terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma rua chamada pecado - 1951

A peça de teatro do americano Tenessee Williams A streetcar named desire foi adaptada para o cinema pelo diretor Elia Kazan em 1951, com quase todos os mesmos atores que atuaram nos palcos americanos nos anos anteriores. A principal diferença é a substituição de Jéssica Tandy por Vivien Leigh, a estrela do maior filme americano já realizado até então, E o vento levou. A inglesa já tinha atuado na peça de Willams nos palcos londrinos sob a direção do maridão Lawrence Olivier. Rumores dizem que a substituição não foi muito apreciada pelos outros atores. 

Vivien Leigh era reconhecidamente uma atriz bem difícil de se trabalhar. Já em E o vento levou, ela teve inúmeros problemas com Victor Fleming. Sua personalidade forte, seus graves problemas psicológicos (diz-se que ela era bipolar e depressiva) tornaram-na uma atriz pouco querida pelos diretores. Após viver a heroína antipática (mas que eu adoro) Scarlett O'Hara e alcançar a glória em 1939, ela não se transformou numa estrela hollywoodiana como muitos poderiam prever. Ela se voltou para o teatro, ganhando até mesmo um Tony. Seu  segundo grande papel nos cinemas foi em Uma rua chamada pecado (nota-se que a tradução do título em português é bem insatisfatória, a troca de desejo por pecado tem o dedo da censura).

O filme, meu preferido do Kazan, não se resume à uma peça filmada, ele transborda sensualidade e estilo. A trilha sonora jazzada de Alex North, é quase erótica, uma das trilhas mais interessantes da história do cinema. A censura fez com que fosse tirada da peça a menção à homossexualidade do marido de Blanche, mas isso de maneira alguma compromete esse clássico do cinema. Todos os 4 atores principais do filme concorreram ao Oscar, os 4 mereciam, 3 ganharam. O único a não ganhar, Marlon Brando, é, ironicamente, o mais lembrado hoje ao se falar do filme. Kim Hunter e Karl Malden estão fantásticos em seus papéis de coadjuvantes. Marlon Brando inaugura um novo jeito de atuar, realista ao extremo. Sensual e bruto, seu Stanley Kowalski, é uma revolução no cinema. À sua composição realista se opõe o brilhantismo da teatralidade de Vivien Leigh, frágil e trágica como Blanche Dubois. O embate dessas duas atuações é um show a parte. Brando chegou a reconhecer que Leigh era melhor do que Tandy ao afirmar que a atriz era a própria Blanche.

Fato é que atriz e personagem tem muito em comum, ambas levadas à loucura... o que torna esse filme ainda mais instigante.

Cena mais famosa: 



Cena que eu mais gosto: (uma das) 






3 comentários:

  1. Leleo,
    realmente este é um grande filme. E sua crítica é rica em detalhes e traz informações que o grande público não sabe.
    E cá pra nós, mesmo sendo chata, eu tb sou fã da Vivian, nos dois filmes que você citou!
    Já estou ansioso pela próxima crítica!
    Parabéns pelo blog... muito bacana!
    Tibilinha

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  2. Oie!! Amei o blog o comentário, enfim tudo. Estou ansionsa aguardando o próximo post. Bjus

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  3. Oi Leo,
    adorei a idéia,vou acompanhar tudinho. Sucesso! Beijo
    LENA

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