Lançamento: 2001
País: EUA
Direção: Richard Kelly
Atores: Jake Gyllenhaal, Holmes Osborne, Maggie Gyllenhaal, Daveigh Chase.
Duração: 113 min
Gênero: Drama/Terror/Suspense
Jake Gyllenhaal interpreta o personagem-título de Donnie Darko |
Richard Kelly tinha apenas 25 anos quando escreveu e dirigiu o seu primeiro longa-metragem, Donnie Darko (2001). O filme, que foi produzido com orçamento baixo para os padrões hollywoodianos (4,5 milhões de dólares), hoje carrega o status de cult, sendo considerado, por muitos, um jovem clássico. Ao contrário do que poderíamos imaginar, a carreira de Kelly não decolou e, em onze anos, o diretor lançou apenas dois longas-metragens, Southland Tales - O Fim do Mundo (2006) e A Caixa (2009), que não foram nem sucesso de público e muito menos de crítica. Em 2004, Richard Kelly lançou a versão estendida de Donnie Darko, fazendo a alegria dos fãs do filme.
Donnie Darko conta a história do personagem epônimo, um adolescente problemático que começa a se relacionar com um amigo imaginário, um coelho gigante e bizarro chamado Frank. Certa noite, Frank salva a vida de Donnie, atraindo o rapaz para fora de sua casa pouco tempo antes de uma turbina de avião cair justamente no quarto do garoto. Nessa mesma noite, o coelho revela em quanto tempo se dará o fim do mundo: 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos. O filme segue a passagem desse tempo, acompanhando os estranhos acontecimentos que ocorrem na vida do protagonista, suas visões e suas descobertas. A premissa do filme me fez lembrar um belo clássico de 1950, chamado Meu Amigo Harvey, em que o protagonista, interpretado por James Stewart, também estabelece uma relação com um coelho gigante imaginário. A semelhança entre os dois filmes limita-se a esse aspecto, mas seria interessante saber se Richard Kelly tinha o clássico em mente quando compôs o personagem Frank.
Frank |
Talvez o maior êxito de Donnie Darko consista na maneira com a qual o diretor-roteirista combina diferentes gêneros e estilos. O filme não deixa, por exemplo, de seguir o esquema "filme de adolescente" (quase gênero a parte no cinema americano). Nele, encontramos o adolescente problemático, o universo da escola, os valentões que atormentam e perseguem o protagonista, o primeiro amor, etc. Não somente o filme retrata o universo adolescente e faz uso de clichês do gênero, como parece veicular a própria jovialidade do seu diretor, que brinca com a linguagem cinematográfica, como que descobrindo a magia de se fazer cinema. Seria difícil imaginar Donnie Darko como um filme de um cineasta maduro, com uma idade já avançada. Revelando-se um desafio para qualquer classificação ou rótulo, o filme contém elementos do suspense, do terror e da ficção científica. Por fim, Donnie Darko pode, até mesmo, ser visto como um drama psicológico.
Nada é original em Donnie Darko. Podemos definir o longa-metragem como uma colagem ou um mosaico de referências. Encontramos, na trama do filme, ideias e temas já retratados em diversas obras, tais como: o fim do mundo, a viagem no tempo, a existência de múltiplas dimensões, a esquizofrenia. A mente criativa de Richard Kelly digeriu todas essas referências (provavelmente derivadas da sua própria cinefilia) e criou uma narrativa concisa, coerente e homogênea. Outro acerto do diretor é o de não optar pelo didatismo. Para Richard Kelly, o mais importante não é explicitar todos os mistérios da trama e, sim, deixar o espectador fazer a sua própria interpretação e fabricar suas especulações.
Donnie Darko é um personagem extremamente ambíguo. Será ele um adolescente perdido, que não consegue lidar com os males do mundo? Um garoto que teme a vida adulta, que se recusa a crescer? Um esquizofrênico? Um profeta, um ser iluminado? Um herói? De fato, podemos ver todas essas facetas na personalidade do protagonista. Grande parte do fascínio e encanto que Donnie exerce no espectador se deve à performance de seu intérprete, Jake Gyllenhaal. O ator tinha mais de 20 anos quando deu vida a Donnie Darko e não apenas convence como adolescente, como consegue transmitir toda a instabilidade do personagem e a ambiguidade mencionada anteriormente. O ótimo elenco é composto por outros nomes famosos como Maggie Gyllenhaal (irmã mais velha de Jake), Patrick Swayze, Mary McDonnell, Drew Barrymore e Jena Malone.
Richard Kelly confere uma aura de pesadelo a sua narrativa, flertando abertamente com a fantasia e com o sobrenatural. Os efeitos especiais do longa-metragem são simples, mas extremamente eficientes (o campo de força emanado do peito de alguns personagens lembra os efeitos especiais de O Segredo do Abismo, de James Cameron). Outro aspecto de Donnie Darko que não passa desapercebido é sua ótima trilha sonora, composta, em grande parte, por canções de bandas dos anos 80. A bela e minimalista versão de Gary Jules para Mad World, clássico de Tears for Fears, acrescenta um tom ainda mais melancólico ao final do filme. Donnie Darko talvez reflita o desajuste do mundo no início do terceiro milênio, com suas transformações, seus ataques terroristas e suas incertezas. O amor de tantos fãs e admiradores do filme é justificado (por mais que, particularmente, não compartilhe a mesma empolgação de muitos deles). Resta agora esperar que Richard Kelly confirme, um dia, o talento que demonstrou no seu primeiro longa-metragem.
Assista ao trailer:
Esse filme marcou minha adolescência. Seu texto me deu vontade de revê-lo.
ResponderExcluirAmo esse filme!!! E a trilha é fabulosa!
ResponderExcluirSaí do filme abismado. A trama está entre as mais bem construídas que já vi -- e tenho como a única a tratar uma viagem no tempo sem furos --, mas a produção é de um capricho invejável para uma produção que não contou com tantos recursos. Também espero um retorno do diretor -- achei seu A CAIXA bastante equivocado.
ResponderExcluirEsse filme em minha concepção é perfeito! Tanto que comprei o DvD! Indico!
ResponderExcluirPreciso ver esse filme...
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Nunca tinha ouvido falar nesse filme, deve ser mto bom, gosto muito do trabalho de Gyllenhaal, com excessão obviamente da lata de açúcar clichê O Dia Depois de Amanhã.
ResponderExcluirÓtimo Post,
Abração
Comprei esse filme hoje num sebo aqui na minha cidade.
ResponderExcluirVou assisti-lo o quanto antes.
Acabei de comprar este filme em blu-ray ele vem com duas versoes do filme super recomendo a versao do diretor esses alguns minutos a mais as vezes fazem a diferença mas claro me deixaram confuso no final estou procurando varias criticas para montar um proprio entendimento na minha cabeça adorei o filme solthland tales e a caixa sao meus preferidos tbm por deixar esse por que na cabeça. Super Recomendo
ResponderExcluirAcho que sou um dos únicos que, ou não entendeu mesmo o filme, ou que simplesmente não gostou. Mas seu texto é ótimo, Leo, parabéns!
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