Lançamento: 1965
País: Reino Unido
Direção: Roman Polanski
Atores: Catherine Deneuve, Ian Hendry e John Fraser
Duração: 105
Gênero: Drama/ Thriller
Repulsa ao Sexo (1965) é o segundo longa-metragem da carreira do cineasta franco-polonês Roman Polanski. O filme é o primeiro volume da famosa "trilogia do apartamento", da qual também fazem parte O Bebê de Rosemary (1968) e O Inquilino (1976). Repulsa ao Sexo foi filmado no Reino Unido, sendo o primeiro filme em inglês do diretor, que viria a filmar também na França e nos Estados Unidos. O cineasta, que realizou apenas um longa-metragem em seu país, Polônia, teve uma vida marcada por traumas e problemas judiciais. Em 1969, sua esposa, a atriz Sharon Tate, foi brutalmente assassinada por membros da família Manson. Em 1977, o diretor foi acusado de abuso sexual contra uma adolescente de 13 anos, não podendo mais retornar aos Estados Unidos, onde fez dois de seus maiores clássicos: O Bebê de Rosemary e Chinatown (1974).
Repulsa ao Sexo apresenta uma forte influência do surrealismo, principalmente de obras do espanhol Luis Buñuel. O filme, que combina drama psicológico, terror e thriller de maneira magistral, conta a história de Carol (Catherine Deneuve), uma jovem belga que vive com a irmã num pequeno apartamento em Londres, onde trabalha como manicure. Apesar de atrair a atenção de muitos homens, entre eles, do apaixonado Collin (John Fraser), a bela moça parece ter aversão ao sexo masculino. Quando a irmã mais velha (Yvonne Furneaux) viaja com o namorado (Ian Hendry) e deixa Carol sozinha no apartamento, a sanidade desta começa a se desestabilizar e estranhos eventos acontecem. A exuberante atriz francesa Catherine Deneuve tinha apenas 22 anos quando deu vida a uma das personagens mais importantes de sua carreira.
Muitas das narrativas de Polanski são construídas sob uma atmosfera sombria, incerta e angustiante. O tema da paranoia é também relevante em sua filmografia, podendo ser verificado em alguns de seus filmes, como O Inquilino e o próprio Repulsa ao Sexo. Polanski sempre revelou um imenso fascínio pelas neuroses humanas. O roteiro de Repulsa ao Sexo foi escrito pelo diretor em parceria com Gérard Brach. Um dos maiores atrativos do filme é a construção da personagem central, uma figura que impressiona por sua fragilidade, seu ar alienado e perdido e, ao mesmo tempo, pela sua alta periculosidade. Polanski não se preocupa em dar justificativas sobre o comportamento de sua protagonista, que pode ter origem em algum trauma de infância, como um possível estupro. Uma coisa, no entanto, parece ser certa: qualquer que seja a origem precisa dos traumas da personagem, ela está relacionada ao sexo e à sexualidade.
Polanski retrata brilhantemente a vida psicológica da personagem, recriando suas alucinações e transformando os medos dela em imagens, através de belas sequências de inspiração expressionista e surrealista. A intensa vida interior de Carol se contrapõe à sua personalidade aparentemente insípida e retraída. O filme nos permite ainda supor que a aversão da personagem ao gênero masculino e ao sexo é fruto de um desejo mal resolvido, reprimido e que lhe causa pavor. A existência de um convento ao lado do prédio da protagonista e mesmo sua vestimenta (ela está quase sempre vestida de branco) parecem simbolizar a pureza da virginal personagem. Carol é confrontada ao apelo do sexo pela presença do namorado da irmã em casa, pelos ruídos de sexo durante a noite e pelo assédio de um pretendente. O coelho na trama, por sua vez, é quase uma metáfora da própria fragilidade da personagem, que se sente coagida pelos seus predadores.
Repulsa ao Sexo é abrilhantado por uma sedutora fotografia em preto e branco, belíssimos enquadramentos e uma elegância ímpar na direção. Além de ser esteticamente primoroso, o filme conta com uma atuação impressionante da belíssima Catherine Deneuve, cuja composição em nada se assemelha às femmes fatales que interpretaria posteriormente. Deneuve expõe, de maneira eficiente, o desconforto, a alienação, a dificuldade de se comunicar da personagem. É interessante observar que, na foto de família, presente no apartamento, Carol se diferencia dos outros familiares. Ela aparece ainda criança, com um olhar perdido e em segundo plano. Esse já é um indício do caráter isolado e "especial" da personagem. É importante salientar também que Polanski cria uma personagem sexualmente atraente, que se recusa a ser um objeto sexual.
Angustiante e instigante, Repulsa ao Sexo é uma das primeiras obras-primas da belíssima filmografia de Roman Polanski. Esse thriller com toques de terror, é um clássico que explora as dimensões tortuosas da psicologia humana.
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Uma das perguntas mais interessantes a se fazer com relação a E o Vento Levou é: quem é o verdadeiro autor do longa-metragem? Normalmente, o diretor é aquele a quem atribuímos a autoria de um filme, seu fracasso ou seu sucesso. Com o nosso filme, isso não funcionaria. Para começar, E o Vento Levou foi assumido por três diretores (o oficial, Victor Fleming - foto - e os não creditados George Cukor e Sam Wood) e nenhum deles conseguiu ter liberdade suficiente para imprimir ao filme sua visão da história e seu estilo. Isso se explica pelo fato de o produtor David O. Selznick ser extremamente intervencionista.
A partir do momento em que foi anunciada a adaptação cinematográfica do romance de Margaret Mitchell, houve uma participação massiva do povo americano no projeto, tamanha era a popularidade da história. Em uma pesquisa nacional realizada na época, Clark Gable (foto) foi escolhido como o favorito do público para encarnar o protagonista Rhett Butler. Gable, que declarou nunca ter terminado de ler o livro, estava receoso e relutante em interpretar o personagem. Além disso, o ator tinha contrato com a MGM e, de acordo com o studio system, ele não poderia fazer o filme, já que estava "preso" ao estúdio de Louis B. Mayer. Selznick, no entanto, negociou com o sogro e conseguiu com que Gable fosse emprestado, desde que em troca a MGM fosse encarregada pela distribuição do filme. Gable não tinha opção. Pressionado, ele aceitou ser o intérprete de Rhett Butler, mesmo temendo decepcionar o público.
Muito mais complicada e demorada foi a escolha da protagonista feminina, a (anti)heroína Scarlett O’Hara. Diversos nomes famosos foram cogitados, como o de Bette Davis. A atriz se mostrara extremamente interessada pelo papel, mas veio a recusá-lo, uma vez que seu empréstimo para o filme estava condicionado ao empréstimo de Errol Flynn como seu par romântico (e ela odiava mortalmente o ator). Paulette Goddard (foto à esquerda) foi a atriz que mais se aproximou de ser a escolhida de Selznick. O produtor havia gostado bastante do seu teste. Por temer a má repercussão do relacionamento de Goddard com Charles Chaplin, Selznick acabou por desistir dela.
Mais de 1.400 atrizes se candidataram ao papel e mais de 400 testes foram realizados. Myron Selznick, irmão de David, estava trazendo para os Estados Unidos o ator inglês Laurence Olivier para seu primeiro filme americano. Olivier tinha um caso com Vivien Leigh (foto à direita), atriz desconhecida nos Estados Unidos. Como o casal não queria se separar, a vinda de Leigh tornava-se necessária. Myron teve, então, a ideia de indicar Leigh para o papel de Scarlett. Ao apresentar a atriz ao irmão, ele disse: “Eis sua Scarlett!” David Selznick já havia visto alguns filmes da atriz e não havia se impressionado. No entanto, ele ficou encantado com o teste da inglesa. Boa parte do público repercutiu negativamente a escolha de uma atriz não americana para o papel de Scarlett O’Hara. Hoje em dia, é quase impossível pensar em outra atriz na pele da personagem icônica.
Muitos problemas interferiram nas filmagens de E o Vento Levou. Selznick exigiu diversas mudanças no roteiro, que acabou sendo escrito a cinco mãos. Paginas do script chegavam a ser reescritas no mesmo dia de sua filmagem. Para a direção do longa-metragem, o produtor convidara o amigo George Cukor. Após algum tempo de filmagem, Selznick o afastou da produção, afirmando não estar gostando do resultado. Cukor, conhecido por saber retratar com sensibilidade o universo feminino, tinha uma ótima relação com Leigh e Havilland, mas não se dava bem com Gable. O ator sentia que o diretor dava muito mais atenção às mulheres. No lugar de Cukor, que era homossexual, Selznick colocou Victor Fleming, que tinha a fama de machista, e que era amigo de Gable. Leigh e Havilland odiavam o novo diretor. Após brigas homéricas com Leigh, Fleming se afastou. Sam Wood foi então chamado, mas Selznick não gostou nada do resultado, sendo obrigado a chamar Fleming de volta para dirigir o restante das principais cenas.
E o Vento Levou estreou nos Estados Unidos em 15 de dezembro de 1939. O filme ganhou oito Oscars (Melhor Filme, Direção, Roteiro, Atriz, Atriz Coadjuvante, Direção de Arte, Fotografia e Montagem) além de dois prêmios especiais pelos avanços técnicos promovidos pelo longa. O filme continua a ser o campeão absoluto de bilheteria em termos de número de espectadores (202 milhões de ingressos vendidos*), superando, neste quesito, o campeão de arrecadação, o filme Avatar (2009), de James Cameron (61 milhões de ingressos*). E o Vento Levou sustenta, portanto, há 72 anos, o status de filme mais visto de todos os tempos nos cinemas. Muito ainda pode ser dito sobre ele, mas este é apenas o primeiro texto da nossa coluna e, com certeza, o clássico produzido por David O. Selznick aparecerá por aqui outras vezes.





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