sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Idi Amin e sua cinebiografia

Título original: The Last King of Scotland
Lançamento: 2006
País: Inglaterra
Direção: Kevin Macdonald
Atores: Forest Whitaker, James McAvoy, Kerry Washington, Simon McBurney.
Duração: 121 min
Gênero: Drama


 
Idi Amin figura, sem dúvida, na lista dos ditadores mais assombrosos de todos os tempos. Lista esta encabeçada por Adolf Hitler, de quem Amim era admirador. O ditador ugandense nasceu por volta de 1925, em Koboko. Ele tomou o poder em 1971, quando era comandante das Forças Armadas do país. Amin fazia parte da etnia kakwa e impressionava por sua força, altura e imponência (ele tinha 1.90m). Ele chegou a ser campeão de boxe na categoria de pesos-pesados nos anos 50. O déspota era conhecido por seu comportamento excêntrico, por suas mudanças constantes de humor, pelo seu espírito vingativo, violento e pelo seu ego inflado. Uma vez afirmou que era o “rei da Escócia”, chegando ao extremo de usar um Kilt (a saia masculina escocesa) em uma solenidade. 

Muitos mitos giram em torno de Amin, todos envolvendo barbáries. Dizem, por exemplo, que ele praticava canibalismo e que ele mantinha cabeças decepadas em sua geladeira. Fato é que o ditador foi reconhecido dentro e fora da África como sendo um dos maiores assassinos da história mundial. Na conta de Amin, recaem aproximadamente cem mil mortes. O genocida também foi responsável pela expulsão de 90 mil asiáticos do país (estes dominavam a vida econômica de Uganda). Em sua administração, ele rompeu relações diplomáticas com Israel e com o Reino Unido. Em 1979, ele foi deposto pela Frente Nacional de Libertação da Uganda e pelas forças do presidente da Tanzânia. Em 2003, Idi Amin morreu, aos 78 anos, na Arábia Saudita, onde ficou exilado. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. Um dia de festa em Uganda. 

O último rei da Escócia, filme do cineasta escocês Kevin Macdonald, acompanha a trajetória de Nicholas Garrigan, jovem médico recém-formado, também de nacionalidade escocesa, que viaja a Uganda para exercer a profissão e conhecer a realidade do povo africano, que o encanta. Nicholas é “descoberto” por Idi Amim, que acabara de tomar o poder no país e em quem grande parte da população pobre e carente depositava muitas esperanças. O ditador convida o sonhador rapaz para ser seu médico particular. Convivendo de perto com Amin, Nicholas aos poucos percebe que está sendo manipulado por um homem de caráter vil e violento. Ele vivencia a mudança que ocorre no governo “popular” de Amim, que logo começa a se transformar em um banho de sangue. 

Forest Whitaker tem a difícil responsabilidade de encarnar Idi Amin. O grande ator se sai, no entanto, muitíssimo bem criando um personagem sedutor, traiçoeiro, que se revela aos poucos monstruoso e perigoso. Por sua atuação, Whitaker ganhou o Oscar de Melhor Ator. James McAvoy interpreta o verdadeiro protagonista da história, naquela que é provavelmente sua melhor atuação. O jovem ator constrói um personagem sonhador, inocente, de boas intenções, que se vê preso em uma armadilha. 

O roteiro de Jeremy Brock e Peter Morgan (de A Rainha) peca apenas por incluir como um dos seus arcos dramáticos principais um romance inverossímil entre Nicholas e uma das esposas de Amin. O diretor Kevin Macdonald, por sua vez, que tem uma longa experiência como documentarista, faz um ótimo trabalho conferindo uma atmosfera tensa e inquietante à trama e retratando de maneira sensível a miséria no país africano. O último rei da Escócia é um retrato assustador de um dos mais perversos ditadores que já existiram.



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