segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Chaplin (1992)

Título original: Chaplin
Lançamento: 1992
País: EUA
Direção: Richard Attenborough
Atores: Robert Downey Jr., Geraldine Chaplin, Paul Rhys, John Thaw.
Duração: 144 min
Gênero: Drama


Charlie Chaplin, ou Charles Spencer Chaplin, nasceu em 1889, em Londres. Ele, que viria a ser o maior ícone do cinema de todos os tempos, teve uma infância pobre e extremamente difícil. Seu pai, cantor e alcoólatra, o abandonou quando tinha apenas três anos e morreu quando Chaplin tinha doze anos. Sua mãe, também cantora, sofria de crises nervosas e foi se tornando cada vez mais emocionalmente instável, chegando a ser internada duas vezes em um asilo londrino.


 Aos cinco anos, Chaplin estreou nos palcos, substituindo sua mãe que acabara de ter uma crise nervosa em meio a uma apresentação. Chaplin tinha um meio-irmão mais velho, Sidney, de quem se tornou muito próximo e que o acompanhou por muitos anos. O jovem Charles chegou a passar por reformatórios e internatos. Em 1910, ele começou uma turnê nos Estados Unidos com o produtor de talentos Fred Karno e, em terras americanas, ele desenvolveu seu talento, entrando para o mundo do cinema em 1913, através do convite do produtor Mack Sennett, que havia visto uma performance do comediante. 


A abertura de Chaplin, o filme de 1992, mostra o ator retirando meticulosamente sua maquiagem de Carlitos ou O Vagabundo, seu personagem mais celebrado e conhecido. O filme faz entender, desde a cena de abertura, que pretende descobrir a verdadeira identidade de um gênio. O roteiro adota a estratégia de abordar fatos importantes da vida do artista através de uma entrevista informal que Chaplin teria tido com o editor de sua autobiografia, Minha vida (1964). O editor, que em cena é interpretado pelo grande Anthony Hokins, é o único personagem ficcional do longa. 


O filme foi dirigido por Richard Attenborough, diretor que ganhou o Oscar em 1983 por outra cinebiografia, Gandhi. Attenborough tem a difícil tarefa de contar os 78 anos de vida de um prolífico artista, em pouco mais de duas horas. O diretor ainda brinca, pontualmente, com o estilo e a montagem do cinema mudo, adicionando aqui e ali artifícios típicos da linguagem deste cinema. Apesar de burocrático e convencional, como muitas cinebiografias, o filme consegue se sustentar muito bem graças à opção do roteiro em abordar com certa agilidade os principais acontecimentos da vida do grande astro. Assim, por mais que tenhamos a sensação de que muitas fases da vida de Chaplin são tratadas muito rapidamente e, mesmo superficialmente, este artifício garante, ao menos, que o filme tenha certa energia e não se torne cansativo. 


Assim, vemos retratados a iniciação de Chaplin no cinema; as distribuidoras pelas quais ele passou; a amizade com a estrela Douglas Fairbanks; seus muitos casamentos; seu interesse por mulheres bem jovens; seu perfeccionismo; seu posicionamento político e sua expulsão dos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, ao ser considerado comunista. O filme ainda retrata o multifacetado artista como um indivíduo humanista, audacioso e melancólico, ainda que tenha feito do humor o seu ganha-pão. 


Nomes famosos do cinema fazem pequenas participações no filme. Além do já mencionado Anthony Hopkins, temos Dan Aykroyd, Kevin Kline, Milla Jovovich e Diane Lane. Geraldine Chaplin, filha de Chaplin, interpreta sua própria avó e tem umas das melhores cenas do longa, em uma participação pequena, mas muito bonita. O talentoso Robert Downey Jr. foi merecidamente indicado ao Oscar por interpretar Chaplin. Sua composição é inteligente e foge completamente da pura imitação. 


Outros aspectos do filme que merecem elogios é a direção de arte, figurino e maquiagem que fazem um bom trabalho ao reconstituir quase 80 anos de história. A trilha sonora ficou a cargo do renomado compositor John Barry, que faleceu este ano aos 77 anos, e que tem no currículo trabalhos em filmes da franquia 007 e no filme Dança com os lobos (1990), além de 5 Oscar’s. A música de Barry é maravilhosa e talvez seja superior ao próprio filme. 


Chaplin, o filme, é uma ótima oportunidade para se conhecer um pouco mais da obra e da vida do ator, diretor, produtor, comediante, dançarino, roteirista e músico britânico. Mas, como o próprio Chaplin afirmou certa vez, a melhor maneira de conhecê-lo é através de seus filmes; e revisitar ou descobrir a obra inigualável deste gênio não é nenhum sacrifício. 



Autobiografia:


Minha Vida

Ed. José Olympio


Biografias:


1 – Chaplin - uma vida

Autor: Stephen Weissman


2 – A vida de Charlie Chaplin

Autor: David Robinson



Principais filmes de Charlie Chaplin:


O Imigrante (1917)

Idílio no Campo (1919)

O Garoto (1921)

Em Busca do Ouro (1925)

O Circo (1928)

Luzes da Cidade (1931)

Tempos Modernos (1936)

O Grande Ditador (1940)

Monsieur Verdoux (1947)
Luzes da Ribalta (1952)



Trailer do filme Chaplin (1992):



Matéria publicada originalmente na minha coluna no Somos Biografia.


2 comentários:

  1. É um ótimo drama biográfico valorizado pela sensacional caracterização de Robert Downey Jr.

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Belo review sobre o filme biográfico. Assisti este na época, no cinema, aos 13 anos, já um chaplinmaníaco convicto. Na ocasião adorei o chaplin encarnado pelo Downey Jr. e me encantei pelo filme. Hoje, revendo, acho mesmo bastante compactado (o que você explicou aqui muito bem), a fase posterior a Luzes da Ribalta fica toda de fora da trama! Mesmo assim, é um bom trabalho! Parabéns pelo blog. Marcello Gabbay.

    ResponderExcluir