quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Cena do Dia - Interlúdio (1946)

O Clube do Filme chegou a 40.000 visitas! 

Para comemorar este feito em grande estilo, vamos comentar, no post de hoje, uma cena inesquecível do cinema clássico hollywodiano.

 
Nossa Cena do Dia foi retirada de um dos filmes mais amados de Alfred Hitchcock: Interlúdio (1946). Estrelado por Ingrid Bergman e Cary Grant, o filme é uma bela história de amor e também uma ótima trama de espionagem. (Uma mistura irresistível nas mãos de Hitchcock!) Outra razão para gostar de Interlúdio, é que ele se passa no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro (apesar de que apenas algumas externas foram gravadas na cidade). No filme, Bergman é Alicia, uma espiã americana que se casa com um nazista para desvendar um misterioso sistema de tráfico de urânio, que seria utilizado para a fabricação de uma bomba atômica. Alicia trabalha para o agente Devlin (Cary Grant), por quem  se apaixonou perdidamente. Ele, obviamente, corresponde aos sentimentos da moça (como não se apaixonar por Ingrid Bergman?), mas uma série de quiproquos faz com que um duvide do que o outro sente. Alicia é uma personagem extremamente interessante. Filha de um nazista, cujos ideais ela repudia, a moça, que também é alcoólatra, vivia uma vida desregrada antes de conhecer Devlin e iniciar sua missão. Os grandes vilões da trama são Alexander Sebastian (o fantástico Claude Rains) e sua pérfida mamãe Mme. Sebastian (Leolpoldine Constantin). Alexander, com quem Alicia se casa, descobre eventualmente que ela é uma espiã e decide que precisa matá-la, mas sem gerar desconfiança. Para isso, ele vai envenenando aos poucos a esposa. A moça, que vai gradualmente definhando, descobre o plano do marido, na famosa "cena do chá". 





A questão do "saber" é muito importante no filme, ou seja, a cada momento um personagem sabe mais que o outro, posição que se alterna regularmente. Na cena do chá, finalmente, Alicia volta a ficar um passo a frente dos vilões, já que ela descobre que eles a estão envenenando, mas eles não sabem que ela sabe. A cena é brilhantemente dirigida. No início, a câmera focaliza a xícara de chá, acompanhando-a até chegar a Alicia, um detalhe dirigido ao espectador, que mostra o veneno e sua destinatária. Numa saleta da mansão de Sebastian, uma conversação se inicia entre Alicia e o médico; Sebastian e a mãe, também estão presentes. A taça, no entanto, está lá e sua presença é assustadora e angustiante. Podemos afirmar que ela é uma das protagonistas da cena. Hitchcock investe em planos em que ela assume quase toda a tela. Para conseguir este efeito, o cineasta mandou fabricar uma taça gigante! Em determinado momento, o médico se engana e pega a taça de Alicia. Os vilões acabam se denunciando através de suas reações. A heroína tem então a revelação que a deixa completamente transtornada. A partir de então, Hitchcock aposta na câmera subjetiva que revela olhar da personagem, alternando-a com planos sobre o rosto de Bergman. Vemos o que ela vê e também a vemos, uma visão "interna" e "externa" da personagem. A imagem distorcida, o jogo de luz e sombra, indicam a mal-estar da personagem. O som é abafado pela trilha sonora, que se torna mais e mais dramática. A interpretação de Bergman é tocante, transmitindo a fragilidade e o extremo sofrimento da protagonista. A sequência termina com a queda de Alicia. Uma belíssima cena, deste clássico do cinema. 

A cena se inicia às 07'34 do Vídeo 1 e termina às 02'03 do Vídeo 2:








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4 comentários:

  1. Parabéns pelo feito! Realmente incrível! E a cena também! O blog é um sucesso e será cada vez mais, assim desejo!!!

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  2. Caro Leonardo, boa tarde

    Estou conhecendo hoje seu espaço, que é impecável, e nos traz boas reminiscências. O filme aqui apresentado é um dos clássicos absolutos da Sétima Arte, dirigido por toda maestria por um grande Mestre. Parabéns.

    Cordialmente

    Paulo Néry

    http://articlesfilmesantigosclub.blogspot.com/

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  3. Olá! Seu espaço é merecedor da incrível marca de 40 mil visitas. E que maneira de comemorar: com um grande clássico de Hitchcock! Com Ingrid Bergman e Cary Grant, só poderia ser um grande filme!
    Abraços!

    http://criticaretro.blogspot.com

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