Título original: Young Adult
Lançamento: 2011
País: EUA
Diretor: Jason Reitman
Atores: Charlize Theron, Patrick Wilson, Patton Oswalt e Elizabeth Reaser
Duração: 94 min
Gênero: Comédia/Drama
Estreia prevista no Brasil: 6 de Abril
Charlize Theron protagoniza Jovens Adultos |
Jovens Adultos é o quarto longa-metragem de Jason Reitman, diretor de 34 anos, que pode ser considerado um queridinho dos críticos americanos. O diretor e roteirista, indicado quatro vezes ao Oscar, ainda não se aventurou em outros gêneros além da comédia dramática, sua especialidade. Em Jovens Adultos, o diretor repete a parceria com a roteirista Diablo Cody, com quem fez o aclamado Juno (2007). O filme conta a história de Mavis (Charlize Theron), uma escritora de livros para adolescentes que está atravessando um período conturbado de sua vida. Divorciada e com problemas no trabalho, a quase quarentona descobre que o grande amor de sua adolescência acaba de ser pai. Subitamente, ela decide voltar a sua cidade natal para reconquistar o ex-namorado.
Às vezes, é interessante fazer uma análise comparativa de dois filmes que compartilham algumas similaridades. Não pude deixar de pensar em O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997) ao me deparar com o argumento de Jovens Adultos (2011). Em ambos os filmes, as protagonistas tentam reaver um amor do passado, "roubando-o" de suas atuais companheiras. Para reconquistar seus amores, Mavis (em Jovens Adultos) e Julianne (em O Casamento) saem de suas rotinas, realizam uma viagem até as cidades onde moram seus respectivos amados e cada uma delas conta com a sabedoria e os conselhos (na maioria das vezes ignorados) de um amigo-confidente. Diablo Cody, roteirista de Jovens Adultos e oscarizada por Juno (2007), provavelmente tinha noção de que estava se apropriando de uma ideia já transposta para o cinema anteriormente de forma muito bem sucedida. Jovens Adultos, feliz ou infelizmente, vai em direção oposta a O Casamento do Meu Melhor Amigo, revelando-se uma versão dark da comédia romântica de 1997.
Um dos pontos positivos do longa metragem de 1997 é o caráter adorável de sua protagonista. Apesar de seu plano maquiavélico de separar um casal feliz, Julianne conquista a simpatia do público que, em grande parte, torce a seu favor. Muito do charme da personagem principal vem do carisma de Julia Roberts e de sua divertida performance. Além disso, o roteiro faz com que nos identifiquemos com a personagem, mesmo tendo conhecimento de seus defeitos e de suas más ações. O mesmo não acontece em Jovens Adultos. Mavis, a protagonista, apresenta uma personalidade definitivamente detestável, que não é, em nenhum momento, aliviada pelo roteiro. Insensível, egoísta, imatura, inconveniente, alcoólatra, a protagonista revela-se repulsiva ao espectador. Provavelmente, a roteirista Diablo Cody esperava que amássemos sua personagem justamente por seus defeitos, o que seria essencial para que o filme funcionasse plenamente. No entanto, o máximo que conseguimos nutrir por Mavis é um misto de piedade, raiva e vergonha alheia. Por outro lado, Jovens Adultos não deixa de ser uma experiência minimamente interessante justamente por abordar, de maneira tão crua, o caráter de sua anti-heroína.
Outra diferença fundamental entre o filme de 1997 e o filme de 2011, é que, no primeiro, a protagonista tem chances reais de reconquistar o seu amado. Já em Jovens Adultos, fica nítido, logo no primeiro encontro dos ex-namorados, que não existe a mínima química entre os dois e que eles não ficarão juntos. E talvez essa seja mais uma das escolhas problemáticas de Diablo Cody: além de criar uma protagonista repulsiva, ela tira da história qualquer possibilidade de romance. E mais: Buddy Slade (Patrick Wilson), o interesse amoroso de Mavis, é extremamente desinteressante. Assim como é difícil acreditar que Buddy largaria sua mulher e filha para ficar com Mavis, não conseguimos entender o que esta vê naquele. Por fim, a última diferença entre os filmes é que se O Casamento do Meu Melhor Amigo é, efetivamente, uma comédia romântica, Jovens Adultos nunca consegue ser realmente engraçado, o que é bem ruim para um filme que é vendido como comédia. Jovens Adultos seria, a meu ver, um drama com toques de humor negro. Essa confusão genérica pode causar uma decepção ainda maior para o espectador.
O roteiro de Jovens Adultos revela-se incontornavelmente problemático quando nos damos conta de que o conflito central da trama é esvaziado de sentido, já que, de antemão, sabemos que Mavis não conseguirá o que quer. Poderíamos pensar: o que realmente importa na trama é o crescimento emocional da personagem. Durante todo o filme, o espectador se apega à possibilidade de redenção de Mavis. Mas eis que isso também não ocorre. Apesar de ser provavelmente mais realista e, nesse sentido, mais original, o final do filme revela-se incrivelmente frustrante. Cody peca também ao tentar justificar o comportamento lamentável de sua protagonista, revelando um trauma pouco convincente do passado da moça. O eventual envolvimento sexual entre Mavis e seu “amigo” Matt também é difícil de engolir, soando bastante forçado (a cena em si chega a ser deprimente).
Jovens Adultos se salva do naufrágio basicamente graças a duas performances. Charlize Theron faz um trabalho irrepreensível, conseguindo manifestar toda a confusão emocional e a sordidez de sua personagem. Ouso dizer que a atriz cria uma figura mais desprezível do que sua famosa personagem em Monster (2003). Afinal, mesmo sendo uma serial killer, Aileen Wuornos tinha algo de enternecedor. É interessante como a atriz se entrega a Mavis, fugindo do glamour e construindo uma personagem que se encontra em uma encruzilhada existencial e que parece à beira da insanidade. Mesmo que não gostemos da personagem, acreditamos nela. Já o ator Patton Oswalt encarna uma das poucas figuras simpáticas da trama, Matt. A história de Matt é trágica e Oswalt consegue transmitir, através de sua atuação, o tanto que seu personagem foi marcado pela dor e a que nível ele aprecia a companhia de Mavis. O filme melhora consideravelmente quando o ator está em cena.
Jason Reitman faz um trabalho extremamente convencional em Jovens Adultos, comprovando (pelo menos para mim) que é um diretor ainda bastante inexpressivo. Infelizmente, seu último filme não consegue agradar nem como comédia, nem como drama e apesar de Diablo Cody ser uma roteirista interessante, as peças de sua trama parecem não se encaixar. Mesmo assim, o filme consegue ser melhor do que medíocre graças ao retrato curioso e intenso de uma personagem detestável. Com certeza haverá quem goste mais de Jovens Adultos que de O Casamento do Meu Melhor Amigo. Eu já não tenho dúvidas: prefiro a história da romântica e desastrada Julianne à da desajustada e desequilibrada Mavis.
Assista ao trailer:
Eu esperava mais de Jovens Adultos. Gosto de Jason Reitman como diretor, ele tem um carreira curta, mas ainda não errou no cinema.
ResponderExcluirO problema para mim é o roteiro, esperava uma trama um pouco mais ácida. E Charlize Theron não me conquistou com sua atuação.
Mas ainda é uma das melhores comédias de 2011/2012, provando que não foi uma temporada muito forte para o gênero.
Nunca vi nada de mais em nenhum dois filme de Reitman. Esse Jovens Adultos é o pior deles!
ResponderExcluirTambém nunca vi talento em Reitman.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Eu gosto dos filmes de Reitman, por que ele traz comédias mais humanas, menos gags e mais inteligência. Sabe escolher bem os roteiros. Esse é o menos bom dele, mas acho que o que pode frustrar no filme é o foco. Pra mim, ele sempre foi um filme sobre a dificuldade de crescer e de lidar com o que sonhamos pra nós na adolescência e aquilo que, de fato, nos tornamos.
ResponderExcluirNão me incomoda que ela seja um personagem repulsivo, por que vejo que essa foi a proposta de Cody e ela atendeu a esse objetivo. Se a cena dela com Matt pode parecer forçada e pouco verossímil em alguns momentos, não a descarto completamente, pois, às vezes, a gente toma atitudes que soam inconsequentes e desastrosas.
Mas, no mais, adorei sua critica. Abração.
Theron está ótima no filme que até levanta alguns questionamentos pertinentes e tal, mas não vi nada demais em "Jovens Adultos", sinceramente.
ResponderExcluirAchei um filme mais ou menos.