Título Original: Mirror Mirror
País: EUA
Lançamento: 2012
Duração: 106 min
Direção: Tarsem Singh
Atores: Lily Collins, Julia Roberts, Armie Hammer e Nathan Lane
Gênero: Comédia / Aventura / Romance
Lily Collins dá vida a Branca de Neve em Espelho, Espelho Meu |
A mais nova moda em Hollywood parece ser resgatar contos de fada e fazer releituras "modernas". Depois do famigerado A Garota da Capa Vermelha (2011) sobre Chapeuzinho Vermelho, temos, no mesmo ano, dois filmes sobre Branca de Neve: Espelho, Espelho Meu (2012) e Branca de Neve e o Caçador (2012). E não pára por aí: já foi anunciada a adaptação de A Bela Adormecida para as telonas. O filme contará com a participação de Angelina Jolie. Um dos pioneiros na adaptação em live-action (com atores reais) de contos de fada para o cinema foi o francês Jean Cocteau, com A Bela e a Fera (1946). Foi, no entanto, através das animações da Disney que tais narrativas se popularizaram nas telonas, com Branca de Neve e os Sete Anões (1937), Pinocchio (1940), Cinderela (1950), A Bela e a Fera (1991), entre outros. Com a exceção do clássico de Cocteau, é difícil citar excelentes filmes em live-action que tenham abordado o universo do conto de fadas. Recentemente, Tim Burton se aventurou com Alice no País das Maravilhas (2010), mas o resultado foi menos interessante do que poderíamos esperar.
O primeiro dos filmes sobre Branca de Neve a ser lançado neste ano é Espelho, Espelho Meu. O longa-metragem foi dirigido pelo indiano Tarsem Singh, que, até então, havia realizado apenas 3 filmes na carreira, entre eles A Cela (2000). É interessante salientar que Singh parece ser especialista em obras de fantasia, já que todos os seus filmes pertencem a esse gênero. Inspirado no célebre conto dos irmãos Grimm, o roteiro de Espelho, Espelho Meu ficou a cargo de Jason Keller e Melissa Wallack, que também não possuem um currículo extenso ou expressivo. Tudo relacionado ao projeto nos levaria a crer que ele seria uma bomba homérica ou mais um filme medíocre. Eis, no entanto, que o filme se revela uma grata surpresa, ainda que não tenha nada de extraordinário ou inovador.
O filme se inicia com uma excelente sequência de animação que contextualisa a história. Mas como todo mundo já conhece a trama de Branca de Neve, seria necessário fazer com que algo saísse do lugar-comum. Este é o primeiro acerto do filme: criar um prólogo narrado por ninguém menos que a bruxa que, desde esse momento, revela ter um senso de humor bastante peculiar. É interessante observar que os roteiristas subvertem a história do clássico, acrescentando e transformando diversos elementos da narrativa, mas não a descaracterizando completamente. Keller e Wallack encontram espaço, em sua narrativa modernosa, para a maçã envenenada, para o espelho mágico, para os sete anões etc. Não deixa de ser curiosa a inversão de papéis que os autores operam na trama, fazendo Branca de Neve dar o beijo que retirará o feitiço do príncipe. Um relance de feminismo? Infelizmente, os roteiristas caem em inúmeros clichês aborrecidos, como a irritante tendência hollywoodiana de transformar toda mocinha em guerreira. Essa tendência talvez possa ser encarada como uma mudança na forma de representação das mulheres no cinema. Até mesmo a princesa de conto de fadas pode se defender sozinha, ou quase... Mas, enfim, eu divago.
O maior acerto do filme é investir na comédia e é nesse gênero que ele se mostra bem sucedido. Apesar de apostar na ironia e, por vezes, no tom parodístico, o filme resgata um tipo de humor leve e inocente que a tempo não se via no cinema. Obviamente os roteiristas utilizam a auto-derisão para zombar dos procedimentos do conto de fadas, algo que a série Shrek já havia feito de maneira mais inteligente. No entanto, a leveza da trama e a performance inspirada dos atores, fazem do filme um divertimento saudável. O filme, infelizmente, cai numa armadilha bastante comum. No último ato, consagrado às resoluções dramáticas, o filme fica formulaico e previsível . E quando o espectador pensa que tudo acabou, eis que Singh resolve homenagear suas origens e faz uma sequência musical à la Bollywood. Bisonho? Talvez. Constrangedor? Provavelmente. O filme, no entanto, te deixa de tão bom humor, que é provável que muito espectador saia do cinema balançando os ombrinhos ao som da musiquinha I Believe (in love).
Encabeçando o elenco, temos a estrela Júlia Roberts, no papel de vilã. Há alguns anos, a atriz não fazia algo digno de nota. Desde Closer, ela parece estar tendo dificuldades para encontrar bons papéis. Em Espelho, Espelho Meu, ela tem a oportunidade de brilhar e não a desperdiça. Roberts brinca e se diverte com sua personagem, que definitivamente não exige muito de suas habilidades artísticas. O carisma da atriz cai como uma luva para o papel da bruxa malvada e ela prova que continua com um ótimo timing cômico. O único problema com a personagem é o figurino e a maquiagem. A bruxa do clássico da Disney era muito mais atraente e bonita do que a encarnada por Julia Roberts e isso em 1937! A novata e promissora Lily Collins surge com suas grossas sobrancelhas no papel de Branca de Neve. A moça não chega a impressionar, mas não faz feio. Ela ainda nos remete a Anne Hathaway. Armie Hammer, descoberto em A Rede Social (2010), prova ser uma das grandes revelações masculinas dos últimos anos. O galã é um Brendan Fraser melhorado e se entrega completamente à comédia, surpreendendo. Nathan Lane surge mais uma vez engraçado, com suas caras e bocas habituais. Por fim, deve-se fazer uma menção aos atores que interpretam os anões, todos muito bons.
Ainda que não tenha gostado do figurino (e eu gostaria de saber o porquê da insistência com o amarelo gema), o filme apresenta um bom espetáculo visual, com uma fotografia eficiente e um bom uso dos efeitos especiais. A direção de arte é exemplar. No final das contas, Espelho, Espelho Meu é um entrenimento tão despretensioso que chega a ser um filme charmoso e divertido. Nesse sentido, ele acaba sendo superior a muitas outras comédias lançadas atualmente, já que diverte sem precisar apelar para a vulgaridade, escatologia ou coisas do gênero... E mais: acredito que o filme será igualmente atraente para o público infantil. Em suma, Espelho, Espelho Meu é um bom filme Sessão da Tarde.
Assista ao trailer:
Ótima crítica! Vou ver o filme nesse final de semana.
ResponderExcluirEu amoooooooo Julia Roberts! Ela está ótima nesse filme! É a melhor coisa do filme.
ResponderExcluirO filme é tão bobinho que chega a ser bacaninha...
ResponderExcluirOlá Leonardo! Tudo bem?
ResponderExcluirA sua crítica está tão envolvente que vou assistir ao filme, pois antes eu nem me daria o trabalho!
Só de pensar que o filme nos deixa de bom humor já é ótimo!
Realmente o figurino e os efeitos surpreendem.. fiquei curiosa e vou assistir!
Obrigada pela excelente dica!
Abraços!
Só vejo filme com a Julia Roberts quando realmente é inevitável. Considero o seu bocão anti-cinematográfico. Juro.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Saímos do cinema com as mesmas observações suas ( o final bizarro mas que gruda na cabeça, o figurino estranho, a cenografia, etc.
ResponderExcluirnosso último comentário foi: ÓTIMO FILME DE SESSÃO DA TARDE!
Adorei o filme e a crítica
Terei que ver, nao é? :-(
ResponderExcluiradorei tanto o filme, q repeti a dose! E a crítica está perfeita, Parabéns
ResponderExcluirPensei justamente o contrário de você, vi o trailer e achei que iria ser divertido mas, quando assisti, me decepcionei bastante.
ResponderExcluirNão achei engraçado e nada me encantou também.
eu jé assisti esse filme na escola é muito bom mesmo recomendo assistir,é uma comédia romantica,e cada vez mais emocionante{muito bom}.
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