sexta-feira, 29 de junho de 2012

Repulsa ao Sexo - 1965

Título Original: Repulsion 
Lançamento: 1965
País: Reino Unido 
Direção: Roman Polanski
Atores: Catherine DeneuveIan Hendry e John Fraser
Duração: 105
Gênero: Drama/ Thriller


Repulsa ao Sexo (1965) é o segundo longa-metragem da carreira do cineasta franco-polonês Roman Polanski. O filme é o primeiro volume da famosa "trilogia do apartamento", da qual também fazem parte O Bebê de Rosemary (1968) e O Inquilino (1976). Repulsa ao Sexo foi filmado no Reino Unido, sendo o primeiro filme em inglês do diretor, que viria a filmar também na França e nos Estados Unidos. O cineasta, que realizou apenas um longa-metragem em seu país, Polônia, teve uma vida marcada por traumas e problemas judiciais. Em 1969, sua esposa, a atriz Sharon Tate, foi brutalmente assassinada por membros da família Manson. Em 1977, o diretor foi acusado de abuso sexual contra uma adolescente de 13 anos, não podendo mais retornar aos Estados Unidos, onde fez dois de seus maiores clássicos: O Bebê de Rosemary e Chinatown (1974).

Repulsa ao Sexo apresenta uma forte influência do surrealismo, principalmente de obras do espanhol Luis Buñuel. O filme, que combina drama psicológico, terror e thriller de maneira magistral, conta a história de Carol (Catherine Deneuve), uma jovem belga que vive com a irmã num pequeno apartamento em Londres, onde trabalha como manicure. Apesar de atrair a atenção de muitos homens, entre eles, do apaixonado Collin (John Fraser), a bela moça parece ter aversão ao sexo masculino. Quando a irmã mais velha (Yvonne Furneaux) viaja com o namorado (Ian Hendry) e deixa Carol sozinha no apartamento, a sanidade desta começa a se desestabilizar e estranhos eventos acontecem. A exuberante atriz francesa Catherine Deneuve tinha apenas 22 anos quando deu vida a uma das personagens mais importantes de sua carreira.


Muitas das narrativas de Polanski são construídas sob uma atmosfera sombria, incerta e angustiante. O tema da paranoia é também relevante em sua filmografia, podendo ser verificado em alguns de seus filmes, como O Inquilino e o próprio Repulsa ao Sexo. Polanski sempre revelou um imenso fascínio pelas neuroses humanas. O roteiro de Repulsa ao Sexo foi escrito pelo diretor em parceria com Gérard Brach. Um dos maiores atrativos do filme é a construção da personagem central, uma figura que impressiona por sua fragilidade, seu ar alienado e perdido e, ao mesmo tempo, pela sua alta periculosidade. Polanski não se preocupa em dar justificativas sobre o comportamento de sua protagonista, que pode ter origem em algum trauma de infância, como um possível estupro. Uma coisa, no entanto, parece ser certa: qualquer que seja a origem precisa dos traumas da personagem, ela está relacionada ao sexo e à sexualidade.

Polanski retrata brilhantemente a vida psicológica da personagem, recriando suas alucinações e transformando os medos dela em imagens, através de belas sequências de inspiração expressionista e surrealista.  A intensa vida interior de Carol se contrapõe à sua personalidade aparentemente insípida e retraída. O filme nos permite ainda supor que a aversão da personagem ao gênero masculino e ao sexo é  fruto de um desejo mal resolvido, reprimido e que lhe causa pavor. A existência de um convento ao lado do prédio da protagonista e mesmo sua vestimenta (ela está quase sempre vestida de branco) parecem simbolizar a pureza da virginal personagem. Carol é confrontada ao apelo do sexo pela presença do namorado da irmã em casa, pelos ruídos de sexo durante a noite e pelo assédio de um pretendente. O coelho na trama, por sua vez, é quase uma metáfora da própria fragilidade da personagem, que se sente coagida pelos seus predadores. 


Repulsa ao Sexo é abrilhantado por uma sedutora fotografia em preto e branco, belíssimos enquadramentos e uma elegância ímpar na direção. Além de ser esteticamente primoroso, o filme conta com uma atuação impressionante da belíssima Catherine Deneuve, cuja composição em nada se assemelha às femmes fatales que interpretaria posteriormente. Deneuve expõe, de maneira eficiente, o desconforto, a alienação, a dificuldade de se comunicar da personagem. É interessante observar que, na foto de família, presente no apartamento, Carol se diferencia dos outros familiares. Ela aparece ainda criança, com um olhar perdido e em segundo plano. Esse já é um indício do caráter isolado e "especial" da personagem. É importante salientar também que Polanski cria uma personagem sexualmente atraente, que se recusa a ser um objeto sexual.

Angustiante e instigante, Repulsa ao Sexo é uma das primeiras obras-primas da belíssima filmografia de Roman Polanski. Esse thriller com toques de terror, é um clássico que explora as dimensões tortuosas da psicologia humana. 



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Assista ao trailer:



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