quarta-feira, 7 de março de 2012

Sete Dias com Marilyn - 2011

Título original: My Week with Marilyn 
Lançamento: 2011
País: Inglaterra / EUA 
Direção: Simon Curtis
Atores: Michelle WilliamsEddie Redmayne, Kenneth Branagh e Judi Dench
Duração: 99 min
Gênero: Drama
Estreia prevista no Brasil: 23 de março 


"As pessoas sempre vêem Marilyn Monroe. Assim que percebem que eu não sou ela, elas fogem!"

Michelle Williams dá vida a Marilyn Monroe

Em 1995, o cineasta inglês Colin Clark publicou The prince, the showgirl and me, um diário referente ao período em que trabalhara como assistente de direção no filme O Príncipe Encantado (1957). Em 2000, Clark publicou My week with Marilyn, livro que também aborda suas memórias sobre as filmagens do clássico, focalizando dessa vez sua suposta relação com a estrela Marilyn Monroe. Sete Dias com Marilyn é baseado nessas duas obras. O filme é o primeiro longa-metragem para o cinema de Simon Curtis, diretor inglês de 51 anos, que tem no currículo diversos trabalhos para a televisão britânica, além de uma vasta experiência como produtor. 

O roteiro de Sete Dias com Marilyn é assinado por Adrian Hodges que, a exemplo de Simon Curtis, construiu sua carreira na televisão. O filme aborda o turbulento período de filmagem de O Príncipe Encantado, comédia romântica inglesa dirigida e estrelada por Laurence Olivier e co-estrelada pela musa Marilyn Monroe. O clássico de 1957 foi o único filme da atriz feito fora dos Estados Unidos. Além de retratar a difícil relação entre Olivier e Monroe nos bastidores da gravação, Sete Dias com Marilyn revela as inseguranças da atriz, seus fantasmas, medos, dando especial atenção à íntima amizade que ela nutriu com o jovem Colin Clark. De origem abastada, o jovem de 23 anos consegue, após muita insistência, fazer parte da produção de O Príncipe Encantado. Não é difícil adivinhar que ele se apaixonará perdidamente pela exuberante e frágil atriz. 

Uma das melhores cenas do filme: "Should I be her?"
Marilyn Monroe é a estrela do cinema que mais despertou o imaginário e a curiosidade do público. Muito se especula sobre a sua vida, sua origem, sobre seus inúmeros casamentos, sobre seus famosos affairs e sobre sua misteriosa e prematura morte. Talvez nunca saibamos, de fato, quem foi a atriz, a mulher por detrás do mito que ela se tornou. Tudo com relação a Marilyn é superlativo: "a mulher mais famosa do mundo""uma das atrizes mais bonitas de todos os tempos""a mais sexy". A princípio, poderíamos imaginar que Sete Dias com Marilyn buscaria uma maneira de desmitificar a atriz, de aproximá-la de nós, meros mortais. O filme de fato parece tentar seguir este caminho, dando grande atenção à fragilidade emocional da moça. No entanto, seria errôneo acreditar que o longa-metragem pinte um retrato autêntico de Marilyn Monroe. Temos acesso apenas a uma interpretação ainda muito romantizada da personalidade da atriz. Talvez esse fenômeno se justifique pelo fato de que a história seja contada sob o ponto de vista de Colin Clark, que idealiza a celebridade e a coloca em um pedestal. 

A maioria das aparições de Marilyn (Michelle Williams) no filme são impactantes. A protagonista não entra em cena como os demais personagens, seu surgimento na tela é sempre realçado pela direção. É interessante observar como praticamente todos os personagens tem algo de importante a declarar sobre Marilyn, como se ela exercesse um fascínio extraordinário sobre eles. O "coro" do filme que canta repetidamente para personagem "você é maravilhosa, você é maravilhosa" parece não apenas tentar convencê-la de seu talento, como enfatizar para o espectador dos anos 2000 que a atriz era divina.Tais procedimentos vão em direção oposta a uma possível desmitificação. Além disso, o roteiro jamais vai a fundo nas motivações de Marilyn, não explorando efetivamente as razões de seus bloqueios, de sua insegurança e de seu sofrimento. Sete Dias com Marilyn revela-se, portanto, muito mais um filme sobre uma imagem que se tem de Marilyn Monroe e sobre o que ela despertava nas pessoas, do que uma tentativa de desvendar o mistério por trás do grande ícone que ela era.

Keneth Branagh interpreta Laurence Olivier
O grande problema do filme de Simon Curtis é o de não ousar sair do lugar comum, do previsível. Romantizando ao máximo a figura de Marilyn, assim como sua relação com Colin, o longa-metragem revela-se por vezes desnecessariamente meloso e melodramático. Se podemos repreender Curtis pelo caráter convencional de seu filme, temos que tirar o chapéu para a ótima reconstituição de época que ele faz (ao lado de sua equipe técnica), recriando, por exemplo, cenas do filme O Príncipe Encantado com perfeição. O trabalho de direção de arte, figurino e maquiagem do longa-metragem são impecáveis. Já a trilha sonora, apesar de bonita, peca talvez por ser excessivamente romântica, conferindo um tom ainda mais sentimentalista ao filme. 

O elenco de Sete Dias com Marilyn é um dos pontos fortes do filme. Muitos torceram o nariz para a escolha de Michelle Williams para o papel principal. A atriz Scarlett Johansson parecia a princípio uma opção mais adequada para o papel. De fato,Williams não tem o mesmo tipo físico de Marilyn, nem a mesma beleza. No entanto, a talentosíssima Michelle Williams consegue se transformar na estrela e captura a essência da persona de Marilyn Monroe: uma certa inocência que clama ao pecado. A atriz consegue conferir à personagem vulnerabilidade, melancolia e, obviamente, sensualidade. Há uma tristeza que escapa no olhar de Williams que é extremamente tocante, como se ela estivesse sempre pedindo por socorro. Já o promissor Eddie Redmayne, que protagonizou o perturbador Pecados Inocentes (2007) ao lado de Julianne Moore, convence aqui como o apaixonado e sonhador Colin. Kenneth Branagh, por sua vez, dá um show ao interpretar seu ídolo e mestre Laurence Olivier, captando os maneirismos do ator e sua postura altiva. O filme ainda conta com ótimas participações de Judi Dench, Julia Ormond e Zoë Wanamaker. 

Sete Dias com Marilyn não é um grande filme, mas também não chega a ser um fracasso, funcionando, sobretudo, como uma homenagem bem-intencionada ao magnetismo de uma das atrizes mais importantes de Hollywood. Talvez o grande defeito do filme seja o de ser esquecível, coisa que Marilyn Monroe nunca foi e nunca será. 



Assista ao trailer:





5 comentários:

  1. Filme muito sem gracinha... mas a Michelle Williams brilha.

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  2. Eu gostei do filme, é um bom divertimento, mas como vc disse é esquecível. Parabéns pela crítica!

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  3. Só eu acho a Williams feinha p interpretar Marilyn Monroe? Ela é talentosa, mas Monroe era deslumbrante de linda... Williams n chega nos pés.

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  4. Eu esperei para ler sua crítica após assistir ao filme. E confesso que adorei. Inesquecível. Hoje, não imagino o filme sem a Michelle Williams. Fantástica.

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  5. Quando soube da escolha da Michelle pro papel, realmente condenei totalmente a "tal escolha" e isso foi o que menos me incomodou no filme, apesar de achar que a mesma teve uma indicação equivocada ao Oscar, acho sua interpretação apenas boa e correta.

    Em relação ao filme em si, muitos falam em "desglamourização" da Marilyn, coisa que realmente não vi, apesar do filme mostrar uma Marilyn com problemas. O roteiro é fragil e ritmo do filme é em marcha lenta e como o termo mais adequado que já li sobre esse filme foi usado mais a cima foi repeti-lo "esquecível".

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