sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Tão Forte e Tão Perto - 2011

Título original: Extremely Loud and Incredibly Close
Lançamento: 2011 
País: EUA
Direção: Stephen Daldry
Atores: Tom Hanks, Sandra Bullock, Thomas Horn, John Goodman, Max von Sidow.
Duração: 129 min
Gênero: Drama
Estreia no Brasil: 24 de fevereiro

O estreante Thomas Horn interpreta Oskar Schell em Tão Forte e Tão Perto

Como descrever Oskar Schell, protagonista de Tão Forte e Tão Perto? Irritantemente inteligente, precoce, inflexível, teimoso, curioso, racional, aventureiro, medroso, estranho, genioso, meticuloso, sensível, cheio de manias, paranoico, autoritário, antissocial, detestavelmente adorável. Como descrever a performance de Thomas Horn, intérprete de Oskar? Extraordinária, fora de série, surpreendente, comovente, de tirar o fôlego, impressionante e uma das melhores de 2011. Toda essa empolgação não é injustificada (prometo). Tão Forte e Tão Perto é o primeiro trabalho no cinema desse garoto de 14 anos e, se o mundo fosse justo, ele estaria concorrendo ao Oscar de Melhor Ator neste ano e ainda seria um dos favoritos a levar a estatueta para casa. Mas quem precisa do reconhecimento do Oscar ou de qualquer outra premiação quando se é tão jovem e promissor? 

Comecemos pelo começo. Tão Forte e Tão Perto é apenas o quarto longa-metragem do diretor inglês Stephen Daldry. Mesmo tendo um currículo ainda curto, amor da crítica é o que não falta ao cineasta de 50 anos. Daldry foi indicado três vezes ao Oscar de Melhor Diretor pelos seus três primeiros filmes. Mas não é só isso: seus três últimos filmes foram indicados ao prêmio principal. Quando a maioria de nós pensava que ele não seria lembrado na lista final da Academia, este ano, eis que Tão Forte e Tão Perto abocanha uma inesperada indicação a Melhor Filme. É uma pena, no entanto, que os votantes da Academia tenham sido tão econômicos com o filme, lembrando-se dele em apenas duas categorias (Filme e Ator Coadjuvante). Mas chega de falar de Oscar! O importante é que depois de dois grandes filmes, Billy Elliot (2000) e As Horas (2002) e um apenas bom, O Leitor (2008), Daldry volta com tudo, em um filme exemplar, provando que errar não é com ele. 

O roteiro do novo filme de Daldry é de responsabilidade do veterano Eric Roth. Alguns dos trabalhos anteriores do roteirista são: Forrest Gump (1994), O Informante (1999) e O Curioso Caso de Benjamin Button (2008). Em Tão Forte, Tão Perto, Roth adapta o romance Extremely Loud and Incredibly Close do escritor americano Jonathan Safran Foer, publicado em 2005. O filme, assim como o romance, é centrado em Oskar Schell, garoto de nove anos, cujo pai morreu no atentado de 11 de setembro às Torres Gêmeas. Schell era extremamente apegado ao pai, Thomas (Tom Hanks) que incentivava o interesse do menino pela aventura, pela ciência e pela pesquisa. Um ano após a morte de Thomas, Schell encontra uma chave entre os pertences do pai e inicia uma exaustiva peregrinação para descobrir o que ela abre. 



A busca de Schell pelo segredo do pai é uma tentativa do garoto de adiar o enfrentamento da perda. O menino, que sempre surpreende o espectador pela sua perspicácia e pelo seu raciocínio lógico, tem plena consciência que sua aventura é uma maneira de adiar uma inevitável "separação", ou seja, enquanto ele estiver envolvido com sua missão, não precisará "despedir-se" do pai. A jornada pessoal de Schell é essencial para que a criança aceite a perda, supere a dor e consiga viver com uma culpa que o atormenta. O belo e eficiente roteiro de Eric Roth acerta ao construir sua narrativa através do ponto de vista da criança, que assume também o papel de narradora no filme. Mesmo que o protagonista não corresponda à ideia de criança adorável (e ele é capaz de dizer coisas cruéis e ser bem desagradável), o espectador acaba por se familiarizar com o menino, conseguindo compreender suas motivações e enxergar suas limitações e qualidades. O roteiro de Roth não apenas permite que criemos um vínculo com o personagem principal, mas também que tenhamos acesso ao seu universo dominado pela lógica e pela razão. 

Daldry mergulha no universo infantil com a mesma sensibilidade que havia demonstrado em Billy Elliot. O diretor dá à narrativa o dinamismo de uma aventura, mas consegue, ao mesmo tempo, explorar cada nuance da personalidade do protagonista, assim como o potencial dramático da história. Mesmo revelando-se por vezes sentimentalista, o filme jamais se torna sentimentaloide. E é interessante perceber que Daldry contorna as armadilhas, evitando cair na pieguice e no melodrama. Impressionam também a decupagem do filme, o capricho da direção de arte e a bela fotografia. 

Outro ponto forte do filme é seu elenco. O já citado Thomas Horn demonstra uma maturidade cênica impressionante. O ator estreante está em praticamente todas as cenas, interpreta um personagem delicado e difícil e, mesmo assim, carrega o filme nas costas. Outro destaque é Sandra Bullock, numa das performances mais maduras e interessantes de sua carreira, o que prova que ela vêm evoluindo cada vez mais, saindo da sua zona de conforto que é a comédia. O maravilhoso e veterano ator sueco Max von Sidow, indicado ao Oscar por sua atuação no filme, não profere uma só palavra durante o filme, mas constrói um dos personagens mais instigantes da história. Daldry ainda se dá ao luxo de usar nomes de peso em participações especiais: Viola Davis (que tem uma cena linda), John Goodman e Jeffrey Wright têm pouco tempo de cena. Já Tom Hanks, que dá vida ao pai de Oskar, não faz muito mais que o usual, mas sua persona cai como uma luva para o papel. 

Tão Forte e Tão Perto me surpreendeu. O que poderia ser mais um drama lacrimejoso sobre uma das maiores tragédias da história norte-americana, revela-se um filme delicado, intenso, mas que foge da autocomiseração e do sensacionalismo. É interessante como o longa-metragem afronta corajosamente o atentado de 11 de setembro, ainda tão sentido pela sociedade americana. Ao final, Tão Forte e Tão Perto revela-se uma fábula sobre o luto, o crescimento e a aceitação da perda. 

Assista ao trailer:



5 comentários:

  1. Não estava animada para ver esse filme, mas depois dessa crítica já tô ansiosa para assisti-lo... adorei!

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  2. Não amei o filme, mas é melhor que O Leitor. O ator principal é ótimo.

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  3. Apesar da dupla central desprezível (ninguém, merece Bullock e Hanks, e juntos é de matar), estou ansioso para ver esse novo Daldry.

    Cumprimentos cinéfilos!

    O Falcão Maltês

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  4. Gostei muito de sua crítica, quero muito, mas muito mesmo ver esse filme. Sou muito fã de Daldry. Tenho, inclusive, os cartazes de seus outros filmes em casa. É bom ler uma crítica positiva nesse mar de depreciações que tem sido "Tão forte e tão perto".

    Abraço

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  5. Sou um apaixonado pelo cinema desde idos dos anos 80 ainda crinaça, hoje Raramente um filme prende, sempre antecipo os acontecimentos, falas etc.. hoje estava zapeando os canais e algo me prendeu na HBO já de cara comecei a prestar atenção ali eu não vi sandra Bullock, Tom Hanks, atores que adimiro só no final fui prestando atenção nos outros personagens, filme magnífico.

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