domingo, 13 de março de 2011

Psicose (1960)

Janet Leigh na mais famosa cena de chuveiro de todos os tempos

Psicose, uma das quatro obras-primas mais conhecidas de Hitchcock, é um clássico do terror que permanece tão perturbador quanto a 50 anos atrás. O terror do filme, no entanto, vem menos do enredo do que da maestria com que Hitchcock dirige o espectador. O mestre inglês manipula seu público, a seu bel-prazer, nos deixando a par do que o ocorre em um sinistro hotel de beira de estrada, mas nunca nos revelando tudo de uma vez só... 

Ao assistir o filme pela segunda vez, depois de um long hiato, me surpreendi com a bela fotografia em preto e branco do filme, uma das responsáveis pela construção de uma atmosfera sombria e tensa. E existe certa frieza na maneira com que o diretor conduz sua narrativa que aumenta ainda mais a sensação de desconforto. Longe de conter uma tragédia amorosa, como em O corpo que cai, o filme nos apresenta falsas pistas com relação ao centro de sua intriga. Logo na primeira cena do filme, a câmera invade um quarto de motel onde dois amantes aproveitam uma hora furtiva durante o dia... Mas o filme não conta uma história de amor. Depois, a mesma moça do motel (Janet Leigh) rouba uma grande soma de dinheiro do escritório em que trabalha, mas tampouco a trama do roubo é o centro do filme. E (não leia esta frase se você não tiver a mínima idéia do que acontece filme e se quiser assisti-lo antes) é no mínimo inusitado que a protagonista, apresentada a nós como tal, seja assassinada na metade do filme.

Uma das tiradas de gênio de Hitchcock é a maneira com que ele nos despista, para nos apresentar quase na metade da projeção uma trama macabra, representada pelo fantástico personagem Norman Bates e o seu hotel no meio do nada. Bates é uma das personalidades mais interessantes do cinema, tendo sido imortalizado pelo grande ator Anthony Perkins. É brilhante a forma com que Perkins constrói seu personagem: a princípio, um jovem naturalmente simpático e agradável que pouco a pouco vai mostrando seu desequilíbrio. Há alguns posts atrás, eu disse que Marnie era o filme mais "freudiano" do diretor, mas Psicose não fica muito atrás, o que o título em si já revela. Toda a questão do complexo de Édipo e outras questões de ordem psicanalítica estão envolvidas na relação do reprimido Bates com sua mãe.

A cena mais célebre do filme é tão famosa, que a maioria das pessoas a conhecem sem nunca ter visto o filme. E não é por acaso que ela se tornou um marco na história do cinema e é considerada, até hoje, como a cena mais assustadora de todos os tempos. O mais interessante é observar que a sequência é construída como uma sucessão de cortes ritmados pela trilha sonora e pelo som da faca. E se observarmos atentivamente, vemos que em nenhum momento a arma sequer encosta na atriz. A violência está na genial montagem de Hitchcock e na trilha sonora de arrepiar de Bernard Herrmann.

Psicose é cinema no que ele tem de melhor... A última cena e o último olhar de Norman Bates são deliciosamente assustadores. 

Anthony Perkins, fantástico e assustador como Norman Bates





Trailer do filme:

2 comentários:

  1. João Marcos- Na minha opinião o filme mais sinistro de todos os tempos. Classicaço, nunca me canso de assistir

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  2. Muito bom mesmo. Também gosto muito da parte que o Detetive vai no hotel e enquanto olha os regitros, ele se aproxima mastigando e virando rosto. Perfeito

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