sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Howard Hughes e sua cinebiografia

Título original: The Aviator
Lançamento: 2004
País: EUA
Direção: Martin Scorsese
Atores: Leonardo DiCaprio, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin, Cate Blanchett
Duração: 168 min
Gênero: Drama



Howard Hughes se notabilizou por diversos motivos: por seu trabalho como produtor e diretor de cinema, por seu exímio talento de aviador e por ser considerado, por muito tempo, um dos homens mais ricos do mundo. Hughes nasceu em 1905, no Texas, estado norte-americano. Sua carreira de produtor começou no final dos anos 20. Suas primeiras produções foram sucessos comerciais, com destaque para Dois Cavaleiros Árabes (1927), que ganhou o Oscar de Melhor Diretor (para Lewis Milestone). Hughes também produziu um grande clássico do cinema, o filme Scarface - A Vergonha de uma Nação (1932).

Em 1930, ele dirigiu seu primeiro filme, chamado Anjos do Inferno, com a bela Jean Harlow no papel principal. Nele, Hughes pôde reunir sua paixão pela aviação e seu amor pelo cinema. Durante a filmagem deste longa, aviadores profissionais se recusaram a fazer uma manobra arriscada em uma cena do filme. Não é para menos: três pilotos já haviam morrido nas filmagens. Hughes então decidiu fazer a manobra ele mesmo. Apesar de ter batido o avião, Hughes conseguiu filmar o que queria e sair são e salvo. Anjos do inferno, custou quase 4 milhões de dólares, sendo o filme mais caro a ser realizado até então. A produção não obteve nenhum lucro em seu lançamento. O segundo filme dirigido por Hughes, O proscrito (1943) teve inúmeros problemas com a censura, especialmente pela atenção que o filme dava ao busto da atriz Jane Russell (Hughes chegou a fabricar um soutien especial para atriz).

Hughes tem seu nome gravado na história da aviação: ele foi responsável pela quebra inúmeros recordes de velocidade. O milionário chegou a ter sua própria companhia aérea. Hughes também se tornou famoso por sua vida pessoal. Ele namorou ou teve affairs com muitas atrizes da Era de Ouro de Hollywood. Entre elas: Bette Davis, Ava Gardner, Olivia de Havilland, Katharine Hepburn, Ginger Rogers e Gene Tierney. Hughes morreu em 1976, aos 70 anos, a bordo de um avião (como não poderia deixar de ser). Sua morte foi decorrência de uma falência dos rins e desnutrição. Ao fim de sua vida, ele vivia recluso. Hughes sofria de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, cujos sintomas começaram a se fazer visíveis no início dos anos 30. 

A cinebiografia de Howard Hughes foi transposta para a telona por um dos maiores cineastas da atualidade, o grande Martin Scorsese. Scorsese é mestre em contar histórias de personagens “marginais” ou problemáticos. Muitos deles foram interpretados pelo seu maior astro, Robert de Niro. O diretor americano encontrou no jovem Leonardo DiCaprio, um novo protagonista e com ele já acumula diversos trabalhos, inclusive este O aviador. A estrela de Titanic (1997) não decepciona ao encarnar Hughes, com grande energia e sensibilidade. Versátil, perfeccionista, louco, brilhante, todas essas características estão presentes no Howard Hughes de Scorsese. O personagem vai adquirindo aos poucos contornos trágicos, já que passamos a ter acesso ao seu mundo de fobias, paranóias e compulsões, pulsões que ele não pode controlar.  E DiCaprio está impecável ao mostrar a gradativa decadência de seu personagem, ainda mais se levarmos em conta, o fato de ator ter de retratá-lo em diversas fases. 

Mas não é só de Leonardo DiCaprio que vive o longa. As atuações de Alan Alda, John C. Reilly, Noah Dietrich e de Cate Blanchett dão ainda mais brilho ao filme. Blanchett, em particular, faz um trabalho muito interessante e meticuloso ao interpretar a grande Katharine Hepburn. Por esta atuação, a atriz ganhou o Oscar de  atriz coadjuvante. Não se saindo tão bem quanto Blanchett, Kate Beckinsale não faz jus à diva Ava Gardner, numa atuação bem apagada. 

Um dos maiores êxitos do filme é sua fotografia (de Robert Richardson), direção de arte e figurino que, fenomenais, conseguem recriar a Hollywood dos anos 30 e 40. O preciosismo técnico de Scorsese faz com que o filme seja esteticamente deslumbrante. Além disso, Scorsese parece ter aproveitado a oportunidade de viver aquela época de ouro no cinema e nesse sentido, o filme não deixa de ser uma aula sobre uma parte importante da história da sétima arte. O roteiro de John Logan se vira muito bem ao contar mais de 30 anos de história, sem fazer com o filme torne-se muito episódico ou cansativo

Apesar de não se equiparar às melhores obras de Scorsese (Taxi Driver, O touro indomável, Os bons companheiros), O aviador é uma excelente cinebiografia, que com certeza está à altura do homem que a inspirou. 


Um comentário:

  1. Filmaço de Scorsese, DiCaprio sustenta muito o apelo dramático deste filme, mas os coadjuvantes estão muito bem, claro. Bela produção, grandiosa e roteiro que sabe percorrer bem a vida desse icone. Parabéns pelo post aqui!

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