quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)

Título Original: The Dark Knight Rises
Lançamento: 2012
País: EUA
Direção: Christopher Nolan
Atores: Christian Bale, Anne Hathaway, Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt, Gary Oldman, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Michael Caine
Duração: 164 min
Gênero: Ação

As estrelas de  BatmanO Cavaleiro das Trevas Ressurge
Não por acaso, O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012) se tornou o longa-metragem mais aguardado do ano. Após realizar O Cavaleiro das Trevas (2008), um dos filmes mais idolatrados dos últimos anos, apreciado tanto pelo público, quanto pela crítica, Nolan se estabeleceu como um dos jovens diretores mais importantes de Hollywood. No currículo do cineasta inglês de 42 anos, ainda é possível encontrar pérolas como Amnésia (2000), A Origem (2010) e Batman Begins (2005), primeiro filme da nova trilogia Batman. Responsável por dar uma dimensão muito mais sombria e densa à história do herói mascarado, Nolan se despede da franquia Batman em grande estilo, ainda que o capítulo final da trilogia se mostre falho em alguns aspectos e não supere seus antecessores. 

Roteirizado por Christopher e Jonathan Nolan (irmão mais novo do diretor), O Cavaleiro das Trevas Ressurge apresenta uma trama complexa, permeada por diversas intrigas e enriquecida por um grande número de personagens, alguns velhos rostos e outros "novatos". Um dos primeiros acertos dos irmãos Nolan é a decisão de iniciar o filme com uma sequência de tirar o fôlego, em que Bane (Tom Hardy), o grande vilão da história, nos é apresentado. Fugindo do didatismo, Christopher Nolan lança o espectador na ação desde o primeiro momento, nos instigando e provocando. A história se passa oito anos após a morte de Harvey Dent (Aaron Eckhart), cuja responsabilidade recai sobre os ombros de Batman. Dent se transformou em um mártir e sua imagem é utilizada na criação de uma política anticrimes que mantém Gotham City em paz. No entanto, a tranquilidade da cidade é perturbada quando o monstruoso Bane se revela uma verdadeira ameaça. Bruce Wayne, que desde a morte de sua amada se manteve recluso, é obrigado a vestir novamente o uniforme do Homem-Morcego para defender Gotham. No caminho do herói, ainda aparecem a perigosa Selina Kyle (Anne Hathaway) e a milionária Miranda Tate (Marion Cotillard). 

Christian Bale e Anne Hathaway em cena do filme.
A trajetória de Bruce Wayne é marcada por perdas e por superações. Nolan faz questão de mostrar um  herói ferido, machucado, envelhecido e humanizado. Ainda assim, o protagonista jamais deixa de ser admirável. O Homem-Morcego é vivido por Christian Bale com uma grande entrega, aliás, a mesma entrega que o ator costuma demonstrar na maioria de seus trabalhos. O ator se transforma fisicamente diante dos olhos do espectador, revelando a princípio um homem frágil e decadente, que aos poucos dá lugar ao exuberante e imponente herói com o qual estamos acostumados. 

Além de realizar cenas de ação espetaculares, como o esperado primeiro confronto entre Bane e Batman, Nolan cria sequências de suspense de arrepiar. Dentre elas, destaca-se a importante sequência que se passa em um estádio de futebol, em que o canto do hino nacional norte-americano serve para pontuar a tensão, manipulando as expectativas do público. Christopher Nolan ainda mostra sua maestria em construir narrativas cuja tensão vai se amplificando a medida em que a trama se desenrola, deixando o espectador cada vez mais inquieto e, por vezes, atônito. Os efeitos especiais são igualmente extraordinários, fazendo com que o apocalíptico ato final do filme seja ainda mais impressionante. Tecnicamente irretocável, o filme ainda conta com o trabalho genial de Wally Pfister, diretor de fotografia, que aposta em uma palheta de cores cinzenta e fria, conferindo uma aura triste e sombria à obra.

Não é difícil reconhecer que O Cavaleiro das Trevas Ressurge empalidece face ao seu antecessor de 2008. Além de não contar com um personagem tão impactante e carismático quanto o maravilhoso Coringa de Heath Ledger, o último longa da série não apresenta o mesmo pathos do anterior. Os protagonistas (e consequentemente o espectador) não atravessam uma jornada emocional que se compare àquela vivida em O Cavaleiro das Trevas. Em compensação, é um prazer rever Michael Caine, Morgan Freeman e Gary Oldman reprisarem muito bem seus personagens. Já o talentoso Joseph Gordon-Levitt  faz do policial Blake uma das figuras mais interessantes e simpáticas do longa-metragem. E o que dizer de Tom Hardy que, mesmo com uma máscara que encobre grande parte do seu rosto, consegue fazer de Bane um sujeito terrível e assustador? O trabalho vocal do ator é, por si só, impressionante. 

Christian Bale dá vida pela terceira vez ao herói mascarado. 
Infelizmente, chega a ser um pouco decepcionante o papel que a icônica Mulher-Gato, Selina Kyle, desempenha na trama. A bela Anne Hathaway consegue despertar nosso interesse como uma Mulher-Gato modernizada, mesmo tendo um sexy appeal menos evidente do que as versões interpretadas por Michelle Pfeiffer e Halle Berry. Assim, é uma pena que a Mulher-Gato de Hathaway não seja melhor desenvolvida pelo roteiro. Unidimensional, a personagem cumpre o papel de uma coadjuvante de luxo. Suas ações poderiam ser realizadas por qualquer outro personagem. Além disso, a química entre Selina e Bruce Wayne não chega a convencer em nenhum momento. Algo parecido ocorre com a personagem vivida pela atriz francesa Marion Cotillard. É difícil "comprar" o breve affair de Miranda e Bruce. Ademais, a personagem parece ser um peso morto na narrativa e mesmo a performance da atriz se revela pouco inspirada.

Christopher Nolan conseguiu inserir as aventuras do Batman num universo realista. Por isso, chega a incomodar algumas "forçações de barra" do roteiro. Soam pouco verossímeis algumas aparições do Homem-Morcego em momentos-chave do filme. Além disso, determinada reviravolta na trama parece digna de novela mexicana. O final escolhido para a trilogia também não me agrada. É interessante que o diretor deixe as portas abertas para uma possível continuação, que com certeza interessará ao estúdio, ainda que com outro diretor no comando. No entanto, seria mais interessante se Nolan optasse por conferir certa ambiguidade ao destino do protagonista, deixando cada espectador escolher no que quer acreditar.

A trilogia Batman comandada por Christopher Nolan provou ser uma das mais bem-sucedidas dos últimos anos. O diretor conseguiu criar uma obra adulta, madura e inteligente, fazendo jus ao icônico personagem dos quadrinhos. O terceiro capítulo é, no final das contas, o filme menos interessante da trilogia e, mesmo assim, um ótimo filme. 

Assista ao trailer:


8 comentários:

  1. Fiquei um pouco decepcionado com o filme. Tinha uma expetativa muito alta... Como você disse, ele é falho em alguns aspectos.

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  2. Filmaço, mas o segundo é mil vezes melhor.

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  3. Gostei da crítica. Tive as mesmas impressões quando vi o filme.

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  4. Que isso cara, é um baita filme, com suas falhas e tal, mas mesmo assim temos que analisar como um filme unico dividido em 3 partes. Julgar se esse é melhor ou pior é estranho, já que no primeiro e no terceiro os vilões são secundários no universo batman, por isso a unanimidade de achar que o segundo é o mais foda.
    Tirando isso ei achei um baita filme, e mais, esse terceiro é tão bom que te faz voltar nos outros dois sem ficar chato. Batman o melhor filme de herói de todos.

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  5. Ponto fraco para a Talia al Ghul de Marion Cotillard (isso é spoiler?), com direito a "momento-parem-tudo-que-vou-explicar-minhas-motivações", além de uma morte estilo Zorra Total - será que foi uma homenagem de Nolan à série sessentista?

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  6. Concordo com você em alguns pontos, vou ao que discordo. Achei o filme melhor do que Begins, claro que TDK (não só pelo personagem coringa, a atuação de ledger, mas tb pela história)continua sendo melhor. Gostei do fim, diferente dos quadrinhos ele conseguiu conter o crime organizado (falo do máfia através da lei dent) e achei bem merecida a sua aposentadoria ( pensei, isso nunca acontecerá nos quadrinhos, mas no filme Bruce pode ter um fim). E gostei da Selina Kyle, não achei unidimensional, pelo contrário era ela bem dúbia, leva sempre em consideração as suas vantagens, mas percebe as coisas e se mostrou uma boa pessoa, deu aquela ideia de criminosa desde a juventude (as várias prisões que Bruce viu na batcaverna), que quer recomeçar, mas acha difícil devido ao seu passado registrado e ficha corrida, ela age de forma ilegal, mas tem uma boa visão das coisas, e por isso ela queria apagar a sua ficha para ter uma chance de recomeço, assim como o coringa não mostrou a sua origem, mas acho que deixou um ideia da sua vida e pensamentos ( e bem durante as sessões -vi 3 vezes- percebi o publico bem animad com ela). Ahh, nunca gostei de terem transformado a ladra de moral dúbia mulher-gato dos quadrinhos em uma secretária antes ingênua e depois doida após o ataque do patrão e que por isso passa a agir de maneira sexy, ilegal e libertina ( isso é explicar as coisas? E bem transformaram uma das poucas personagem que não é em maluca) em Batman, o retorno (apesar de ter gostado desse filme tb, sou mais ele que Batman). E ahh, Batman treinou para chegar de surpresa, aparecer onde não é esperado, sumir quando não é, faz parte do treinamento de ilusão da liga das sombras, então não acho suas aparições forçadas não.

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  7. Acho que querer comparar com o segundo filme é covardia, eu tenho "O Cavaleiro das Trevas" como um filme perfeito e, em minha opinião "fecal", trata-se de um dos melhores filmes da década passada.

    Quanto ao desfecho da trilogia achei bastante digno, tem alguns pequenos problemas como você citou (enxerguei menos problemas do que você), mas ainda assim acho um filme excelente, um dos melhores de 2012.

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