sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Bob Dylan e sua cinebiografia

Título original: I'm Not There
Lançamento: 2007
País: EUA, Alemanha
Direção: Todd Haynes
Atores: Christian Bale, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Ben Whishaw, Cate Blanchett.
Duração: 135 min
Gênero: Drama



Bob Dylan é, provavelmente, o cantor/compositor americano mais celebrado de todos os tempos. Ele nasceu em 24 de maio de 1941, no estado de Minnesota, norte dos Estados Unidos. Nos anos 60, suas músicas viraram hinos antiguerra. Em 50 anos de carreira, Dylan explorou diversos estilos musicais: folk, blues, country, gospel, rock and roll, Irish folk music, jazz e swing. Muitas de suas letras são consideradas políticas, filosóficas e falam da vida em sociedade e de si mesmo. A revista Times o elegeu como uma das 100 pessoas mais importantes do século XX e a revista Rolling Stone o escolheu, em 2004, como o segundo maior artista de todos os tempos, atrás apenas dos Beatles. George Harrison afirmou, certa vez, que até mesmo a banda inglesa era fã de Dylan. A música mais famosa do compositor, "Like a Rolling Stone", foi eleita, por diversas vezes, a melhor de todos os tempos. Dylan, além de cantor e compositor, tem outros talentos: é pintor, poeta e já publicou vários livros, entre eles, sua autobiografia. [Confira a matéria da revista Rolling Stone que elegeu as 8 maiores canções de Bob Dylan]


Não estou lá é dirigido por Todd Haynes, responsável também pelo roteiro do longa, ao lado de Oren Moverman. O diretor americano tem no currículo os excelentes Safe (1995) e Longe do paraíso (2002), ambos estrelados por Julianne Moore. A cinebiografia de Bob Dylan idealizada por Haynes revela-se genial por não se contentar em retratar fatos importantes da vida do cantor e, sim, por tentar captar sua essência. Dessa forma, nada melhor do que múltiplos Dylan’s para representar um artista que se reinventou várias vezes e que passou por diversas fases em sua carreira. 


A missão de interpretar o gênio da música foi dividida entre seis atores, cada um representando uma fase e um estilo do cantor. Assim, as diversas facetas de Dylan são personificadas pelos famosos Christian Bale, Cate Blanchett, Heath Ledger e Richard Gere e pelos não tão conhecidos Marcus Carl Franklin e Ben Whishaw. Bale ilustra a fase engajada de Dylan. Ledger mostra o lado família do cantor e seu primeiro casamento. A Cate Blanchett cabe a fase em que o músico se dedicou a guitarra elétrica, período em que o artista era dependente de estimulantes. Gere interpreta um Dylan que quer fugir do sucesso. O garoto Franklin mostra as origens e as principais influências do artista. Por fim, Winshaw é o Dylan-poeta. Cada “personagem” tem um nome diferente, que de certa forma resume a personalidade retratada do artista, Billy the Kid (Gere) e Rimbaud (Winshaw) são dois dos “pseudônimos” atribuídos por Haynes. 


Além de utilizar vários atores, Haynes, auxiliado por seu excelente diretor de fotografia, também atribui um visual específico para cada fase do cantor. Temos, por exemplo, o preto-e-branco agressivo da fase “guitarra”, uma fotografia que lembra imagens de arquivo, na fase política, e, na fase que mostra a origem humilde do artista, uma fotografia que ressalta as cores da paisagem rural. Haynes ainda nos premia com várias metáforas visuais, como a cena em que Blanchett “metralha” seu público ou outra em que ela prende um repórter numa gaiola. 


O longa é ainda beneficiado por um trabalho de elenco primoroso. Dos ótimos Dylan’s o maior destaque é, sem dúvida, a versátil e surpreendente Cate Blanchett. O filme ainda conta com participações fantásticas de Charlotte Gainsbourg, Michelle Williams e Julianne Moore. Não estou lá é um exemplo de uma cinebiografia não convencional e, ao mesmo tempo, extremamente fiel. Sem tentar abarcar toda uma vida em poucas horas e sem querer ser didático, o filme consegue nos transportar para o mundo de Bob Dylan, nos fazendo vivenciar suas diversas facetas.




Bob Dylan

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