:
Tive a mesma sensação... saudades de Gonnies. Beijos.
ResponderExcluirÉ um filme digno do Spielberg dos anos 80, mas que, pra mim, não se encaixou à década de 2011. Uma bela homenagem que trouxe nostalgia, mas que acabou com as minhas expectativas alguns minutos após a cena do trem. Assino embaixo de tudo o que disseste em teu texto!
ResponderExcluirAbraços