segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Amnésia (2000)

Título original: Memento
Lançamento: 2001 
País: EUA
Direção: Christopher Nolan
Atores: Guy Pearce, Carrie-Anne Moss, Joe Pantoliano, Mark Boone Junior.
Duração: 120 min
Gênero: Drama


Amnésia é o segundo longa-metragem de Christopher Nolan, jovem diretor inglês de 41 anos, que vem se firmando como um dos mais interessantes cineastas contemporâneos. Responsável pelos sucessos Batman Begins (2005)Batman - O cavaleiro das trevas (2008) e o recente A Origem (2010), Nolan já se tornou um ídolo aclamado por muitos cinéfilos (apesar de ter também alguns detratores). Amnésia foi o filme que impulsionou a carreira do diretor. Filmado em 25 dias, o longa é baseado em um conto de Jonathan Nolan, irmão mais novo do cineasta, que também atua como roteirista no filme, ao lado de Christopher (ambos foram indicados ao Oscar por esta parceria). Jonathan é o roteirista encarregado dos dois próximos projetos do irmão. 

Amnésia conta a história de Leonard Shelby, um investigador de seguros, que após bater a cabeça, se vê incapaz de criar novas lembranças, sofrendo de perda de memória imediata. O ferimento de Leonard foi causado por um criminoso que invadira sua casa e violentara sua esposa. Alimentado pelo desejo de vingança, Leonard decide caçar o bandido que escapara naquela noite trágica. Para isso, ele cria um método baseado em fotografias, anotações e tatuagens, que o auxiliarão a se lembrar de todas as informações necessárias para chegar até o criminoso. Paralelamente à busca de Leonard, acompanhamos a narração do protagonista de outra história que muito se assemelha à sua; de um homem chamado Sammy Jankis, que sofria também de perda de memória. Leonard conheceu a história de Jankis, durante uma de suas investigações. 

O filme é construído através de uma estrutura engenhosa e complexa. Dois fios narrativos são instituídos, através de duas tramas paralelas. A primeira segue uma ordem cronológica convencional, sendo contada do início para o fim. Esta corresponde à parte filmada em preto-e-branco, em que o caso Sammy Jankis é narrado por Leonard. A outra trama, a principal, já a cores, mostra a busca incessante de Leonard pela identidade de seu algoz. A estrutura desta parte reflete o fenômeno que ocorre na cabeça do protagonista, já que cada sequência é desprovida de um passado. Contada do final para o início, esta trama é constituída de cenas que terminam onde a antecessora se iniciou. Em determinado momento do filme, os dois fios narrativos se cruzam. 

A arquitetura do filme exige certo esforço de reconstituição por parte do espectador, que deve deixar de lado sua cômoda passividade de receptor e participar ativamente na construção do quebra-cabeça proposto pelo longa. Apesar da estranheza inicial, o espectador atento consegue rapidamente embarcar no ritmo da história. O thriller, nesse sentido, se distingue de experiências mais as ousadas e menos acessíveis, como alguns filmes de David Lynch, por exemplo, já que Christopher Nolan dá todas as ferramentas para que o enigma seja resolvido ao final. Lynch é o cineasta do sonho, já o diretor de Amnésia se mostra extremamente racional na fabricação de seus filmes. Ao brincar com as possibilidades da narração, Nolan faz com que uma história relativamente simples se transforme em um fenomenal exercício cinematográfico. 

O sucesso do projeto, no entanto, não seria possível sem o trabalho exemplar de montagem do filme, responsabilidade de Dody Dorn (indicado ao Oscar). O veterano montador faz, provavelmente, seu melhor trabalho no cinema. A ótima fotografia de Wally Pfister (parceiro habitual de Nolan) desempenha também um papel fundamental no longa. Outro que merece elogios é o subestimado ator Guy Pearce que tem um desempenho formidável, ao encarnar um personagem extremamente desafiador. Pearce impressiona tanto no aspecto físico, nas cenas de ação, quanto nas sutilezas de sua interpretação, tornando seu personagem trágico e verossímil. Carrie-Anne Moss (conhecida pela série Matrix) e Joe Pantoliano também são duas forças do elenco, com atuações marcantes.

O final (início) de Amnésia é magistral e surpreendente. Quando repensamos o filme, nos damos conta de alguns indícios que o longa nos apresentou. SPOILER: O mais significativo deles é a breve cena que mostra Sammy Jankis sentado no hospital psiquiátrico e que, após a passagem de um personagem na frente da câmera, é substituído por Leonard. 

Amnésia é um thriller que explora ao máximo a capacidade do cinema de se reinventar e de brincar com seus próprios recursos. Inteligente e instigante, o filme merece ser visto mais de uma vez. 




2 comentários:

  1. Filme maravilhoso. Nolan se comprovou com grande aqui. A falta de linearidade, Guy Pearce, tudo está perfeito. E o melhor, para mim, é o roteiro incrível.
    Abraços!

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  2. Uma obra-prima ao contrário, um filmaço, alias qual do Nolan não é um filmaço, provavelmente só "Insonia" todos os outros são excelentes filmes ;)

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