segunda-feira, 28 de maio de 2012

Na Estrada - 2012

Título Original: On the road
Lançamento: 2012
País: EUA
Direção: Walter Salles
Atores: Garrett HedlundSam Riley, Kristen Stewart, Kirsten Dunst, Tom Sturridge
Duração: 137 min
Gênero: Drama
Previsão de estreia no Brasil: 13 de julho 

“As únicas pessoas que me interessam são os loucos, loucos por viver, loucos por falar, loucos para serem salvos, sedentos de tudo ao mesmo tempo..."


On the road, romance de Jack Kerouac publicado em 1957, é considerado uma das obras literárias norte-americanas mais importantes do século XX. O romance, de forte inspiração autobiográfica, conta as aventuras de um grupo de amigos (jovens intelectuais, poetas) que atravessaram o território estadunidense como forma de celebração à liberdade. On the road é o produto mais marcante da Geração Beat, formada por um grupo de escritores do pós-Segunda Guerra, cujos estilo de vida e expressão artística eram baseados na experimentação, no uso de drogas, na exploração da sexualidade, na religião oriental e na rejeição ao materialismo. Vários cineastas se interessaram na transposição do romance para as telonas, entre eles Francis Ford Coppola, que comprou o direito de adaptação do livro, mas acabou por incumbir o brasileiro Walter Salles para a realização do longa-metragem. Na Estrada foi exibido na mostra oficial do Festival de Cannes no último dia 23 e teve uma recepção morna da crítica especializada. 

Coube a Walter Salles a responsabilidade de adaptar uma obra que possui inúmeros fãs, bem como a tarefa de transportar para o cinema todo o furor e poeticidade de On the road. Roteirizado por Jose Rivera (que já havia trabalhado com Salles em Diários de Motocicleta), o filme acompanha as aventuras protagonizadas por Sal (Sam Riley), Dean Moriarty (Garrett Hedlund) e Marylou (Kristen Dunst), assim como a intensa relação estabelecida entre esses jovens. A maioria dos filmes "de estrada", ou road movies,  se caracterizam por mostrar não apenas uma viagem, como também o autoconhecimento, o amadurecimento e o aprendizado proporcionados por essa experiência. O road movie revela quase sempre uma busca de si mesmo. Duas das maiores obras da filmografia de Salles são road moviesCentral do Brasil (1998) e Diários de Motocicleta (2004). Bastante familiarizado com o gênero, o diretor realiza uma de suas obras mais ambiciosas, mas cujo resultado final tende a dividir os espectadores. 

Jose Rivera tinha a difícil missão de criar uma estrutura narrativa que conseguisse reagrupar de maneira harmoniosa as diversas aventuras retratadas no livro, uma multiplicidade de acontecimentos e episódios esparsados em um período de três anos (1947-1950). O filme apresenta uma estrutura episódica preponderante, ainda que a ordem cronológica seja, em grande parte, respeitada. A opção do roteirista de incluir na narrativa episódios menos relevantes dramaticamente como o affair de Sal e Terry (Alice Braga) e o encontro com Old Bull Lee (Viggo Mortensen), assim como a inclusão de outros personagens secundáriosconfere ao filme um caráter ainda mais fragmentado, dilata sua duração e tira o foco de uma linha narrativa única centrada nos dois protagonistas masculinos. Outra característica da trama é a ausência de um grande conflito unificador. Trata-se, sobretudo, de um diário de viagens, alimentado por um estudo de personagens. O que alguns críticos chamaram de "sem direção" é provavelmente fruto da combinação de tais elementos. É provável que um filme mais enxuto, que focalizasse sobretudo o triângulo amoroso central, fizesse mais sucesso com público e crítica. Em compensação, excluir alguns acontecimentos presentes no livro não seria mutilar a expêriencia contada pelo narrador-personagem? 

Walter Salles traduz em imagens a essência da obra de Kerouac: a celebração da juventude, do espírito livre, da amizade e da arte. O diretor capta com maestria a alma rebelde dos protagonistas, fazendo com que o espectador mergulhe num universo dominado por um lirismo contagiante. Salles reconstrói, com auxílio de uma direção de arte e figurino impecáveis, uma América dos anos 40/50 que pulsa ao som efervescente do jazz. Merecem elogios a belíssima e eficiente fotografia de Eric Gautier e a ótima trilha sonora do experiente compositor argentino Gustavo Santaolalla, que já havia trabalhado com Salles em Diários de Motocicleta e que tem na estante dois Oscar's, por O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e Babel (2006). 

Na Estrada tem um grande elenco. Em meio a nomes mais famosos, Garret Hedlund revela-se a maior atração do filme. A atuação do ator de 27 anos é cheia de vigor, fúria e sensualidade. Hedlund confere  angústia e nervosismo existencial a seu personagem (Dean). O galã é mais conhecido pelo seu trabalho no mediano Tron - O Legado (2010). O inglês Sam Riley dá vida a Sal, narrador e personagem central do filme. Riley acaba sendo ofuscado por Hedlund não apenas devido à intensidade da atuação do colega, como pelo fato de Dean ser o personagem mais fascinante da trama, aquele que comanda a atenção do espectador e dos outros personagens. Kristen Stewart, ainda que tenha uma figura interessante na tela e protagonize cenas ousadas, definitivamente não convence como atriz. Sua xará, Kristen Dunst, ao contrário, prova, mais uma vez, o quanto se tornou uma atriz mais madura e interessante. Uma das melhores surpresas do longa fica por conta de Tom Sturridge, que vive o apaixonado Carlo e tem algumas das cenas mais tocantes do longa. Na Estrada conta ainda com as participações de luxo de Viggo Mortensen, Amy Adams, Steve Buscemi e Alice Braga.

Na Estrada não tem vocação para unanimidade. Muitos irão torcer o nariz para o filme, mas, definitivamente, o novo longa-metragem de Walter Salles encontrará fãs apaixonados. Por mais que reconheça que esse não é o melhor trabalho do diretor brasileiro, tendo a encarar o filme como um projeto bem-sucedido e, por vezes, inspirado. 


Assista ao trailer:




5 comentários:

  1. As paisagens parecem ser deslumbrantes... Tô louca p ver.

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  2. Gosto mto de Walter Salles, p mim o melhor diretor brasileiro... kero mto ver o filme. Pena que os críticos não amaram...

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  3. Que invejaaaaa... queria estar na França p ver tb...

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  4. Acho q o q pesou mais no filme foi a duração. mesmo assim quero muito assistir. o livro é demais!

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